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Análise: Planet Cube: Edge (Switch) se garante praticamente apenas com exigentes desafios de plataforma

No controle de um simpático cubinho aventureiro, salve seu planeta de uma invasão hostil.



Entre as diversas variantes dos jogos de plataforma, uma que certamente requer muita habilidade é o precision platformer, caracterizado por uma gameplay baseada em agilidade e precisão, com alta punitividade e pouquíssimo espaço para erros (Celeste que o diga).


Se neste momento da sua vida de videojoguinhos você está procurando um exemplar desta categoria, te convido a ouvir a palavra de Planet Cube: Edge, que aparenta ser apenas um platformer fofinho em pixel art, mas fica só na aparência mesmo — que, aliás, é bem charmosa, com seu esquema de cor minimalista em dois tons, no melhor estilo Game Boy clássico.

Sai, maluco, todo dia uma historinha dispensável num game de plataforma

Sem muita enrolação, vamos logo pra sinopse irrelevante do jogo: o planeta Cubo está sendo invadido por forças malignas, que buscam sugar toda a água dos pacíficos habitantes. Apesar de avançados tecnologicamente, os nativos não são um povo guerreiro, então eles imediatamente começam a fugir. Resta a Edge, um destemido técnico de laboratório, juntar seus equipamentos e partir para a ofensiva contra os invasores.




A essa altura da minha vida, já não fico mais surpreso que um platformer tenha uma trama tão rasa — afinal, o foco está na ação, não no enredo. Talvez caiba até uma discussão mais aprofundada sobre esse triste padrão, mas não vai ser nesta análise que eu vou descer pela toca do coelho.

Um roteiro redondinho para um universo cúbico

A fórmula básica do gênero é seguida à risca aqui: o titular cubinho precisa passar por um determinado número de fases recheadas de inimigos e perigos espalhados pelos cenários, com ocasionais batalhas contra chefões ao final dos trajetos. O protagonista está munido de uma pistola que dispara projéteis rápidos ou carrega uma massiva bola de energia atordoante, e pode ainda efetuar arranques (dashes) para se deslocar mais rapidamente.




O que faz a coisa toda valer a pena é o nível de dificuldade que o título da Sunna Entertainment oferece. Como eu falei no começo da análise, temos aqui um precision platformer, ou plataforma de precisão, subgênero pautado em movimentos rápidos e precisos, obstáculos que exigem muito reflexo e pontos de salvamento frequentes devido à dificuldade elevada.

Planet Cube: Edge preenche todos esses requisitos com sucesso. Se jogos assim são a sua praia, já vai se preparando para encarar trechos com janelas de tempo apertadíssimas para evitar ser atingido ou prolongados segmentos de fuga sem pausa para respirar. Não se espante se você quiser dar uma paradinha rápida após superar um obstáculo particularmente exigente, que te tomou um tempo considerável.

Aproveitando o gancho dos checkpoints, a parca quantidade de oito fases pode parecer pouco para uma campanha de aventura, mas elas compensam por serem bem extensas. Entra então a necessidade de o progresso ser marcado por salvamentos rápidos sempre que Edge adentra uma nova sala.

Quando o triunfo é a recompensa em si

Outra característica frequente dos precision platformers é a inserção de objetos coletáveis localizados em áreas ocultas ou de difícil acesso, representando uma camada extra de desafio para quem consegue lidar mais tranquilamente com os obstáculos obrigatórios da campanha.




Também vemos isso em Planet Cube, com um total de 112 disquetes com o rosto do protagonista, que se dividem em animações e artes dos personagens; áudios com as músicas do jogo; e clipes de vídeo com rascunhos das cutscenes presentes na campanha. O conteúdo pode ser visto a qualquer momento em uma galeria.

Se você almejar os 100%, recomendo MUITA atenção aos colecionáveis. Passe um pente fino para não deixar um único disquete, pois o tamanho de cada fase faz com que seja uma baita dor de cabeça ter que rejogar certas porções para procurar pelos objetos perdidos. Pelo menos não há a necessidade de rejogar um estágio inteiro nesses casos, basta recolher o item para obtê-lo permanentemente.

Feita essa ressalva, os desafios para pegar os objetos são sensacionais. Me senti constantemente instigado a completar cada um, a estar sempre atento para encontrar uma saída secreta que vai me levar a mais uma sala em que eu preciso executar uma série de manobras muito mais pela satisfação de triunfar do que pelo conteúdo do disquete em si.




Também preciso dizer o quanto o jogo bebe da fonte de platformers clássicos, inclusive que não necessariamente pendem para a vertente da precisão, sobretudo Super Mario World e a franquia Mega Man. Não tem como se pendurar em grades e não desejar que você pudesse dar uns cascudos em alguns Koopa Troopas do outro lado.

Esses cubos mágicos estão bem bagunçados

Mais difíceis que qualquer inimigo, chefão, roda cheia de espinhos ou coluna de canhões a laser são os vários bugs que eu encontrei em Planet Cube.

Alguns foram inofensivos e facilmente solucionáveis, como Edge ficar preso ao pé de uma escada ou o som do jogo inexplicavelmente sumir; outros foram bem mais severos, que eu não consegui resolver nem retornando ao último checkpoint. Nesses casos, perdi variadas porções de progresso, incluindo ter que recomeçar a fase toda de novo.




Considerando o tamanho dos estágios, repetir um trecho ou até mesmo o caminho inteiro é bem inconveniente. A frequência com que esses erros aconteceram chegou a ser tão inacreditável que algumas vezes eu preferi interromper a jogatina, pra não me frustrar ainda mais. Parece até que o produto não está terminado, e um patch para corrigir esses vacilos é mais que uma obrigação.

Ironicamente, uma experiência redondinha

Se você conseguir não se frustrar tanto com os bugs grosseiros, Planet Cube: Edge é um plataforma de precisão bem certeiro e satisfatório.

Suas oito fases recheadas de colecionáveis rendem boas horinhas de uma ação de alto nível, e caso não seja o suficiente, a conclusão da campanha desbloqueia novas dificuldades, com direito a uma variante sem checkpoints e um desafio de speedrun, que nos dá um período limitado de tempo para concluir cada estágio.




Um sistema interno de conquistas também está disponível, arrematando um pacote de conteúdo para um jogo que me surpreendeu positivamente ao tomar o rumo da dificuldade elevada dos precision platformers.

Prós

  • Um competentíssimo exemplar dos plataformas de precisão;
  • Um belo esquema de cor minimalista em dois tons, no melhor estilo Game Boy clássico;
  • Bebe com maestria da fonte de platformers clássicos, inclusive que não necessariamente pendem para a vertente da precisão, sobretudo Super Mario World e a franquia Mega Man;
  • Os coletáveis localizados em áreas ocultas ou de difícil acesso representam uma magnífica camada extra de desafio para quem consegue lidar mais tranquilamente com os obstáculos obrigatórios da campanha;
  • Bons conteúdos pós-game, na forma de novas dificuldades e um modo de desafio de tempo.

Contras

  • Bugs com diversos níveis de gravidade, chegando ao extremo de ser preciso recomeçar uma fase do início.
Planet Cube: Edge - Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Firestoke Games

Apaixonado por jogos desde criança, principalmente pela Nintendo. Seja Indie ou AAA, os videogames vão estar sempre no meu coraçãozinho, com um espaço especial para multiplayers!
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