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Análise: Amanda the Adventurer (Switch) oferece uma abordagem diferenciada de terror

Descubra os segredos por trás do programa infantil protagonizado por Amanda e Wooly.

Desenvolvido pela MANGLEDmaw Games e publicado pela Dread XP, Amanda the Adventurer é mais uma produção indie que dá as caras no Nintendo Switch. Trata-se de jogo com perspectiva 3D em primeira pessoa que conta uma história de terror bastante intrigante e concentra sua jogabilidade na resolução de puzzles criativos.

Um (sádico) programa infantil

Em Amanda the Adventurer, embarcamos na jornada de Riley Park, uma mulher que herda a casa de sua falecida tia Kate. Junto com a propriedade, a protagonista também recebe uma carta enigmática, revelando a existência de um segredo escondido no sótão.

Chegando ao local, nossa heroína se depara com fitas VHS de um aparentemente inocente programa infantil protagonizado por uma garotinha chamada Amanda e seu fiel assistente, uma ovelha chamada Wooly.

Rapidamente, Riley começa a suspeitar que há algo sinistro por trás desse show, e que segredos sombrios podem estar enterrados nessa estranha produção. Isso ocorre porque a apresentadora mostra algumas atitudes que não são adequadas para o público juvenil, e o animal parece sempre estar desconfortável e assustado.

Que perigos e segredos um sótão pode abrigar?

Como mencionado anteriormente, Amanda the Adventurer é um jogo de terror em primeira pessoa focado na resolução de quebra-cabeças. De forma semelhante a um escape room, toda a campanha se desenrola em um único cenário: o sótão.

O ponto central de interação é uma antiga TV com um videocassete, através da qual assistimos às misteriosas fitas VHS. Além disso, outros elementos como relógios, um forno, um robô de brinquedo e cofres compõem o ambiente, apresentando puzzles para serem solucionados.

Uma observação minuciosa do conteúdo dos programas é fundamental para descobrir as respostas para esses enigmas. Geralmente, eles envolvem a descoberta de senhas para desbloquear objetos trancados ou a combinação correta de itens menores para serem usados em um contexto maior. Como exemplo, um dos primeiros desafios consiste em inserir os ingredientes adequados em uma forma para assar uma torta no fogão.

Uma característica intrigante é que os quebra-cabeças frequentemente se relacionam diretamente com o conteúdo dos vídeos que assistimos, transformando-se a cada nova VHS adquirida. Isso cria a sensação de que há uma força maior por perto, observando de perto a protagonista e modificando o cenário com base no que ela acaba de visualizar.

À medida que progredimos na resolução dos enigmas, novas fitas são desbloqueadas, e a história avança. Conforme a trama se desenrola, o programa se torna cada vez mais bizarro, com Amanda adotando comportamentos extremamente violentos, enquanto Wooly parece cada vez mais desesperado.

Uma diferente forma de aterrorizar

A princípio, Amanda the Adventurer pode parecer apenas um jogo curto e simples, possível de ser completado em menos de uma hora. No entanto, ele oferece múltiplos finais distintos, cada um exigindo a resolução de problemas progressivamente complexos. Além disso, alguns desfechos estão intrinsecamente ligados às conclusões anteriores.

É relevante observar que existem várias fitas que não são essenciais para a conclusão da campanha, sendo ainda mais trabalhosas de serem adquiridas. Isso introduz um elemento de replay envolvente e proporciona aos jogadores um nível de desafio gratificante. 

Contudo, essa escolha acaba dificultando a compreensão da trama, já que a maior parte dos detalhes sobre a criação do programa infantil está contida nos vídeos opcionais. Portanto, é possível que uma pessoa alcance múltiplos finais sem obter informações substanciais sobre o enredo.

O terror presente em Amanda the Adventurer não é físico, mas puramente psicológico. O desconforto transmitido é proveniente dos VHS, que sugerem algo amaldiçoado ou proibido. Além disso, muitas gravações apresentam conteúdo em live-action, o que contribui muito com a verossimilhança da história.

Em vez de se concentrar em situações de perigo, inimigos estranhos e jumpscares, o game direciona seus esforços para causar aflição por meio das ações e diálogos de Amanda e Wooly, efetivamente transmitindo a sensação de que o seriado está interagindo diretamente com a protagonista e, por extensão, com o jogador. Nesse sentido, a opção de legendas em português enriquece ainda mais a experiência.

No entanto, é importante ressaltar que, embora o título seja eficaz em criar uma atmosfera sombria e aguçar nossa curiosidade sobre os mistérios que o envolvem, pessoas que preferem jogos mais frenéticos, repletos de perigos palpáveis, podem se sentir desapontadas.

Bizarro, criativo e divertido

Amanda the Adventurer é uma adição indie bem-vinda ao catálogo do Nintendo Switch, com uma narrativa envolvente e quebra-cabeças intrigantes. Ele desafia as convenções que comumente vemos dentro do seu gênero, optando pelo terror psicológico e narrativo em vez de sustos físicos. 

A capacidade de desbloquear múltiplos finais torna o jogo mais atrativo, mas o fato de os detalhes da trama estarem muitas vezes mais escondidos do que o necessário pode prejudicar a experiência. Finalmente, é preciso lembrar que, apesar de todos os méritos, o título pode não ser para todos os gostos, especialmente para aqueles que preferem ação e perigos palpáveis.

Prós:

  • Narrativa intrigante que é eficaz em nos manter motivados a desvendar os segredos por trás do programa infantil;
  • Puzzles criativos que exigem que o jogador preste muita atenção ao conteúdo das fitas;
  • A inclusão de múltiplos finais distintos aumenta o fator replay e nos incentiva a explorar diferentes caminhos;
  • O terror psicológico é habilmente aplicado por meio do desconforto gerado pelas ações e diálogos dos personagens;
  • Legendado em português.

Contras:

  • Muitos detalhes cruciais da trama estão contidos em fitas opcionais, o que dificulta a compreensão da história principal;
  • Jogadores que preferem abordagens mais tradicionais de terror podem se sentir desapontados.
Amanda the Adventurer — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dread XP


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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