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Análise: Kizuna AI - Touch the Beat! (Switch) é recomendado apenas para fãs assíduos da VTuber

A simplicidade do jogo e repertório reduzido de músicas impedem sua recomendação para além de fãs sedentos por conteúdo.

Kizuna AI foi a primeira (autodeclarada) Virtual Youtuber da internet. A personagem foi especialmente popular nos anos de 2016 até 2021, quando acumulou mais de 3 milhões de inscritos em seu canal no YouTube.

Atualmente, a celebridade anda um pouco afastada de sua carreira online, porém, seus fãs podem matar um pouco de sua saudade em seu novo jogo, Kizuna AI – Touch the Beat! O título foi inicialmente lançado para o Meta Quest como um jogo totalmente em realidade virtual, e, posteriormente, ele foi adaptado para PlayStation 5 e PlayStation VR2. Finalmente, em maio, o jogo chegou ao Switch.

Awakening – Kizuna AI chega ao Switch

Kizuna AI – Touch the Beat se trata de um jogo rítmico e plataforma para assistir a shows virtuais da idol. O título conta com músicas originais da celebridade, como “Hello, Morning”, “Touch Me”, “mirai” e “melty world”.

Com uma seleção de músicas modesta, com apenas 15 faixas e um tutorial, o estilo de gameplay é o típico do que esperamos de um jogo rítmico, sem tentar inovar muito, beirando a similaridade com jogos de celular, assim como seu nome pode sugerir. Já sua porção como plataforma para transmissão de shows da Kizuna AI mostra claramente uma adaptação não muito otimizada para sistemas que não possuem aparelhos de realidade virtual.

Devido à simplicidade do jogo e claras marcas de sua origem como jogo de realidade virtual, Kizuna AI – Touch the Beat, se torna um título recomendado apenas para fãs entusiastas da virtual YouTuber, que com certeza irão matar a saudade de sua idol, ouvindo sua bela voz e admirando sua dança que foi capturada com bastante naturalidade no título.

Hello, Morning – Vamos dançar?

Como mencionei, o jogo é dividido em duas partes, a jogável, na qual é possível tocar as músicas da cantora em uma gameplay rítmico, e a porção em que assistimos à cantora apresentar seu show sem necessidade de inserir comandos. Aqui, suas apresentações são subdivididas em mais dois modos, a galeria de clipes e o modo de telespectador.

Na parte mais interativa do jogo, temos uma gameplay típica de jogos rítmicos, podendo ser comparada com a de um Guitar Hero ou THE iDOLM@STER Cinderella Girls Starlight Stage da vida: devemos pressionar os botões corretos conforme os comandos aparecem na tela, verticalmente. Temos notas comuns rosas; notas amarelas, que devemos pressionar simultaneamente; comandos laranjas e cinzas de segurar e soltar no tempo correto, tanto com os botões A, B, Y e direcionais quanto os gatilhos ZR e ZL; e barras de rolagem verdes no centro da tela que devemos seguir com os analógicos.
 
Seu estilo é extremamente simples e tipicamente o que se esperaria de um jogo rítmico de celular. Não é possível perder no jogo, pois não existem barras de vida, mas há uma classificação de como você se saiu na performance, indo do ranking D até o S em minha experiência.


É possível jogar nas dificuldades fácil, normal e difícil. Também é possível alterar a velocidade das músicas para 1.0x, 1.5x, 2.0x, 3.0x e 4.0x. Particularmente, achei a velocidade padrão de 1.0x bem lenta na composição dos mapas, chegando até a ser difícil de acertar suas notas devido a uma exigência bem grande de precisão em velocidades lentíssimas.
 
As músicas podem ser jogadas tanto com controle, com os comandos já mencionados anteriormente, quanto com a tela touch, formato que deixa a jogatina mais natural e divertida, apesar de nunca chegar a ser um jogo rítmico com mapas viciantes ou extraordinários. Não é possível jogar com controles de movimento na versão de Switch, uma pena pois essa parecia para mim a forma mais divertida de se jogar e viável de se implementar com os Joy-Con.

Apenas 16 fases jogáveis estão presentes no jogo, sendo que uma delas serve como tutorial. A falha crítica do jogo é ter realmente uma seleção muito pequena de músicas, apesar de todas serem bem agradáveis. Também não há uma grande seleção de roupas ou estágios, restando apenas um único figurino disponível no conteúdo base do jogo e dois possíveis para compra como DLC.
 
Igualmente, há apenas dois estágios disponíveis como ambiente para as canções neste modo, “Undersea” e “Indoor Stage”, sem nenhum DLC do tipo ainda divulgado. A pouca variedade de roupas e cenários é um ponto bem triste, pois implementar um sistema similar a Project Diva com desbloqueio de algumas roupas de acordo com seus pontos aumentaria muito a rejogabilidade e valor do jogo, mesmo com seu repertório reduzido.

Mesmo que eu tenha conseguido me divertir um pouco, creio que talvez este seja um jogo que vá passar batido com os meses. Também não me vejo jogando-o novamente, exceto haja algum update gratuito relevante, mesmo eu sendo uma fã da Kizuna AI desde sua estreia no YouTube. Realmente, seu valor é maior apenas como experiência para os fãs já estabelecidos e que não têm mais como presenciar shows ao vivo da personagem.

Here for you – Capturando o charme de Kizuna AI com naturalidade

Ainda assim, as danças da idol são muito bem executadas e capturadas, dando a sensação de realmente estarmos vendo uma pessoa real (apesar de seu avatar virtual) em um show. Sua voz também, como sempre, é muito bela e emotiva, fazendo com que a performance seja um bom agrado para fãs, ainda mais considerando o atual hiato da celebridade.
 
Entretanto, não posso negar a sensação que tive de pensar que o jogo pareceria muito mais incrível caso eu realmente estivesse jogando com um aparelho de realidade virtual... Para evitar essa sensação, creio que os ângulos da câmera e efeitos do show deveriam ter sido mais bem trabalhados na adaptação para consoles; além disso uma variedade de cenários mais complexos, roupas e close-ups também teriam ajudado muito na caracterização do jogo.

Estranhamente, dois clipes do modo filme têm uma qualidade extremamente reduzida no console da Nintendo, chegando a aparentar 480p de resolução. Numa coincidência infeliz, são justamente os dois vídeos mais interessantes e dinâmicos da cantora, “Hello, Morning” e “melty world”.
 
Não sei o que causou essa redução drástica de qualidade, mas foi especialmente decepcionante, pois não há motivo para isso acontecer no Switch, hardware que, apesar de modesto, tem total capacidade de transmitir vídeos em até 1080p.

Durante os clipes, podemos usar a função giroscópio. A experiência é quase insignificante e esquecível, mas aumenta um pouco da interatividade no jogo. Deve-se notar que é possível usar esse recurso somente com os Joy-Con acoplados no Switch. O modo docked se restringe a usar o analógico para uma leve movimentação da câmera.

hello, alone – Uma experiência solitária devido à falta de adaptação

Temos uma experiência similar à galeria de clipes no modo View. Podemos selecionar uma das 15 músicas da cantora para assistir em um show virtual, felizmente, sem redução de qualidade dessa vez. Esse modo é extremamente parecido com o anterior, com a diferença de que podemos movimentar livremente a câmera e nos aproximar mais de Kizuna AI. Particularmente, gosto mais desse estilo do que o de filmes, que muitas vezes eram apenas um show a distância, sem efeitos ou diferenças significativas (tirando as duas músicas iniciais, mas que, em contrapartida, têm uma péssima qualidade de resolução).

De qualquer forma, no modo de câmera fixa, há a possibilidade de se usar bastões iluminados para “torcer” pela idol, assim como ocorre em shows do tipo no Japão. É possível mudar a cor do bastão pressionando um botão e movê-los com os analógicos, mas é um movimento que não traz sensação de naturalidade — imaginei que fosse possível usar os Joy-Con separados pelo menos para realizar os movimentos, mas tive a infeliz surpresa de perceber que isso não foi implementado.

Essa foi uma grande pisada na bola na minha opinião, pois seria algo que poderia conectar bastante o jogador aos shows, em vez do movimento desajeitado dos analógicos, além de parecer uma implementação que se casaria perfeitamente com a proposta dos Joy-Con. Pode parecer um aspecto um tanto bobo, mas essa, para mim, foi uma das coisas mais tristes em minha experiência com Kizuna AI.

future base – Uma experiência extremamente simples, que poderia ser melhorada

Kizuna AI – Touch the Beat!, assim como tentei expressar em meu texto, é uma experiência extremamente reduzida, com poucas músicas, pouca interatividade, poucos estágios e poucas roupas. O título pode até ser um bom tira-gosto para os fãs que estão carentes do hiatos de sua celebridade favorita, mas, mesmo assim, não é algo que posso recomendar a compra a preço cheio com facilidade, mesmo para fãs.

Devo dizer novamente que a experiência não é tão impressionante no Switch. E esse é um jogo que realmente grita pela necessidade de óculos de realidade virtual. Gostaria de deixar claro que, caso possível, o título deve ser obtido em uma plataforma do tipo VR, caso o leitor realmente tenha interesse.

A experiência é até legalzinha, mas não é um jogo que vá ser lembrado no Switch. A recomendação fica somente para fãs assíduos da Kizuna AI, que podem tratar o jogo como uma espécie de Blu-Ray interativo. Em suma, fica apenas a esperança de que adicionem mais conteúdo (especialmente gratuito) no futuro.

Prós

  • Bom aperitivo para fãs da idol Kizuna AI
  • Modelo da cantora está bonito, assim como sua voz
  • Principais músicas da VTuber estão presentes no repertório
  • Os movimentos da personagem nas danças são bem naturais e fluidos
  • Pode ser aproveitado por fãs que não são bons em jogos de ritmo
  • Várias configurações de velocidade e possibilidade de se jogar com a tela de toque

Contras

  • Conteúdo extremamente escasso, com apenas 15 músicas
  • Falta de opções de estágios e roupas
  • Não há compatibilidade com comandos de movimento dos Joy-Con
  • Qualidade extremamente baixa em alguns vídeos
  • Sensação constante de que o jogo não foi bem adaptado para o console
  • Não há como perder partidas, portanto não há desafio
  • Jogabilidade extremamente simples e não memorável
  • Sensação de ser mais uma experiência Blu-Ray do que um jogo propriamente dito
Kizuna AI – Touch the Beat! — Switch/PS5/PSVR2/PS4/PC — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Gemdrops

Fascinada pela cultura japonesa dos anos '80, '90 e '00. Ama livros, mangás, sua gata maluca, mahou shoujo e jogos. Em especial Dragon Quest, Fire Emblem, Famicom Detective Club, Okami, JRPGs, retrô, Bishoujo & Otome games. Sempre em busca de jogos estranhos ou com propostas inusitadas. Estuda japonês nas horas vagas para conhecer mais obras do tipo.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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