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Análise: Bat Boy executa uma rebatida certeira no Switch, pelo menos quando não é atrapalhado por erros técnicos

Ao combinar super-heróis com uma criativa temática esportiva, esta aventura de ação estampa um carisma singular no console da Big N.

Para salvar os seus amigos de um vilão proveniente de outra dimensão, o estudante Ryosuke utiliza os seus talentos de beisebol no papel de Bat Boy, um estiloso super-herói. Assim, ele encara uma divertida jornada de plataforma que apresenta um interessante número de habilidades especiais, mas que também eventualmente desaponta por conta de erros visuais e crashes que podem comprometer o progresso do herói. 

Uma equipe de super-heróis que bate um bolão

A saga de Bat Boy se inicia com uma cena cinematográfica que nos apresenta Ryosuke, um aluno do ensino médio que adora jogar beisebol. Como referência, o jovem se espelha no próprio pai, que foi um jogador famoso desse esporte antes de desaparecer misteriosamente há mais de sete anos. 

Em sua escola, o protagonista é muito próximo de oito amigos, todos eles fãs das mais variadas práticas esportivas. Além desse interesse em comum, esses personagens contam com um segredo: durante a noite, eles se vestem em trajes de desportos e saem pelas ruas combatendo o mal como verdadeiros super-heróis. Nesses momentos, o nosso protagonista assume a alcunha de Bat Boy, uma vez que ele usa o seu taco de beisebol para derrotar os inimigos.

Certa noite, porém, a situação tomou um rumo inesperado quando esta legião de heróis foi surpreendida por Lord Vicious, um personagem de trajes roxos que misteriosamente surge de outra dimensão. Então, frente aos guerreiros, o antagonista fala que os heróis seriam perfeitos para participar de uma competição intitulada Torneio das Trevas.


Sem mais explicações, Lord Vicious usa os seus poderes para invadir as mentes dos heróis, levando-os para outra dimensão, com exceção de Bat Boy. Confuso, o protagonista decide seguir os passos do vilão e adentra um portal que o leva para a dimensão de Stratoss, onde ele conhece Garou, um pequeno pássaro que se torna seu ajudante. A partir de então, inicia-se uma jornada cheia de emoção para resgatar os heróis desaparecidos.

Desbravando Stratoss com (muitas) habilidades esportivas

Com progressão linear, a campanha de Bat Boy é composta por 12 estágios bidimensionais caracterizados por zonas de plataforma e inúmeros inimigos, que são, basicamente, adoráveis porquinhos com uniformes esportivos variados. Ao final de cada fase, temos um encontro com um de nossos amigos desaparecidos que, por conta da lavagem cerebral feita por Lord Vicious, nos atacam e assim propiciam batalhas frenéticas no melhor estilo final boss.

Nos estágios da campanha, Ryosuke deve usar o seu taco para golpear inimigos, rebater projéteis e performar habilidades estilosas. Entre elas, temos a possibilidade de realizar investidas velozes, lançar ganchos, criar bolhas de proteção e ataques nos quais lançamos o taco e ele permanece rodopiando no ar, permitindo-nos tomar impulso para saltar mais alto. Essas habilidades, por sinal, são ensinadas conforme resgatamos os nossos amigos, cujos movimentos especiais variam de acordo com os seus esportes temáticos. 

Essa se mostrou uma das principais qualidades do jogo, isto é, a sua ampla variedade de movimentos. No início, confesso que estava achando um pouco exagerado o excesso de habilidades, notando que algumas delas poderiam cair em desuso facilmente. Porém, mesmo que essa conjuntura realmente ocorra, é louvável o fato de que o título é capaz de criar um repertório extenso com estratégias variadas, que podem ser utilizadas de acordo com as nossas preferências.

Essa característica se torna ainda mais positiva ao considerarmos que Bat Boy é um jogo bastante desafiador. Entre zonas que exigem saltos precisos e a invasão de variados inimigos, há momentos em que a aventura se torna complexa e rigorosa. Em alguns pontos, isso é elevado a um nível de dificuldade muito próximo de se tornar desegradável, sobretudo quando os checkpoints não são generosamente distribuídos. Felizmente, essa não foi uma sensação recorrente e não chega a se tornar um problema.

Assim, Bat Boy se destaca com estágios meticulosamente estruturados, que inclusive abrigam diversos tipos de coletáveis, e um amplo repertório de movimentos que nos incentiva a criar diferentes estratégias. Mesmo sem trazer grandes inovações e sem apresentar uma trama profunda, a jornada é capaz de cativar no Switch, algo que é agraciado, também, por outras qualidades notáveis do título, como o seu estilo gráfico e a adesão à temática esportiva.

Uma rebatida para fora do estádio

De maneira notável, a aventura de Ryosuke apresenta uma bela pixel art que felizmente não adere contornos genéricos: enquanto os planos de fundo dos cenários são exuberantes, mudando de estilo de acordo com a temática de cada estágio, os personagens são criativos e garantem personalidade à obra. 

Isso evidencia a capacidade de Bat Boy incorporar a sua a temática esportiva com maestria, sobretudo quando se trata da criatividade das habilidades e a vestimenta dos heróis. Desse modo, o título acerta em cheio em suas escolhas conceituais, mostrando-se criativo e dinâmico, sem perder as raízes clássicas do gênero platformer. Porém, fica o alerta: isso não significa que o jogo não tenha problemas em sua performance, algo que pode acontecer com qualquer tipo de esportista.

O primeiro deslize que se manifestou em minha jornada foi quando, no terceiro estágio, fui atirar o meu taco para ele ficar rodopiando no ar. De forma inesperada, o objeto não retornou para a minha mão e prontamente desapareceu no cenário, o que se tornou um problema imenso, pois esse objeto era obrigatório para a progressão naquele trecho. Assim, não me restou nenhuma alternativa a não ser morrer para retornar ao último checkpoint.


Em seguida, no quinto estágio, algo ainda mais frustrante ocorreu: quando estava batalhando com o chefão, ou seja, no último desafio da fase, um crash congelou a tela por completo. Então, após reiniciar o aplicativo, infelizmente fiquei sabendo que teria de retornar ao início da fase, justamente em um estágio bastante difícil e consideravelmente extenso.

Esses erros, que voltaram a ocorrer em outros momentos, diga-se de passagem, compõem as minhas principais reclamações acerca de Bat Boy, dado que são falhas graves capazes de comprometer a nossa progressão. Ainda por cima, são problemas que aparentemente estão mais salientes no Switch, em comparação à edição lançada no PC. É uma pena, pois, enquanto as falhas não forem corrigidas por meio de atualizações, poderão prejudicar uma experiência extremamente divertida.

As aventuras desportivas do menino taco

Apresentando muita diversão no formato platformer, Bat Boy é uma surpresa agradável na biblioteca de indies do Switch. A despeito dos erros de desempenho que podem ser frustrantes por atrapalhar a progressão, há muita qualidade nesta aventura de ação, que acerta um verdadeiro home run com as suas criativas propostas que envolvem super-heróis esportivos.

Prós

  • A temática esportiva é original e bastante criativa;
  • Uma jornada que oferece um vasto repertório de habilidades;
  • Desafios intensos por meio de zonas de plataforma e batalhas frenéticas;
  • Belos visuais com uma pixel art charmosa;
  • A presença de diversos tipos de coletáveis aumenta o fator replay.

Contras

  • Alguns glitches visuais capazes de afetar a movimentação do protagonista;
  • Ocorrência de crashes frustrantes, inclusive em momentos importantes;
  • Certas habilidades podem cair em desuso rapidamente.
Bat Boy — Switch/PS4/PS5/XBO/XSX/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela X PLUS Games

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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