Especial Nintendo Switch Online + Expansion Pack: The Legend of Zelda (NES)

A origem de Zelda, além de ser uma divertida aventura, estabelece vários elementos presentes até hoje em Tears of the Kingdom e Breath of the Wild.

em 21/05/2023

Há 37 anos, The Legend of Zelda foi lançado no Japão. Hoje, mesmo depois de tantos anos, ainda podemos ver como sua essência foi estabelecida e é refletida nos jogos mais recentes da série, como The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom (Switch). Com diversos inimigos originários do primeiro jogo tendo evoluído e se tornado ícones da série com o tempo. Isso se aplica não somente à sua lore ou inimigos, mas principalmente ao grande sentimento de se ter um mundo a se explorar e segredos para se revelar, algo bem claro desde a origem da série no NES.

De acordo com Miyamoto, a ideia de Zelda surgiu a partir de suas memórias de aventuras na infância próximo a Quioto, explorando florestas, bosques e cavernas escondidas. O jogo foi feito para dar a sensação de ter um “jardim em miniatura em sua gaveta”, criando assim o efeito de fascínio e mistério de ter um mundo inteiro a se conhecer, levando ao que conhecemos hoje como “mundo aberto”, tão aclamado em títulos como o mais novo Zelda. Se você é fã da série, vale a pena jogar pela primeira vez ou até mesmo rejogar o título, disponível no serviço Nintendo Switch Online, pois é iminente perceber como a fundação de Zelda estava bem enraizada desde o seu primeiro jogo e vem apenas se aprimorando a cada novo lançamento.

Link, Zelda, Ganon e a Triforce

“Há muitos anos, o príncipe das trevas, Ganon, roubou a Triforce do poder. A princesa Zelda, que carregava a Triforce da sabedoria, a dividiu em 8 partes, como forma de esconder o item de Ganon antes que ela fosse capturada. Ache os 8 pedaços da Triforce, Link e salve a princesa!”
 
Enquanto essa é a premissa do jogo, seu manual traz mais detalhes, como menções a personagem Impa e contexto sobre a Hyrule dessa timeline, sendo sua leitura fortemente recomendada,caso tenha interesse no jogo além de um aspecto focado no gameplay. Entretanto, caso deseje apenas conhecer o título casualmente, também é totalmente aceitável apenas se jogar cegamente na aventura, assim como ele mesmo o faz ao entregar apenas uma espada ao personagem, alertando-o apenas para tomar cuidado. É bem interessante ver como os jogos de antigamente propunham emergir diretamente o jogador, deixando os tutoriais e uma história mais complexa, para seu manual.
 
Seus gráficos são sem dúvida os clássicos de Nintendinho, porém têm seu charme nostálgico, principalmente com seu sistema de rolagem das telas, permitindo uma transição rápida e fluida entre uma área e outra. Além disso, desde o primeiro jogo, a figura de Link já é bem definida, trajando seu chapéu verde e com as típicas orelhas pontudas dos hylian. As masmorras são vistas de um ponto de vista de cima para baixo, esse sendo mais uma das várias coisas que se consolidaram em jogos 2D da série.



O jogo é relativamente curto, sendo possível zerá-lo em poucas horas caso você saiba o que está fazendo. Tendo noção de onde ir e o que deve fazer, sua maior dificuldade será apenas conseguir sobreviver aos monstros do labirinto, o que não é de forma alguma uma tarefa fácil. E, caso deseje, também existe o modo Quest 2 em Zelda, que apresenta o jogo com diferentes designs de labirintos, dificuldade aumentada e segredos em novas posições.

Um novo mundo para se conhecer em 1986

Em minha experiência jogando The Legend of Zelda pela primeira vez em 2023, me impressionei com o tamanho de seu mundo. Com um mapa contendo mais de 120 áreas diferentes e ainda 9 masmorras, foi realmente espantoso pensar que um jogo tão grande existia logo na terceira geração de consoles. Não pude afastar a sensação de estar jogando um Tears of the Kingdom da época, com todas as suas limitações de hardware, porém ambições contemporâneas.

(Crédito: Rick N. Bruns via NES Maps)
 
Além do vasto mundo, percebi outras semelhanças com Tears of the Kingdom e Breath of the Wild (Switch/Wii U). Um exemplo óbvio  são os inimigos que se estabeleceram como ícones da série desde o primeiro jogo, como Octoroks, Keese, Stalfos, Like Like, Dodongo, Gohma, entre outros. Ainda, há também a reaparição de antigos monstros que estiveram presentes apenas em poucos jogos, incluindo os últimos dois títulos da série, como os inimigos Lynel e Gleeok, que ganharam um novo brilho nos dias de hoje.
 
Estranhamente, os Zoras, que inicialmente eram inimigos na série, como podemos ver no jogo, agora me alegra ver que eles ganharam uma promoção, indo de meros inimigos no mapa a uma nova raça, com toda sua cultura, ainda assim, é bem interessante ver sua origem diferenciada.



As semelhanças não param somente nos monstros ou na exploração, tão vasta e repleta de segredos que até mesmo ouso chamá-la de mundo aberto no Nintendinho, mas também está nos itens. Nesse aspecto, temos os clássicos como o boomerang, as bombas, os heart containers, o power bracelet, as fadas, as poções e a flauta mágica. Há também um item em forma de relógio que permite parar o tempo, o que nos leva a fazer um comparativo entre o primeiro Zelda e os dois jogos mais recentes, que também possuem mecânicas de parar o tempo, embora sejam executadas de forma diferente.

Um item icônico da série, o arco e flecha, apresenta um comportamento bem diferente neste jogo, e acredito que valha a pena ser comentado como curiosidade. Aqui, temos que obter o arco e a flecha individualmente, encontrando cada um em um local diferente. Além disso, o jogo não usa as flechas da maneira tradicional, como se fosse um recurso para ser utilizado de acordo com a quantidade que você tem. Em vez disso, usa seus rupees como flechas, o que é bem curioso. Felizmente, essa abordagem não se manteve como padrão da franquia.

No jogo, os segredos são bem numerosos e, mesmo lendo seu manual oficial, a maioria das dicas ainda é bastante obscura, exigindo uma avaliação cuidadosa para desvendá-los. Com várias passagens secretas, recompensas escondidas e maneiras ocultas de interagir com o cenário, o manual de Zelda até tenta dar uma colher de chá, ensinando ao jogador a chegar à primeira masmorra, os pontos fracos dos inimigos e quais monstros requerem mais cuidado. Mesmo assim, recomendo fortemente o uso de um guia para se encontrar quando estiver perdido ou sem saber como prosseguir.
 
Apesar disso, não desanime! O jogo pode ser difícil e você pode se sentir perdido em alguns momentos, No entanto, o título se esforça para amenizar sua frustração. Existem diversos NPCs escondidos pelo mapa que oferecem dicas, além de um sistema interessante onde não perdemos rupees ou itens ao morrer. Você pode,inclusive, voltar à entrada do mesmo labirinto em que morreu, embora  não seja  exatamente como a ressurreição quase instantânea na mesma tela dos jogos contemporâneos. A intenção não era de punir o jogador, mas instigar sua curiosidade para visitar outros locais e manter o grau de desafio.

Felizmente, também temos o sistema de volta no tempo do emulador de NES no Switch, que permite reverter facilmente algumas mortes injustas ou criar save points caso o jogador não tenha paciência para refazer as masmorras.

As músicas de Zelda

O lançamento inicial do primeiro Zelda no Japão foi originalmente para o acessório Famicom Disk System, e foi o primeiro jogo de NES no ocidente a receber uma bateria interna no cartucho para salvar seus dados. Mesmo com a limitação de memória, as conhecidas músicas da franquia estão presentes. Seu tema principal, tão famoso, se originou nesse console, e outras músicas também apresentam uma notável similaridade com os ritmos atuais da série.
 
Apesar da limitação tecnológica da época, com faixas de curta duração e ainda apenas cinco variações para todo o jogo, as músicas não deixam de ser agradáveis, com o poder de grudar na cabeça do jogador, fomentando a  vontade de cantarolá-las enquanto joga. Especialmente para os fãs de música em 8-bits, tais composições são encantadoras.

Adicionalmente, o jogo ainda apresenta pequenos efeitos sonoros, como os rugidos dos chefes. Embora hoje em dia possam ser um pouco engraçados devido à qualidade de áudio, eram impressionantes para a época. Imagino o quão imersivo deveria ser para jogadores da década de 80 poder ouvir rugidos dos enormes monstros que lhe esperavam na próxima sala.

A lenda continua...

The Legend of Zelda é uma divertida aventura de se conhecer mesmo depois de 37 anos de seu lançamento original. O jogo pode ser bem desafiante, com segredos guardados a sete chaves e labirintos complexos com passagens bem escondidas. No entanto, vale a pena jogar o título se você for fã da franquia, gosta de jogos retrô ou deseja conhecer os primórdios dos jogos em mundo aberto.

Embora o primeiro Zelda possa ser frustrante com batalhas contra inimigos numerosos em espaços pequenos, hoje contamos com a função de voltar no tempo e de fazer save points no emulador do NES do serviço Nintendo Switch Online, Isso faz com que o desafio nunca estivesse tão acessível quanto agora. Que tal comemorar o lançamento de Tears of the Kingdom relembrando as origens da série? Garanto que sua experiência com o novo jogo se tornará mais interessante depois dessa experiência!
Revisão: João Pedro Boaventura
Referências: GameSpot (via Wayback Machine), NES Maps, Manual oficial
Artigo produzido com cópia digital cedida pela Nintendo

Fascinada pela cultura japonesa dos anos '80, '90 e '00. Ama livros, mangás, sua gata maluca, mahou shoujo e jogos. Em especial Dragon Quest, Fire Emblem, Famicom Detective Club, Okami, JRPGs, retrô, Bishoujo & Otome games. Sempre em busca de jogos estranhos ou com propostas inusitadas. Estuda japonês nas horas vagas para conhecer mais obras do tipo.
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