Análise: Tokyo Xanadu eX+ finalmente chega ao Switch para somar ao catálogo de RPGs

Originalmente lançado em 2017, este é mais um excelente título da Nihon Falcom no console híbrido.

em 09/07/2024

A desenvolvedora Nihon Falcom tem uma reputação de excelência no cenário de RPGs de ação, com títulos de peso como a série The Legend of Heroes e Ys. Mesmo assim, eu apenas conhecia a empresa de nome, até decidir me aventurar em Tokyo Xanadu eX+, a versão definitiva do título lançado em 2017 para PlayStation Vita.


eX+ chegou primeiro ao PlayStation 4, não tardando para ser disponibilizado para PCs via Steam. Apesar de sua idade, temos aqui mais uma excelente adição ao catálogo de RPGs do Switch, com direito a todos os DLCs disponibilizados desde então.

Uma história que já conhecemos de outras eras

Certa noite, quando voltava de um de seus bicos noturnos, Kou Tokisaka, o protagonista do jogo, acaba seguindo Asuka Hiiragi, uma de suas colegas de classe, que está sendo assediada por dois delinquentes. Quando ele decide intervir, na tentativa de salvar a garota, os quatro são transportados para uma dimensão paralela, que mais tarde Asuka explica ser o Otherworld — e uma realidade com a qual a moça está mais do que acostumada.

Após esse acontecimento inicial (e de muita relutância por parte de Asuka), Kou finalmente aprende mais sobre o Otherworld: alguns portais, chamados de Eclipse, começaram a aparecer por toda Tóquio. Eles se manifestam por meio de sentimentos e emoções negativas das pessoas, como raiva, angústia e até mesmo inveja, e servem de alimentos para seres sobrenaturais conhecidos por Greeds.


Cada Eclipse é a porta de entrada para um labirinto (Labyrinth) diferente, sendo este normalmente controlado por um chefe poderoso denominado Elder Greed. A única forma de combater essas criaturas sombrias é empunhar armas chamadas Soul Devices, que representam a vontade das pessoas de triunfar sobre as negatividades da vida. 

Até aqui, a história não poderia ser mais diferente de outros títulos explorados em diversas mídias, como a própria série Persona, com a qual Tokyo Xanadu é fortemente comparado internet afora. E as pessoas não estão erradas: basicamente, temos aqui uma aventura que acompanha o dia a dia escolar e mundano de Kou e companhia, enquanto, em determinados momentos, precisamos nos aventurar nos labirintos sobrenaturais, de modo a salvar Tóquio dos Greeds.


Assim como em outros títulos do gênero, conhecemos novos integrantes do grupo à medida que avançamos na história. Cada um dos amigos de Kou tem personalidades distintas: Asuka Hiiragi é a típica tsundere que prefere não envolver o rapaz com esses incidentes sobrenaturais; Sora Ikushima é o ás do time de karatê da Morimiya High School; Yuuki Shinomiya é um brilhante hacker que prefere uma vida de reclusão; Shio Takahata debandou do grupo Blaze e agora procura seguir sua vida normalmente; a idol Rion Kugayama tenta conciliar sua carreira profissional como membro do grupo SPiKA com a de estudante colegial; e a enigmática Mitsuki Hokuto, terceiranista e líder do Conselho Estudantil, parece ter ciência dos acontecimentos em Tóquio.

Com auxílio de mais alguns personagens secundários, os seis formam um grupo chamado Xanadu Research Club, cujo objetivo é exterminar os Greeds que assolam o mundo real. Então, reforçando o que mencionei, sim, temos uma fórmula de sucesso incansavelmente explorada em quadrinhos, animações e jogos.

Trocando os turnos por ação em tempo real

No período pós-aulas, temos total autonomia para explorar Morimiya e arredores da forma que bem preferimos, com novos locais sendo desbloqueados ao longo dos capítulos. Desse modo, podemos completar missões paralelas, revisitar Labyrinths já concluídos, interagir com personagens e NPCs e até mesmo aproveitar minijogos, como andar de skate no Morimiya Memorial Park ou conferir as máquinas do Arcade Oasis, entre outras atividades cotidianas.

No entanto, Tokyo Xanadu realmente brilha nos combates, que fazem jus à expertise da Nihon Falcom no âmbito dos RPGs de ação. Cada personagem controlável tem uma afinidade elemental e um estilo de combate, o que torna a exploração das dungeons um desafio à parte. Por exemplo, embora Kou e Shio compartilhem do mesmo atributo (Fogo), o protagonista tem movimentos mais versáteis, enquanto o terceiranista da Morimiya High School tem uma postura mais defensiva, com ataques mais lentos, porém poderosíssimos.


Dessa forma, é importante levarmos em consideração a composição da equipe antes de adentrar uma dungeon, já que a afinidade elemental faz uma grande diferença na hora de enfrentar os inimigos. Ainda, temos alguns monstros que são resistentes a ataques mágicos, a especialidade de Asuka, enquanto outros são praticamente invencíveis se formos enfrentá-los com ataques físicos.

Os labirintos podem não ser tão inovativos em termos de quebra-cabeças e inimigos, mas enfrentar os Elder Greeds é o ápice do combate. Esses chefes são bastante agressivos e têm padrões elaborados de ações, então é necessário prestar atenção aos seus comportamentos a todo instante. Na dificuldade mais elevada, essas batalhas são o suprassumo do desafio que um Labyrinth pode oferecer, culminando em muita tentativa e erro (e uso de consumíveis), mas, uma vez vencidos esses chefões, a sensação de missão cumprida é indescritível. 


Pode ser que quem já acompanha os lançamentos da Nihon Falcom não tenha muitos problemas com os combates presentes em Tokyo Xanadu; já para pessoas como eu, cujo primeiro contato com um título da desenvolvedora é este port, a ação certamente é viciante. E se eu digo isso, é porque o jogo é, de fato, excelente no que se propõe.

Esta versão eX+ de Tokyo Xanadu traz conteúdos adicionais não existentes na versão original de PSVita, como consumíveis e equipamentos DLC. Porém, além dos inéditos modos Boss Rush e Time Attack, que dispensam comentários, temos as histórias paralelas (side stories) que aprofundam mais as personalidades e relações dos personagens, tirando um pouco o protagonismo de Kou.


Essas narrativas são opcionais e oferecidas após completarmos um capítulo principal, mas também podemos acessá-las posteriormente. No entanto, indico fortemente fazê-las assim que ficarem disponíveis, pois elas nos ajudam a entender melhor o universo de Tokyo Xanadu.

Para finalizar este tópico, o jogo traz um vasto compêndio com os monstros que enfrentamos e também vários tutoriais relacionados não apenas aos combates, mas também a outros elementos da campanha, que podem ser acessados em praticamente qualquer momento da aventura.

Um dos melhores ARPG no Switch

Em termos de performance, o jogo roda relativamente bem no Switch, tanto no modo portátil quanto na dock. Infelizmente, em alguns momentos pontuais, mais durante transições de cenas e algumas cutscenes, percebi quedas na taxa de quadros, porém nada que afetasse a ação em si, o que é um alívio.

Também quero elogiar (e muito) a trilha sonora do jogo, que, aliada à dublagem semi-integral em japonês, agrega muito à aventura do Xanadu Research Group. Os cenários do jogo, baseados em locais reais no Japão, também são um charme à parte, fazendo com que valha a pena explorar e conhecer cada esquina dessa Tóquio fictícia.

Claro, não temos aqui gráficos extremamente elaborados — trata-se de um jogo originário de PSVita, afinal —, mas, considerando o hardware já datado do Switch, Tokyo Xanadu se sobressai como um dos mais bonitos e estáveis jogos da biblioteca do console portátil.


Contudo, quero destacar o principal ponto negativo: a câmera. Travar um inimigo durante os combates é uma faca de dois gumes, já que isso, muitas vezes, leva o personagem que controlamos a se aproximar demais do alvo, o que afeta nosso campo de visão; não foram raros os momentos em que me vi encurralada entre elementos do cenário e inimigos, o que levou a game over várias vezes.

Para concluir a análise, também quero mencionar que a ausência de legendas em outros idiomas que não o inglês pode deixar algumas pessoas entediadas ou cansadas com a quantidade de diálogos durante a aventura, embora o entendimento da história em si não seja complexo. 

Idade não conta quando o jogo é bom

Tokyo Xanadu eX+ pode ter chegado tardiamente ao Switch, mas, mesmo com sete anos desde seu lançamento original, mostra que consegue ser tão bom quanto os RPGs mais recentes na biblioteca do console nintendista. Claro, não temos aqui uma história inédita ou original, porém, em termos de ação, temos neste título uma oportunidade de aproveitar mais uma excelente criação da Nihon Falcom — e que não depende de conhecimento prévio da série, como acontece com Ys e The Legend of Heroes.

Prós

  • Ótima ambientação baseada em locais reais de Tóquio, com muitas atividades para realizar quando não se está no Otherworld;
  • Os combates são o ponto alto do jogo, com várias particularidades que devem ser levadas em consideração antes de iniciar uma dungeon;
  • Os gráficos, embora datados, não fazem feio no hardware do Switch, tanto no modo portátil quanto na dock;
  • Os personagens são interessantes e únicos, e as histórias paralelas são uma ótima maneira de aprofundar seus papéis na história;
  • Presença de tutoriais que podem ser conferidos a praticamente qualquer momento;
  • A dublagem semi-integral em japonês e a trilha sonora são de ótima qualidade;
  • As batalhas contra chefes são empolgantes e desafiadoras, nos levando a analisar minuciosamente seus padrões em vez de apenas “partir para cima”;
  • Os modos Boss Rush e Time Attack, embora opcionais, garantem uma sobrevida ao jogo.

Contras

  • A câmera atrapalha (e muito) durante a exploração das dungeons;
  • A trama, incansavelmente explorada em diversas mídias, não traz elementos inéditos;
  • Alguns momentos pontuais apresentam quedas na taxa de quadros;
  • Sem legendas em outros idiomas que não o inglês.
Tokyo Xanadu eX+ — PS4/PC/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida por Aksys Games
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por Heru.
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