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Análise: Open Roads (Switch): uma jornada entre mãe e filha

O título da Annapurna traz um mistério familiar interessante e personagens cativantes.

A Annapurna Interactive é uma editora reconhecida por lançar jogos curiosos que frequentemente oferecem enredos envolventes. Sua mais recente aposta é Open Roads, uma aventura narrativa em primeira pessoa que, embora não alcance o patamar dos melhores produtos distribuídos pelo estúdio, apresenta uma história bem interessante.

Segredos de família

Em Open Roads, assumimos o papel de Tess, uma adolescente que acaba de perder sua avó Helen. Enquanto auxilia sua mãe Opal a empacotar os antigos pertences da falecida, nossa protagonista descobre uma chave misteriosa e algumas cartas que sugerem um amor secreto de sua avó.

Nesse contexto, mãe e filha embarcam em uma jornada em busca de pistas e respostas sobre o passado, revelando novos mistérios envolvendo toda a família. É importante destacar que, embora outros personagens não apareçam durante a aventura, Tess interage com seu pai e uma amiga através do celular em alguns momentos.

Apesar de a história não alcançar a mesma profundidade e densidade encontradas em outras obras do gênero, o mistério central é genuinamente intrigante e a reviravolta final é convincente e coerente com tudo o que é pré-estabelecido. Nesse sentido, as pistas são reveladas gradualmente ao longo da aventura, o que mantém o jogador engajado e ávido por desvendar todos os segredos.

No geral, a trama de Open Roads é bem escrita, desenvolvendo com eficiência suas personagens principais e destacando peculiaridades que as tornam pessoas reais, como medos, preocupações, anseios e esperanças. Além disso, a disponibilidade de legendas em português faz com que seja ainda mais agradável acompanhar essa narrativa.

Uma dupla cativante

Open Roads apresenta uma jogabilidade extremamente simples, consistindo principalmente em caminhar e interagir com objetos. Ao encontrarmos um item relevante, Tess o compartilha com sua mãe, desencadeando frequentes recordações do passado por parte da adulta.

Os ambientes em que nos aventuramos também oferecem elementos que fornecem informações mais básicas sobre as personagens, como um boletim escolar revelando as habilidades acadêmicas da protagonista ou uma máquina de café gerando um diálogo que evidencia o desgosto da adolescente por essa bebida.

Aqueles familiarizados com Gone Home e What Remains of Edith Finch notarão algumas semelhanças com Open Roads, embora este último seja mais simples e limitado em relação à distribuição de informações pelo cenário e à densidade dos assuntos discutidos pela trama.

Embora o enredo seja simples, a dinâmica entre a dupla principal é excepcionalmente convincente, retratando com precisão a relação de mãe e filha, com diálogos, expressões e comportamentos que refletem a imaturidade e o desenvolvimento em curso de uma, contrastando com as preocupações e experiências de vida da outra. Nesse sentido, a dublagem das personagens é impecável e contribui significativamente para dar vida a essas duas figuras, com Kaitlyn Dever interpretando Tess e Keri Russell dando voz a Opal.

Navegando em ambientes 3D e interagindo com personagens 2D

Um aspecto bastante curioso e charmoso é a maneira como o jogo combina elementos visuais distintos, apresentando ambientes tridimensionais que em muitos momentos beiram o realismo, enquanto as personagens são representadas por ótimas ilustrações 2D. 

O que acaba deixando a desejar é o fato de que, embora as animações de Tess e Opal sejam bem elaboradas, elas permanecem praticamente estáticas, com pouquíssimos movimentos e sem sincronização labial durante os diálogos. Esse aspecto destoa consideravelmente da intensa carga dramática proporcionada pela dublagem, o que  prejudica um pouco a imersão na narrativa.

Para finalizar, outro ponto que incomoda bastante é a lentidão da movimentação da protagonista. Entendo que não existe uma razão concreta para ser possível correr neste jogo, mas a velocidade de Tess é absurdamente baixa, tanto para caminhar quanto para virar a direção de sua visão, o que acaba deixando a aventura um tanto arrastada.

Uma aventura que vale a pena conferir

Open Roads oferece uma jornada emocionante entre mãe e filha, com uma história simples, porém muito interessante. Embora apresente alguns detalhes que incomodam, trata-se de uma experiência que certamente vale a pena ser vivida pelos apreciadores de aventuras narrativas.

Prós

  • História cativante, com mistérios e segredos familiares que são eficazes em manter nosso interesse ao longo de toda a jornada;
  • As personagens principais são bem desenvolvidas, com características realistas que as tornam críveis e cativantes;
  • A excelente dublagem contribui significativamente para dar vida às personagens;
  • Estilo visual charmoso, com ambientes 3D meticulosamente detalhados e personagens 2D habilmente desenhadas;
  • Legendado em português.

Contras

  • A falta de variação nas animações durante os diálogos contrasta com a qualidade da dublagem, diminuindo o impacto desses momentos de interação;
  • A protagonista se move de forma excessivamente lenta, o que deixa a aventura um tanto arrastada;
  • A jogabilidade extremamente simples, comum ao gênero, pode incomodar algumas pessoas.
Open Roads — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Annapurna Interactive

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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