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Análise: TEVI (Switch) é mais um metroidvania imperdível para o console da Nintendo

O sucessor espiritual do clássico cult RABI-RIBI se consagra como um dos melhores jogos do gênero no Switch.

Desenvolvido pela CreSpirit (Last Command, RABI-RIBI) em parceria com Ein Lee (RWBY), TEVI é o que podemos chamar de um metroidvania bullet hell. Repleto de ação em 2D, fantasia e segredos para serem explorados, este lançamento brilha no console da Nintendo e se consagra como mais um dos títulos imperdíveis que 2023 nos trouxe. Confira os motivos nesta análise!

Humanos, robôs e... coelhinhas?

TEVI se passa no mundo conhecido como Az, em que três espécies coabitam: os humanos comuns; os híbridos de humanos e animais (beastkins) e os seres mecânicos, conhecidos como magitech. Neste contexto, a nossa protagonista — uma beastkin chamada Tevi e responsável por dar nome ao jogo — é uma jovem engenheira em busca de tesouros, principalmente Astral Gears, itens especiais conhecidos por suas grandes e valiosas concentrações de mana. 

Presa enquanto invadia a base de um grupo criminoso, não demora para a habilidosa coelhinha escapar e se vingar de seus captores. No caminho, ela acaba conhecendo dois magitech que passam a acompanhá-la em sua jornada: Celine, um ser angelical repleto de segundas intenções; e Sable, um jovem e gentil demônio.

Juntos, o trio parte em busca de seus objetivos particulares e outras relíquias astrais, descobrindo mais sobre o mundo que os rodeia e se envolvendo em situações cada vez mais complexas, que colocarão à prova tanto a amizade entre eles quanto as habilidades do jogador.

Muita ação e troca de tiros em 2D

Na prática, o título da CreSpirit segue o padrão estabelecido há décadas pelas franquias Metroid e Castlevania, com cenários divididos em partes menores que, juntas, compõem um mapa interligado. Grande parte das vezes, não há somente um caminho a seguir, e explorar frequentemente revela áreas escondidas com itens e outras surpresas para os jogadores mais atentos.

Para enfrentar os inimigos, Tevi dispõe de soluções de combate eficazes tanto para curta quanto para média distância, como uma adaga e orbes que disparam projéteis. Algo muito interessante — e um dos pontos mais divertidos do jogo — é que progredir constantemente libera habilidades, como novos combos para serem usados tanto no solo quanto no ar.

Curiosamente, embora a evolução seja contínua, não há um sistema de experiência aqui. Em vez disso, a progressão é marcada pelo número de chefes derrotados e pela liberação de novas áreas no mapa, evitando o infame grinding e permitindo que o jogador prossiga em seu próprio ritmo. 

Não que faltem motivos para engajar em combates e explorar todos os cantos possíveis: pra mim, os principais acabaram sendo os Sigils. Esses pequenos selos equipáveis concedem inúmeros e valiosos bônus ao jogador, do aumento do dano de combos específicos a esquivas automáticas.

Cada Sigil possui um determinado custo de EP para poder ser equipado. Embora seja possível aumentar a quantidade de EP que você possui, esse sistema também favorece a experimentação por parte do jogador, que pode montar diferentes loadouts de acordo com o próximo estágio ou desafio a ser vencido, de forma muito similar aos chips de NieR:Automata The End of YoRHa Edition. Considerando que TEVI não é exatamente um jogo fácil na dificuldade padrão, é claro que essa “otimização” será necessária.

Conteúdo para dar e vender

TEVI também é um bullet hell, então prepare-se para um frenético festival de luzes e projéteis na tela do Switch ou da TV, principalmente nos espetaculares combates contra chefes. Felizmente, a jogabilidade está à altura da proposta, com comandos responsivos que recompensam os reflexos e diversos combos e recursos para ajudar o jogador a superar os desafios em 2D (há alguns saltos ocasionais na dificuldade, mas o bom uso dos Sigils é capaz de contorná-los).

Outro ponto positivo é a quantidade de conteúdo aqui presente; enquanto grande parte dos metroidvanias pode ser finalizada em menos de dez horas, TEVI pode facilmente ultrapassar o triplo disso, especialmente se você é o tipo de jogador que gosta de reviver a aventura em dificuldades mais elevadas (há seis níveis selecionáveis e algumas surpresas para quem fechar o jogo e quiser continuar jogando).

Elogios também devem ser feitos aos visuais — que mesclam bem as temáticas anime e pixel art — e à trilha sonora, com faixas como Oasis Cove me lembrando a série Persona. Claro, tudo isso estaria em risco se o trabalho de adaptação do PC para o Switch não tivesse sido feito com carinho, mas não é o caso: estamos diante de um bom port, que, curiosamente, possui diversas opções de configuração, como escala de resolução e interpolação de frames, garantindo o bom e esperado desempenho mesmo nas cenas mais caóticas.

Dito tudo isso, minha única crítica de fato está relacionada à história do jogo, que acaba não fazendo muito sentido quando analisada a fundo, além de possuir diversos diálogos que provavelmente só estão presentes para justificar os ocasionais momentos de fanservice.

Claro, diante de uma protagonista com orelhas de coelho, já se sabe mais ou menos o que esperar, mas a falta de qualidade nesse aspecto acaba contrastando com o que é uma ótima experiência em todos os outros sentidos. Infelizmente, também não há suporte ao português brasileiro (nem mesmo na forma de legendas), então é preciso levar isso em conta caso você não tenha familiaridade com outros idiomas.

Mais uma grande surpresa em 2023

Com a abundância de metroidvanias de qualidade no console da Nintendo, se destacar é uma missão cada vez mais difícil. Ainda assim, pela qualidade de seus elementos, grande quantidade de conteúdo e ótima adaptação, TEVI entra com facilidade para a lista de bons jogos do gênero no Switch, oferecendo muita ação e diversão para entusiastas de bullet hell e da temática anime.

Se você pensava que 2023 não poderia ficar ainda melhor, a obra da CreSpirit está aqui para provar o contrário com um clássico cult instantâneo. Quem ganha com isso somos nós, os jogadores.

Prós

  • Jogabilidade fluida e responsiva com diversas opções de combos;
  • Sistema de Selos (Sigils) encoraja a experimentação e recompensa a exploração com novas e úteis vantagens para os jogadores;
  • Mescla pixel art e a temática anime com carisma e precisão;
  • Vários níveis de dificuldade;
  • Horas de conteúdo, inclusive para quem já finalizou a campanha uma vez.

Contras

  • A história não é das melhores, frequentemente funcionando apenas como um pano de fundo para o fanservice;
  • Os (raros) saltos de dificuldade podem incomodar;
  • Sem suporte ao português brasileiro.
TEVI — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela CreSpirit

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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