Jogamos

Análise: DreadOut 2 (Switch) é um jogo de terror fraco com um pano de fundo interessante

O título da Digital Happiness deixa muito a desejar em sua jogabilidade.

Desenvolvido pela Digital Happiness e publicado pela Soft Source, DreadOut 2 é um jogo de terror em terceira pessoa lançado inicialmente para PC e agora também disponível no Nintendo Switch. Apesar de apresentar uma premissa intrigante, o título enfrenta desafios notáveis, principalmente em seu sistema de combate falho.

A sobrevivente de um desastre sobrenatural

Em DreadOut 2, somos imersos na história de Linda Meilinda, a única sobrevivente de uma tragédia sobrenatural que afetou seu grupo de amigos durante os eventos do primeiro DreadOut. Apesar de seus esforços para retomar à normalidade, a garota enfrenta murmúrios constantes e desconfiança por parte de seus colegas de escola, incapazes de confiar nela devido ao que aconteceu no passado.

Agravando a situação, eventos inexplicáveis começam a ocorrer em sua cidade, conduzindo a protagonista a uma jornada em busca de respostas e culminando em confrontos com seres de um reino além do nosso. Vale mencionar que DreadOut 2 oferece um resumo com os principais acontecimentos de seu antecessor.

Embora não seja nada acima da média, a história é provavelmente o aspecto mais interessante do título, que se baseia em lendas indonésias. Infelizmente, não há a opção de legendas em português, o que limita a compreensão do texto para aqueles que não dominam alguns dos idiomas disponíveis.

Ambientação pouco inspirada

DreadOut 2, essencialmente, é um jogo de terror em terceira pessoa que se inspira em obras consolidadas do gênero, como Fatal Frame e Silent Hill, mas que não alcança êxito nessa empreitada.

O mundo apresentado pelo título da Digital Happiness é delineado por locais que frequentemente oscilam entre o físico e o sobrenatural, incluindo uma escola, ruas comerciais e um hospital. A progressão na campanha segue uma trajetória linear no que diz respeito aos objetivos, mas algumas áreas se abrem consideravelmente, proporcionando ao jogador a capacidade de explorá-las à vontade.

No entanto, essa liberdade não se traduz de maneira benéfica, uma vez que as regiões carecem de criatividade visual, e o jogo não recompensa de forma significativa nossas incursões exploratórias. 

Nesse sentido, em determinados momentos, a amplitude da área contrasta com a falta de relevância do objetivo e poucas informações de como alcançá-lo, resultando em uma experiência superficial e desnecessariamente prolongada. Um exemplo inicial ocorre em uma situação na qual devemos ocupar uma carteira específica na sala de aula da protagonista. Ocorre que a escola é extensa e repleta de corredores e salas similares que não possuem nada de interessante. 

Embora alguns alunos tenham diálogos que oferecem insights sobre o que a coletividade local pensa a respeito de Linda, a qualidade desse elemento narrativo é minimizada pela escassez de mais recursos cativantes em relação ao tamanho total da área.

Infelizmente, esse quadro se repete durante toda a campanha, com propósitos lineares e, por vezes, medíocres, espalhados em territórios enormes que não nos recompensam por explorá-los, nem mesmo por meio de recursos simples como itens ou um maior aprofundamento na história.

Ainda que a ausência de indicações claras de objetivos seja um aspecto comum e bem-vindo em jogos de terror, o mundo construído por DreadOut 2 é prejudicado por essa abordagem. Dessa forma, a obrigatoriedade de vasculhar zonas extensas em busca de um alvo muitas vezes trivial acaba estendendo a duração do título de maneira artificial, tornando-o cansativo.

Confrontos igualmente fracos

Durante a jornada de Meilinda, nos deparamos com fantasmas e monstros que podem ser vencidos de diferentes modos, dependendo da situação. Em algumas ocasiões, conseguimos derrotá-los com o uso de armas, como machados e facas.

Infelizmente, esse método de combate é mais um ponto que deixa a desejar em DreadOut 2, pois os ataques de Linda são lentos e desengonçados, e os espaços de colisão são imprecisos e confusos. Além disso, a ausência de um sistema de mira prejudica ainda mais as lutas.

A outra principal forma de confronto é realizada com o auxílio do celular da protagonista, algo que tenta emular o que Fatal Frame faz com maestria por meio da câmera obscura. Contudo, o jogo também falha nesse sentido, apresentando problemas que tornam essas batalhas tediosas.

Diferentemente dos títulos da franquia da Koei Tecmo, DreadOut 2 não fornece nenhuma indicação sobre a localização dos fantasmas, deixando ao jogador a única opção de girar a câmera e sofrer constantes ataques até finalmente localizá-los. 

Ademais, a falta de um sistema de aprimoramento para a arma fotográfica faz com que os embates permaneçam inalterados do início ao fim. Lamentavelmente, nesse caso também enfrentamos os mesmos problemas de colisão, o que aumenta bastante a frustração.

Como ponto positivo, o título segue o bom exemplo de Fatal Frame ao fornecer contexto para a origem de alguns espíritos, embora de uma maneira muito mais simples. Nesse sentido, podemos consultar as entidades derrotadas por meio de um aplicativo no celular, que fornece informações sobre eles, muitas das quais são baseadas nas lendas indonésias.

Mesmo dentre os nomes menos robustos, há muitas opções melhores

DreadOut 2 se inspira em franquias e títulos consolidados, mas acaba entregando uma experiência desajeitada, entediante e monótona. Infelizmente, a promissora premissa de explorar lendas de uma cultura tão diferente é subaproveitada em um jogo de terror de baixa qualidade. Mesmo ao considerar obras do gênero que se situam em uma prateleira mediana, há diversas opções mais envolventes disponíveis.

Prós:

  • A inclusão de um resumo sobre os acontecimentos do antecessor é útil e facilita a compreensão da narrativa atual;
  • Premissa interessante de construir o enredo baseado em lendas indonésias;
  • O aplicativo do celular que fornece informações sobre os fantasmas derrotados enriquece a história e o universo construído.

Contras:

  • Apresenta muitos problemas em seu sistema de combate físico, como ataques lentos e imprecisão nas colisões;
  • Os confrontos com fantasmas são igualmente fracos e desajeitados, além de carecerem de dinamismo, o que os torna rapidamente tediosos;
  • A ausência de indicações mais claras sobre os objetivos, que não costuma ser um problema em obras do gênero, é muito prejudicial aqui, pois não há nada de interessante nesse mundo para compensar a obrigatoriedade de vagar por áreas tão extensas a fim de encontrar o destino correto;
  • Ausência de legendas em português.
DreadOut 2 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Soft Source

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google