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Análise: Skautfold: Usurper (Switch): uma noite horrível para uma maldição

Com claras inspirações em Castlevania, o título traz uma experiência razoável, mas que merece mais polimento.

Metroidvania é um gênero muito popular entre as desenvolvedoras indies, com vários jogos do estilo sendo lançados ao longo dos anos. Um deles é Skautfold: Usurper, que segue fielmente o estilo de terror gótico da franquia Castlevania, proporcionando uma experiência dentro das expectativas. Embora seja uma sequência de Skautfold: Shrouded in Sanity, já adianto que não é necessário ter jogado o título anterior para aproveitá-lo.

Uma jornada após a morte

Tudo começa com um pacto firmado entre o cavaleiro Saragat da guarda real e o sombrio e misterioso Waltham. Apesar de desconfiar das intenções de seu novo parceiro, Saragat se vê em uma situação na qual será necessário dizer sim a esse contrato para poder ser útil à Imperatriz Eleanor, descobrir o que está acontecendo com Londres e tentar fazer com que as coisas voltem ao normal.

Cabe ao jogador então explorar a estrutura massiva que surgiu sobre a capital britânica e espalhou uma densa névoa na cidade. Com isso em mente, a experiência bebe muito da fonte de Castlevania, tendo um estilo de ambientação que pode ser descrito como “terror gótico”. Isso se reflete em ambientes escuros, inimigos com forte tom sobrenatural, uma história que envolve ocultismo e efeitos sonoros focados em deixar o jogador com uma constante sensação de pavor e incômodo.

Porém, em termos de qualidade geral, o jogo deixa a desejar nos aspectos gráficos e sonoros, com uma trilha pouco memorável e elementos visuais confusos. Em particular, o visual acaba atrapalhando a navegação em alguns momentos por falhar em diferenciar os planos de frente e fundo, pelo mau uso da tonalidade das paredes, o que acaba dando uma impressão de profundidade equivocada, e pelo abuso da escuridão que acaba atrapalhando a visão do jogador mais do que o ideal, mesmo pensando nisso como um desafio.

Esquiva, defesa e armas

Um ponto central da experiência é o combate, sendo possível encontrar várias armas pelo caminho dentro de caixões. É possível usar grandes espadas, adagas ágeis, foices, arco e flecha, pistolas, etc. As diferenças entre elas incluem variações de dano, alinhamento a uma das estatísticas do protagonista, a área de alcance dos golpes e o consumo de uma energia chamada GRD (Guard).

É possível equipar quatro armas e basta apertar o botão direcional correspondente para alternar entre elas. Infelizmente, cada equipamento só possui um único ataque, sem variações de direcionamento ou ordem do combo. Também não é possível usá-lo enquanto o jogador está abaixado. Esses elementos limitam o combate e o deixam abaixo do ideal de uma obra com foco em ação.

O que chama mais a atenção no combate é o sistema de GRD, que combina uma espécie de stamina com a capacidade de evitar dano automaticamente. O personagem tem uma vida bem pequena, mas, enquanto tiver essa barra, pode evitar totalmente o dano. Porém, ela também está ligada ao uso de armas, ou seja, atacar ou receber ataques de forma consecutiva muito rapidamente deixa o jogador cada vez mais vulnerável.

Com isso, é importante entender os padrões de ataque dos inimigos e o posicionamento de armadilhas nos mapas para poder desviar dessas fontes de perigo. Há um botão dedicado à esquiva e o jogador é recompensado por usá-la, recuperando o GRD e ficando menos propenso a morrer. O timing dessa técnica é amplo e generoso, fazendo com que essa tática seja muito importante durante a campanha.

Derrotar os inimigos rende uma energia chamada Vitae, que pode ser usada junto com pedras especiais chamadas Yth Stones para melhorar os atributos do personagem. Os parâmetros incluem defesa, GRD, constituição (HP), sorte, assim como aqueles que afetam a performance das armas, como ataque, destreza e inteligência.

Detalhes técnicos da experiência

Infelizmente, o que acaba pesando contra Skautfold: Usurper, em especial, são vários elementos técnicos que enfraquecem a experiência. Além da confusão visual e da limitação do uso das armas mencionados acima, temos problemas como a inconsistência de indicações para elementos interativos no mapa (alguns têm, outros não), textos pequenos (especialmente dos menus) e um mapa estático.

Um problema que tive em particular foi o fato de que o remapeamento de controles não era persistente, ou seja, bastava fechar o jogo para os botões voltarem à configuração padrão. Da mesma forma, o mapa acabou se tornando uma referência de alto nível para mim em vez de algo mais útil, já que não indicava o meu posicionamento de forma clara, causando momentos desnecessários de confusão.

Ainda em termos de problemas técnicos, alguns pontos de transição de tela são mal colocados, o que me levou a algumas ocasiões em que eu queria explorar uma área próxima, mas o jogo atrapalhava ou forçava o personagem a cair de volta na tela anterior. Também nesse sentido, em certas ocasiões foi possível perceber que a câmera perdia a referência do jogador em transições e fazia um deslocamento de volta à posição correta após um tempo.

Todos esses defeitos são pequenos, mas acumulam em uma experiência abaixo do ideal. Fica a expectativa de que seja possível corrigir esses problemas com ajustes futuros. Por outro lado, gostaria de destacar que o jogo faz transições instantâneas de telas, fazendo do seu desempenho no Switch algo bem agradável.

Um metroidvania razoável

Skautfold: Usurper é um metroidvania razoável em sua proposta e cumpre o esperado de um jogo do gênero. Porém, os vários defeitos pequenos se acumulam para impedir que a experiência se destaque dentro de um mercado que tem obras muito melhores já disponíveis. No momento, vale a indicação apenas para quem é muito fã do estilo.

Prós

  • Combate que incentiva o uso de esquiva;
  • Bom uso do estilo terror gótico à la Castlevania em visual e direção sonora;
  • Transição instantânea de telas.

Contras

  • Elementos gráficos confusos atrapalham a navegação;
  • Remapeamento de controles não persiste após sair do jogo;
  • Mapa estático no menu e sem indicações da posição atual do jogador;
  • Armas só possuem um único golpe, sem variações de direcionamento e não podem ser usadas enquanto o jogador está abaixado;
  • Pontos de transição de tela em alguns lugares foram mal colocados e podem acompanhar problemas de câmera ocasionais;
  • Inconsistência de indicação de elementos interativos;
  • Textos de sistema pequenos.

Skautfold: Usurper — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Red Art Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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