Jogamos

Análise: Mugen Souls (Switch) entrega um interessante sistema de combates, mas peca com respeito a trama

Acompanhe a jornada de Chou-Chou, uma garota com oito personalidades diferentes, em busca da conquista do universo.

Lançado originalmente para PS3 em 2012, Mugen Souls é um RPG desenvolvido pela Compile Heart. Recentemente, através da Eastasiasoft, o título recebeu uma versão para Switch e, embora possua uma trama que não consegue manter um bom ritmo ao longo de sua duração, apresenta um interessante sistema de combates.

Não é fácil se manter interessante apenas com o humor

Chou-Chou, uma garota que se autodenomina como “deus indiscutível”, deseja conquistar cada um dos sete mundos existentes. Para alcançar esse objetivo, ela conta com a ajuda de Altis, uma antiga demônia que reencarnou como anjo, e Ryuto, um servo e fã incondicional da protagonista.

Cada planeta de Mugen Souls possui um herói e um lorde demônio e, para se tornar a soberana, Chou-Chou precisa transformá-los em seus peões. Dessa forma, à medida que avançamos na trama, mais indivíduos entram para o nosso grupo. Lamentavelmente, o título não apresenta legendas em português, o que acaba agravando os problemas do roteiro.

A história pode dividir bastante as opiniões, pois se sustenta quase que unicamente no bom humor. Nesse sentido, há um elenco de personagens carismáticos que consegue divertir e prender a nossa atenção. Apesar disso, ainda que eu tenha dado gargalhadas em diversos momentos, achei algumas situações bem bobas e desinteressantes, o que gerou uma certa dificuldade em me manter engajado por tanto tempo.

A trama principal é relativamente longa (demorei cerca de vinte horas para concluí-la) e recheada de diálogos; no entanto, as informações mais importantes sobre esse universo, como as origens da protagonista e dos planetas, são mencionados e revelados apenas nos capítulos finais. Creio que os desenvolvedores poderiam ter tido um pouco mais de cuidado nesse aspecto, criando fagulhas de curiosidade ainda no início.

Um rico sistema de batalhas 

Em Mugen Souls, nossos heróis (ou vilões?) utilizam um navio voador para viajar pelo espaço. Esse veículo também funciona como uma espécie de lobby, onde, além de escolher a região para qual desejamos ir, podemos melhorar e comprar novos equipamentos, adquirir novas roupinhas visuais, acessar a função de banho, criar novos servos e entrar no Mugen Field, um sistema que explicaremos mais adiante.

Quem já jogou outras criações da Compile Heart, se sentirá familiarizado com a base de Mugen Souls, principalmente com os fanservices que envolvem a aparência e a vestimenta das personagens femininas. A casa de banho é o maior exemplo disso, permitindo que o jogador esfregue sabão nas meninas que estão de roupas íntimas. 

A jogabilidade funciona de maneira semelhante a de Death end re;Quest, outro título da Compile Heart, no qual andamos por um mapa feito de alguns corredores não muito grandes e podemos visualizar os inimigos se movendo. As batalhas se iniciam quando encostamos em um monstro, mas podemos acertar um golpe nele para iniciar o confronto com turnos de vantagem. Infelizmente, é meio complicado surpreender os oponentes, pois eles se movem rápido e o nosso ataque é lento.

Os danos causados em combates podem ser bem exagerados, tendo em vista que conseguimos aumentar bastante os níveis dos personagens e dos apetrechos, possibilitando a realização de golpes que ultrapassam a casa das centenas de milhares. Terminei o jogo com os heróis em níveis entre 100 e 110, mas mal arranhei a superfície do poder que Mugen Souls permite alcançar.

Embora as lutas aconteçam em turnos, conseguimos nos movimentar livremente pela arena. Além dos ataques normais, há um verdadeiro arsenal de habilidades que causam os mais variados efeitos, como altos danos, buffs e debuffs. Ademais, de maneira igualmente semelhante ao título mencionado acima, há uma função que, se ativada, permite ricochetear os oponentes pela tela.

Há uma dinamicidade durante as lutas, pois podemos trocar os quatro personagens titulares com os reservas em qualquer momento. Além disso, caso dois ou mais heróis estejam próximos, é possível realizar ataques em grupo. Dessa maneira, rebater os oponentes acaba sendo um modo de posicionar os indivíduos, possibilitando a criação de táticas.

Para finalizar sobre os combates, nos momentos finais da conquista de cada planeta, enfrentamos batalhas de navio, que funcionam como uma espécie de pedra, papel e tesoura. Apesar de elas envolverem certa sorte, é possível notar um padrão nas falas do adversário ou do Ryuto e, a partir disso, saber qual é o melhor movimento para escolher.

Muitas personalidades diferentes

Não são apenas os heróis e lordes demônios que podem se transformar em peões da Chou-Chou, mas qualquer criatura. Para isso, podemos utilizar o Moe Kill, um sistema que consiste em escolhermos dentre duas ou três opções de abordagens que a protagonista vai usar para tentar recrutar o adversário com o seu encanto.

Uma vez convencidos, os novos servos se transformam em Shampurus, uns bichinhos que se assemelham a coelhos. Quanto mais desses animaizinhos tivermos, mais poderoso se torna o nosso navio. Além disso, usar essa técnica aumenta o charme de Chou-Chou, ampliando a taxa de sucesso da sedução. 

Apenas derrotar os monstros também gera Shampurus, mas em uma quantidade muito menor. Dessa forma, o Moe Kill se mostra uma mecânica essencial para progredirmos no jogo, pois alguns confrontos de veículos podem ser bem difíceis, principalmente se a nossa embarcação não for tão poderosa.

Como poderia acontecer de algumas criaturas não se encantarem com a protagonista, ela consegue se transformar em outras identidades, mudando totalmente sua aparência e personalidade. Essas figuras também marcam presença na história e são responsáveis por alguns dos momentos mais cômicos. 

Essa mudança pode ser realizada em qualquer instante, seja na exploração ou no combate. Diante do comportamento diferente de cada uma das formas da Chou-Chou, devemos alternar constantemente entre elas, pois cada uma terá uma melhor eficácia contra um determinado tipo de adversário.

O Mugen Field recompensa os complecionistas

A partir de determinado ponto do jogo, desbloqueamos a possibilidade de adentrar no Mugen Field, um local composto por vários andares cheios de monstros. Conforme avançamos de área, inimigos mais poderosos aparecem, sendo este o maior desafio que o jogo possui.

Se aventurar no Mugen Field recompensa o jogador com pontos que podem ser usados para adquirir artes da galeria, aumentar os limites de level máximo dos personagens e dos equipamentos, fortalecer as habilidades e adquirir novas classes para criar peões. Nesse sentido, embora se trate de um conteúdo opcional, ele é um local essencial para os apreciadores de grinding e para aqueles que possuam um senso de complecionista.

Vale destacar que o jogo apresenta uma aba específica para visualizar os Shampurus e outra para ver os adversários derrotados. Assim, coletar todos os coelhinhos e vencer todos os monstros são mais um motivo para navegar pelo Mugen Field.

Apesar das ressalvas, vale a pena conquistar os sete mundos

Para finalizar, devo dizer que a aventura de Chou-Chou possui um desempenho um tanto estranho no Nintendo Switch. Digo isso, pois as transições da exploração para as batalhas acontecem de maneira rápida; no entanto, utilizar as funções do lobby geram longos carregamentos, além de haver uma queda de quadros difícil de ignorar enquanto caminhamos pelo navio.

Os fanservices e a narrativa quase que inteiramente de humor acabam fazendo com que Mugen Souls se torne mais nichado. Apesar disso, para os que não se incomodam com esses aspectos, há um sistema de combates rico e divertido, permitindo que o jogador alcance níveis imensuráveis de força e enfrente inimigos igualmente poderosos.

Prós:

  • Sistema de batalhas rico, com muitas opções de habilidades e equipamentos;
  • Os números de danos e níveis são elevados, permitindo que o jogador demore muito para atingir um limite;
  • Há diversos momentos engraçados, com muitos diálogos divertidos realizados por personagens carismáticos;
  • O Mugen Field premia os exploradores com maneiras de se fortalecer ainda mais e com lutas contra oponentes extremamente poderosos;
  • As diversas personalidades de Chou-Chou e o Moe kill criam mais variedade para a jogabilidade.

Contras:

  • A trama demora para apresentar alguns de seus conceitos mais importantes, fazendo com que os momentos que não são engraçados sejam desinteressantes;
  • Ausência de legendas em português;
  • Quedas de quadros e longas telas de loading acontecem nos momentos em que estamos no navio;
  • É difícil surpreender os monstros no mapa, pois o nosso golpe é lento e os inimigos são rápidos.
Mugen Souls — PC/Switch — Nota 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Eastasiasoft

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google