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Análise: Alisa: Developer’s Cut (Switch) é uma ode aos jogos de terror dos anos 90

Este tributo não faz feio e assusta com uma ambientação macabra.

O mundo não é mais o mesmo em comparação à década de 90. O Ceticismo toma conta do imaginário popular: tudo precisa de uma explicação palpável e o fictício tem que ser verídico. Isso se aplica principalmente ao terror, onde as coisas devem fazer sentido e não simplesmente ser o maior fruto da maldade e diabólico.


Jogos de terror na década de 90, como Silent Hill, Alone in the Dark e principalmente Resident Evil usaram e abusaram das limitações de seus hardwares para entregar universos infernais que arrancaram a alma de quem os jogou com seus sustos. Alisa (lançado no Switch como Alisa: Developer's Cut) presta tributo a esses titãs assustadores, mas será que vale a pena descer à loucura? Abra essa caixa de surpresas.

Siga o coelho branco

No início do século XX, em um país europeu, Alisa é uma oficial de segurança do Império. Ela, ao lado de um parceiro, está na procura de um ladrão que roubou plantas secretas do Estado. Perseguindo o sujeito, a jovem é raptada por três aberrações que se parecem com bonecas de louça.

Acordando em um quarto com apenas uma pistola e um vestido de boneca, Alisa conhece o fantoche de mão Pol, que diz que o lugar se chama Dollhouse (Casa de Bonecas), com ele servindo como vendedor de armas, munições e método de salvamento. Cabe à jovem desvendar os mistérios do lugar, encontrar o ladrão e fugir do Inferno.

A história de Alisa não é muito complicada e algumas coisas ficam sem explicação, mas a lore e o que é mostrado são muito interessantes, agarrando com firmeza a sensação do terror antigo. A música e design são magníficos, evocando os sentimentos de desespero de uma forma que poucos jogos de terror atuais conseguem.

Quero brincar com você

A jogabilidade é um ponto curioso aqui. Ela parece ser intimidadora no início, já que Alisa fica parada quando deve atacar e só existem dois espaços para armas, além da movimentação dura e falta de suprimentos para se defender/curar. Porém, os controles do jogo são fáceis de se adaptar e desafiam o jogador a ter destreza e engenhosidade para sobreviver aos monstros, variando de bonecas simples a cabeças gigantes tiradas da mente mais doentia.

Para os fãs do gênero, existem diversos easter eggs divertidos, prestando homenagens às já citadas inspirações. Contudo, Alisa consegue ter sua própria identidade, trazendo uma experiência assustadora e cheia de momentos que gelam a alma. Talvez a minha favorita seja a dublagem propositalmente mal feita, onde as vozes não evocam os sentimentos das palavras ditas, mas ainda conseguem entregar o que referem.

Abismo sombrio

O que difere esta versão da lançada inicialmente para PC é a adição de novos itens, vestidos, suporte a novos idiomas e novos finais. Infelizmente, o jogo não tem suporte ao português, o que é um problema maior quando envolve os puzzles. Eles são simples, mas não deixa de ser uma pena que a opção da nossa língua não existe.

Sem entrar em spoilers, os novos finais também não são muito satisfatórios em comparação com o original, mesmo que eles sejam bastante legais e com direito a gráficos 3D dignos da época, com pouco polimento, mas muito charme. Por fim, em meio a tanta nova adição nessa caixa de brinquedos, teria sido interessante o acréscimo de bônus especiais, como artworks e modelos de personagens, para conhecermos ainda mais o carinho colocado nesse tributo.

Acorde, Alice

Alisa é uma surpresa bastante agradável, mesmo que tardia, para o Switch. Uma excelente adição à biblioteca do horror ao lado dos já mencionados clássicos, mas também de outros, como Outlast, Witch’s House e IB. Para aqueles que procuram um tributo ao doentio e macabro, Alisa é a mais certeira das homenagens às narrativas que assustam nossos sonhos.

Prós:

  • Ambientação assustadora e imersiva;
  • Vasta variedade de inimigos macabros;
  • Poucos recursos que obrigam o jogador a pensar e sobreviver;
  • Música e design fiéis à proposta;
  • Controles difíceis no começo, mas de fácil aprendizado;
  • Um tributo aos jogos de terror mais icônicos da história, mas que tem sua própria identidade.

Contras:

  • Falta de suporte ao português;
  • Falta de bônus especiais como artworks e comentários de desenvolvimento;
Alisa: Developer’s Cut — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida por Casper Croe

Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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