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Análise: Pronty (Switch) nada com vigor em uma adorável jornada subaquática

Neste título de ação, os jogadores são desafiados constantemente por monstros marinhos e masmorras intrincadas.

Em um futuro distópico, o universo de Pronty se viu correndo sérios perigos diante da invasão de misteriosas criaturas oceânicas. Nesse contexto, o herói da aventura, um simpático robô azul, entrou em ação para salvar o dia, criando, assim, uma robusta experiência metroidvania que é capaz de agradar a jogadores de diferentes estilos. 

As águas do futuro

A cidade subaquática de Royla serviu de abrigo para a humanidade, que, em certo ponto de sua cronologia, teve de se mudar da superfície para o fundo do oceano. Isso foi possível graças aos avanços tecnológicos capazes de providenciar uma vida marinha protegida por instalações imponentes e diversos tipos de robôs guardiões. Certa feita, porém, essas estruturas foram atacadas por seres enigmáticos, entre eles mutantes hostis afetados pela poluição da água. 

Entra em cena Pronty, um pequeno robô azul que, na cutscene inicial, situada no ano de 2487, está prestes a começar o seu treinamento militar em uma região onde há muito tempo não se encontram resquícios de vida humana. Diante disso, o simpático protagonista passa a investigar se ainda existem civilizações e a lutar contra os mutantes que surgem em seu caminho. 

Em termos de progressão, temos aqui um metroidvania bastante tradicional, caracterizado por cenários bidimensionais que devem ser desbravados, em um mapa formado por pequenas seções temáticas interconectadas. Sem dúvidas, essa é uma das interfaces mais agradáveis da aventura, pois oferece momentos de exploração relaxantes e divertidos. 


Conforme avançamos com Pronty, também ganhamos novas habilidades que liberam caminhos inéditos e possibilitam a elucidação de detalhes da trama, que é intrigante e tem personalidade ao exibir seus acontecimentos no estilo de história em quadrinhos. Desse modo, o terreno é preparado para que a jogabilidade do título se desenvolva de maneira atraente.

Pronty e Bront, uma dupla pra lá de afiada

Além da movimentação de Pronty, que pode nadar para todos os lados ao longo dos cenários aquáticos, também dispomos da companhia de um querido peixe-espada chamado Bront. Esse funciona como a nossa grande arma durante a jornada, pois ele ataca os inimigos com velocidade mediante o uso do analógico direito do Joy-Con, que funciona como uma mira. 

Isso faz com que o título adquira traços de twin-stick shooter, garantindo embates intensos, seja contra chefões criativos, como tubarões gigantes com espadas afiadas e baiacus com espinhos explosivos, quanto contra inimigos normais, como peixes, ostras e plânctons. Desse modo, as batalhas figuram como um dos grandes diferenciais da campanha, destacando-se sobretudo por sua intensidade e exigência de uma performance com poucos erros. 

Ainda dentro dessa conjuntura, também há o fato de que o jogo desfruta de um engenhoso sistema de melhorias, que podem ser customizadas momentaneamente nos checkpoints. Essa mecânica possibilita a adaptação de diferentes estratégias de acordo com os desafios que estamos enfrentando, trazendo profundidade para a gameplay e também incentivando as explorações, dado que diversos upgrades coletáveis estão espalhados pelos cenários.

Sinto-me seguro em dizer que a jogabilidade de Pronty é eficaz no geral, sobressaindo-se também por conta de sua criatividade. Afinal, a ideia de utilizar um peixe-espada como comparsa é bastante única e garante personalidade ao título, que também vem a brilhar, naturalmente, com os seus belos visuais aquáticos.

Nadar para relaxar e esquecer dos problemas

É interessante notar como a jornada de Pronty e Bront consegue criar, de forma engenhosa, cenários bonitos e diversificados, mesmo diante da limitação de sua temática marinha. Essa qualidade também é agraciada pelos traços futuristas da trama, que cria cidades no estilo do mito de Atlântida, além de ambiências aquáticas naturais que, mesmo poluídas ou gravemente destruídas, têm o seu charme.

Junto ao inspirado design dos personagens, os visuais do título apresentam-se como uma de suas proezas mais salientes. Felizmente, as trilhas sonoras também não ficam para trás, pois são capazes de encantar com pacificidade, contribuindo para que o jogo seja relaxante, mesmo que, em alguns momentos, essa agradabilidade seja abalada por certos problemas.

Uma falha que pode ser apontada está no fato de que algumas batalhas de chefe são excessivamente longas e severas a ponto de destoar dos relaxantes momentos de exploração. Durante a jogatina, até temos a possibilidade de mudar o nível de dificuldade; porém, é comum que o ritmo da campanha, usualmente tranquilo, seja quebrado com embates compridos e exigentes, sobretudo em termos de precisão e pontaria.

É justamente essa característica que faz com que os controles no estilo twin-stick shooter possam se tornar cansativos e eventualmente desconfortáveis em longos períodos de jogatina, sobretudo no modo portátil do Switch. Para melhorar isso, penso que alguns recursos de jogabilidade dariam conta, como mira automática, maior tolerância para erros nos movimentos instantâneos e batalhas mais breves.

Por fim, há outro detalhe que, para mim, não foi necessariamente um problema, mas que merece ser mencionado: a linearidade da jornada. Para um metroidvania, Pronty tem uma progressão praticamente definida de maneira prévia, concedendo pouca variedade de caminhos durante a jogatina. 

Essa previsibilidade, afortunadamente, é compensada pelo fato de que a campanha dispõe de diferentes encerramentos conforme somos bem-sucedidos ou fracassamos em determinados desafios, um ponto positivo que ajuda a quebrar a linearidade. 

Ademais, isso, ao lado dos diversos coletáveis, como melhorias, diários e figuras, também garante um aumento no fator replay deste adorável jogo subaquático, mantendo-nos curiosos para saber o que irá ocorrer com a cidade de Royla mediante o nosso desempenho durante a saga.

Alegria no fundo do mar

A jornada de Pronty desfila com muito vigor no Switch, mesmo que eventualmente alguns de seus traços de gameplay tenham divergências em relação ao ritmo geral da obra. Diante de uma história intrigante e uma bela direção artística, este metroidvania projeta grandes maravilhas diretamente do fundo do mar, um local que frequentemente povoa o nosso imaginário com seus mistérios, e que agora ganha uma nova narrativa que é cheia de charme.

Prós

  • A jogabilidade no estilo metroidvania é agradável e divertida;
  • Pronty e Bront formam uma parceria afiada em um conceito criativo;
  • A história futurística de Royla é intrigante, o que incentiva as explorações;
  • Há muito charme nos visuais e nas trilhas sonoras;
  • Presença de coletáveis e de diferentes finais para a campanha.

Contras

  • Certas batalhas são excessivamente compridas e destoam dentro da gameplay;
  • Por exigir muita precisão, os controles twin-stick tornam-se desconfortáveis em jogatinas longas, sobretudo no modo portátil; 
  • No geral, a progressão é bastante linear, o que pode frustrar os fãs mais conservadores do gênero metroidvania.
Pronty — Switch/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Happinet Corporation

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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