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Análise: Nocturnal é um título de ação que apresenta bons lampejos no Switch

Desfrutando de uma temática flamejante, este título é uma boa pedida para os fãs de combates intensos e desafios de plataforma.

Contando a história do guerreiro Ardeshir, Nocturnal traz aspectos criativos conforme desenvolve a sua temática central, que é a ideia de utilizar o fogo para desbravar a névoa e a escuridão. Assim, com a possibilidade de atear fogo à nossa espada, temos um jogo de ação bastante divertido, apesar das falhas de performance e de sua curta duração. 

A ilha tomada pela névoa

Ardeshir é um espadachim que nasceu na pacata Ilha de Nahran. Certa feita, ele se juntou a um grupo de guerreiros e embarcou em uma jornada marítima que durou anos e anos. Ao retornar à sua terra natal, o protagonista descobriu que ela tinha sido tomada por criaturas misteriosas e uma densa névoa, que estava comprometendo a vida nesse lugar. Desse modo, Ardeshir empunhou a sua espada e começou a investigar os enigmas locais, preocupando-se com a população e, também, com os seus irmãos desaparecidos.

É com base nesses acontecimentos, portanto, que Nocturnal desenvolve a sua trama. Em termos de storytelling, temos uma narrativa bastante simples, que é contada conforme desbravamos os cenários do jogo. Neles, encontramos personagens que dialogam conosco, além de cartas e folhas de diário espalhadas por aí, que contabilizam, também, como coletáveis para a jornada.

Em nossas explorações, devemos comandar Ardeshir por cenários bidimensionais que representam a Ilha de Nahran. Além de uma movimentação simples por meio do analógico, também podemos rolar, saltar e, sobretudo, movimentar uma afiada espada que será extremamente necessária para encarar os monstros das névoas. Dessa forma, criam-se combates de espada que, apesar de simples, são bastante intensos. 

Uma espada literalmente em fogo

Com base nesse repertório de movimentos, eis que Nocturnal nos introduz o elemento que rouba a cena em termos de gameplay: o fogo. Conforme encontramos tochas acesas, podemos interagir com a nossa espada e assim fazer com que a lâmina fique flamejante por alguns instantes. Diante disso, podemos acender outros objetos, assim como usar o elemento para desbravar a névoa e derrotar os inimigos, que variam desde criaturas selvagens até classes de guerreiros, como arqueiros, ninjas e lanceiros.

Além desses usos, em alguns quebra-cabeças, por exemplo, também devemos acender as tochas em uma determinada ordem; enquanto isso, em determinados momentos de exploração, temos de calcular o tempo que as chamas permanecem acesas para conseguir ingressar em espaços desejados. Assim, a jornada ganha um brilho característico na medida em que o fogo nos permite realizar ações mais elaboradas.

Nos momentos iniciais, Nocturnal dispõe de uma jogabilidade composta por poucos comandos, mas isso muda em alguns instantes de jogatina. Isso ocorre, pois diversas habilidades especiais podem ser desbloqueadas, a grande maioria voltada para incrementar o embates. Entre adagas que podem ser arremessadas e intensas rajadas de fogo, temos movimentos que aumentam a versatilidade do gameplay. Do mesmo modo, cabe ressaltar que, além das habilidades, também podemos utilizar a nossa pontuação para dar um upgrade em nossos status passivos, conquistando pontos de vida extra e melhorando o nosso manejo do fogo, por exemplo.

Com isso, sinto-me seguro em dizer que a aventura de Ardeshir se desenvolve de maneira agradável e oferece desafios que são, em sua maioria, justos, tanto em termos de combate, quanto em zonas de plataforma. Até há algumas batalhas contra chefões que às vezes podem ser severas, mas sem espaço para exageros, uma vez que elas podem ser vencidas conforme ajustamos as nossas táticas, o que é algo muito positivo e recompensador.

As belezas e os problemas nebulosos de Nahran

Por falar em agradabilidade, outra qualidade evidente de Nocturnal é a sua estética detalhada. Com belos visuais  feitos com traços pincelados, temos cenários exuberantes que se parecem com pinturas, além de trilhas sonoras que incrementam a ambiência e também garantem tensão aos desafios e pacificidade aos momentos de exploração.

Entretanto, nem tudo é perfeito nesse setor, pelo menos não no Switch. Acontece que o desempenho do jogo não é muito fluido no console; por mais que o título consiga manter a sua frame rate consideravelmente estável, em diversos momentos podemos presenciar engasgos e um ritmo de quadros desagradável, tanto em modo docked, quanto portátil. Em alguns pontos, essas falhas são tão notáveis a ponto de comprometer a jogabilidade, fazendo com que zonas de plataforma simples, por exemplo, se tornem chatas e severas por exigir uma precisão, que a performance acaba atrapalhando.

Enquanto isso, outro problema que identifiquei em Nocturnal está em sua forma de narrar a trama. Embora a aventura tenha prendido a minha atenção do início ao fim, confesso que, em alguns momentos, eu senti a falta da exibição de cenas cinematográficas ou de outros complementos para apresentar acontecimentos novos. Em outras palavras, para entender o enredo, temos de ficar procurando esses coletáveis narrativos, ao passo que pouca coisa nos é apresentada. Ou seja, é comum sentir que a história permanece em segundo plano.


Também é preciso salientar que estamos falando de um título bastante curto, com uma campanha que pode durar cerca de três horas. Embora exista uma boa quantidade de coletáveis e possíveis melhorias, a jornada não se desenvolve tanto quanto poderia, o que é uma pena, ainda mais se considerarmos o seu preço no Switch: R$ 99,99. De qualquer modo, vale ressaltar que o título possui um modo de jogo voltado exclusivamente para quem gosta de praticar speedruns, o que é uma adição singela e divertida.

O golpe flamejante final

É curioso que, em muitos momentos, Nocturnal me lembrou a franquia Prince of Persia, que coincidentemente teve um novo título revelado para Switch na última semana. De fato, o jogo tem uma essência que está à altura dessa histórica série, sobretudo por conta de seus intensos embates de espada. No entanto, há um diferencial notável e criativo, que é o uso do fogo como elemento constante nos quebra-cabeças, duelos e explorações. 

Apesar do título contar com alguns problemas, como uma história pouco presente, erros de performance e uma curta duração, a aventura de Ardeshir apresenta bons lampejos no Switch. Com a espada em mãos, desbravar a Ilha de Nahran e espantar a névoa com o poder de fogo se tornam atividades extremamente divertidas de se realizar.

Prós

  • Muita intensidade em embates de espada e zonas de plataforma;
  • Um criativo uso do fogo enquanto elemento de gameplay;
  • As habilidades secundárias são divertidas de usar;
  • Presença de itens coletáveis que também elucidam a trama;
  • As ambiências são belas e profundas, graças ao estilo visual e às trilhas.

Contras

  • A performance é desagradável, com engasgos e uma fluidez que, além de deixar a desejar, também compromete alguns desafios;
  • A história é pouco presente e poderia apresentar mais cutscenes e esclarecimentos;
  • É um jogo com duração curtíssima.
Nocturnal — Switch/PS4/PS5/XBO/XSX/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dear Villagers

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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