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Análise: My Time at Sandrock (Switch) é um simulador cheio de qualidades, mas ofuscado por problemas de desempenho

Na pele de um construtor iniciante, ajude a pequena cidade de Sandrock a alcançar o esplendor.

Distribuído pela Focus Entertainment e desenvolvido pela Pathea Games, a mesma responsável por My Time at Portia, My Time at Sandrock é um jogo que combina elementos de RPG e simulação, com grande ênfase em um sistema de fabricação de itens. Apesar de oferecer uma ampla variedade de bom conteúdo, o título sofre com um desempenho terrível no Nintendo Switch.

Um mundo à mercê da escassez de tecnologia

Assim como seu predecessor, My Time at Sandrock se desenrola em um mundo pós-apocalíptico, onde uma calamidade devastou a maioria das tecnologias. Nesse cenário, a nova jornada nos leva até Sandrock, uma pequena comunidade aninhada no coração de um deserto árido.

Na pele de um construtor iniciante, cuja aparência e sexo podem ser personalizados, temos a responsabilidade de elevar e aprimorar nossa modesta oficina, visando melhorar as condições de vida dos habitantes da cidade e contribuir para o ressurgimento do comércio, que se encontra à beira de um colapso.

Sandrock se revela como um mundo fascinante e cheio de segredos sobre a civilização passada, oferecendo ao jogador a liberdade de explorar todo o território a seu bel-prazer, com exceção de alguns locais que demandam requisitos específicos para ser desbloqueados.

A narrativa se desenvolve por meio de missões que frequentemente nos desafiam a construir ou restaurar objetos e maquinários para os cidadãos. Além das tarefas principais, uma extensa variedade de quests opcionais está presente e nos permite descobrir ainda mais sobre os indivíduos da cidade.

Somada ao progresso tecnológico da comunidade, a trama principal também gira em torno do combate de longa data travado entre a polícia local e um grupo de inimigos com feições de lagartos, bem como um ladrão chamado Logan, que se destaca como um dos personagens mais intrigantes de todo o game. Ademais, devido à presença do nosso idioma entre as opções de legendas, acompanhar essa história se torna ainda mais agradável.

O interessante é que, embora a maioria das tarefas se resuma à simples criação e entrega de itens, nossas construções e o cumprimento dos pedidos desempenham um papel narrativo coeso no mundo que nos cerca. À medida que avançamos na campanha, a sensação de que o sucesso de nossa oficina beneficia diretamente os habitantes se torna palpável, pois nossas produções podem genuinamente ajudá-los.

Um exemplo notável disso ocorre logo nos primeiros momentos, quando somos encarregados de criar um novo palco para os artistas se apresentarem durante os eventos sazonais, já que o antigo estava praticamente desmoronando (o que realmente acontece após uma tempestade de areia). Para realizar esse feito, é essencial que possuamos uma picareta aprimorada, o que, por sua vez, requer que tenhamos outros equipamentos disponíveis em nossa área de trabalho.

Não basta presentear com qualquer coisa

Como um autêntico simulador, My Time at Sandrock apresenta uma variedade de indivíduos com contextos e rotinas próprias. Embora alguns deles sejam mais cativantes que outros, o saldo geral é positivo, pois o jogo é eficaz em despertar o genuíno desejo de conhecer a fundo grande parte dessas personalidades.

Para os adeptos do gênero, não há segredos aqui: cada personagem desempenha diferentes atividades em dias e horários específicos, além de possuir preferências e aversões a determinados itens. Assim, cabe ao jogador compreender essas nuances para desenvolver relacionamentos mais sólidos e desvendar os segredos de cada um.

Ao contrário de muitos jogos de simulação, o aprimoramento inicial da intimidade não é tarefa fácil, tornando bastante desafiador construir relações amorosas. Isso ocorre porque raramente conseguimos melhorar nosso vínculo com alguém apenas conversando e dando qualquer presente que não seja tão apreciado pelo indivíduo. Portanto, o aspecto social demanda um maior comprometimento da nossa parte para conhecer os desejos de cada pessoa.

Coletando, construindo e combatendo

Como mencionado, o cerne de My Time at Sandrock é a construção. O título oferece um sólido e envolvente sistema de fabricação, permitindo que matérias-primas sejam coletadas em diversos locais e refinadas em diferentes máquinas. Com esses recursos, é possível criar uma variedade de ferramentas e estruturas, expandindo ainda mais as opções de criação.

Além do ambiente externo, este mundo conta com dungeons divididas por níveis de dificuldade crescente, com algumas focadas na mineração e outras mais voltadas ao combate. Nestes locais, além de recursos valiosos, os jogadores podem encontrar objetos que fornecem mais informações relevantes sobre a civilização passada, como diários deixados por outros exploradores.

A estrutura geográfica dessas masmorras é bem linear e não desperta tanto interesse. No entanto, as áreas de garimpo são completamente cobertas por terra, exigindo que o jogador tenha que cavar para encontrar as passagens. Este processo é divertido e pode levar dias até que uma zona seja concluída, devido à energia limitada de que o personagem dispõe.

Por outro lado, o sistema de combate não atinge o mesmo nível de refinamento, apresentando áreas de colisão um tanto confusas e imprecisas. Contudo, esse aspecto não chega a ser uma grande inconveniência que prejudique as demais mecânicas do jogo. Os elementos de RPG desempenham um papel mais proeminente nesse contexto, com os equipamentos fornecendo uma gama de benefícios ao personagem e o aumento de níveis aprimorando atributos e desbloqueando novas habilidades.

O Switch (ainda) não é a morada ideal para Sandrock

Todas essas mecânicas se combinam para criar uma experiência altamente envolvente em My Time at Sandrock, que poderia facilmente destacar-se entre os bons representantes de simulação. No entanto, a versão para o Switch parece não ter tido o tempo de desenvolvimento necessário, já que o título enfrenta graves problemas de desempenho.

O jogo sofre com constantes congelamentos, quedas na taxa de quadros e elementos do cenário que surgem à medida que exploramos o mundo. Adicionalmente, personagens frequentemente ficam presos em obstáculos durante a corrida e desaparecem depois de algum tempo. Curiosamente, após o primeiro carregamento, os subsequentes são notavelmente rápidos para um mundo desse porte, o que talvez contribua com as adversidades mencionadas.

Além dessas questões já incômodas, existe um bug que compromete gravemente a estrutura principal do game: a ausência de informações sobre os objetos. Lamentavelmente, esse contratempo afeta até mesmo os dados mais básicos do recurso, como o seu nome, e ocorre após apenas alguns minutos de jogo, só sendo resolvido com a reinicialização. Dado que a construção é a espinha dorsal de My Time at Sandrock e a diversidade de itens é praticamente inesgotável, esse problema causa uma imensa frustração. 

Houve momentos em que fui forçado a reiniciar o título repetidamente apenas para criar uma única máquina, uma vez que os objetos necessários eram feitos a partir de uma ampla gama de matérias-primas. Essa situação torna a experiência exaustiva e extremamente estressante, especialmente ao tentar construir estruturas complexas que envolvem várias etapas de fabricação.

Mais um caso de conteúdo de qualidade prejudicado por desempenho inadequado

My Time at Sandrock combina habilmente elementos de simulação e RPG, criando um mundo cativante e intrigante para explorar e conhecer minuciosamente. Embora o sistema de combate não seja tão agradável quanto os demais, ele não chega a atrapalhar a experiência num todo. Além disso, a mecânica de construção é muito rica, fazendo com que o jogador entre em um divertido looping de exploração, coleta, criação e aprimoramento, o que certamente pode render dezenas de horas de gameplay.

Infelizmente, este oceano de conteúdo se mostra inexplorável devido aos severos problemas de performance na versão de Switch, deixando-nos apenas na esperança de que as futuras atualizações, já confirmadas pelos desenvolvedores, resolvam a situação.

Prós:

  • A ambientação em um mundo pós-apocalíptico e a cidade de Sandrock oferecem um cenário envolvente e repleto de segredos, além de muitos indivíduos interessantes;
  • As missões e os eventos ajudam a desenvolver uma narrativa envolvente;
  • A habilidosa combinação de elementos de RPG, exploração, simulação e fabricação proporciona uma experiência diversificada;
  • O sistema de fabricação é rico e bem implementado, permitindo a criação de uma variedade de ferramentas e estruturas;
  • Legendado em português.

Contras:

  • A versão de Nintendo Switch enfrenta graves problemas de desempenho, incluindo congelamentos, quedas na taxa de quadros e elementos do cenário que surgem durante a exploração;
  • O bug que impede a visualização das informações sobre objetos transforma o excelente sistema de criação de itens em uma experiência muito frustrante e exaustiva;
  • O sistema de combate não é muito preciso devido à confusão e imprecisão dos espaços de colisão.
My Time at Sandrock — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Focus Entertainment

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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