BGS 2024: experimentamos Jackbox Survey Scramble e conversamos com a Jackbox Games

Novo jogo da Jackbox está sendo desenvolvido para Switch e demais plataformas.

em 15/10/2024
Como parte da nossa participação na Brasil Games Show 2024, entrevistamos representantes da Jackbox Games que estavam no evento. Em particular, conversamos com a gerente de marketing global sênior Belia Portillo e o diretor criativo sênior Warren Arnold, que estavam no evento como parte da estratégia de fortalecimento da marca no Brasil.

Antes da entrevista, tivemos a oportunidade de jogar um trechinho do novo título da empresa. Atualmente, eles estão desenvolvendo Jackbox Survey Scramble, que será lançado para Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X|S em 23 de outubro. Assim como outros jogos recentes da franquia, o título estará disponível em português.

O conceito de Jackbox Survey Scramble é baseado na coleta de respostas de uma população sobre tópicos variados. A partir de uma determinada pergunta, devemos tentar adivinhar as respostas que foram selecionadas pelos participantes. A lista varia de acordo com a língua e região, fazendo com que haja discrepâncias regionais. Além disso, o jogo continuará sendo atualizado com o tempo, alterando os termos mais populares e menos populares.

Jackbox Survey Scramble terá quatro modos: "Melhor e Pior", "Correria", "Quadrados" e "Rebote". No primeiro, devemos tentar descobrir quais foram as respostas mais votadas e as menos votadas. Já no Correria, a ideia é revelar o máximo possível de respostas dentro de um tempo limitado. 

Também tive a oportunidade de testar o modo "Quadrados", que separa as respostas em categorias e força os jogadores a jogar uma espécie de "jogo da velha", descobrindo opções selecionadas que correspondem a cada quadrado. Por fim, o "Rebote" envolve duas equipes jogando as respostas mais para cima ou para baixo na tentativa de defender o seu gol. Esse foi o único que não foi possível experimentar.

Uma das minhas dúvidas sobre o jogo era como ele lidaria com palavras que possuem formas masculina e feminina, tendo em vista que o inglês geralmente possui muitos termos neutros. Durante nossos testes, foi possível ver que adjetivos passam por um tratamento para não serem repetidos por conta disso.

O mesmo não se aplica a sinônimos, então palavras como "lindo" e "bonito" foram tratadas como respostas diferentes. Esses pequenos detalhes são importantes de levar em consideração, pois afetam diretamente as estratégias possíveis na disputa e é interessante saber que houve o cuidado de ajustar as diferenças de gênero.

Durante a entrevista contei com a ajuda do meu amigo pessoal Gabriel Marçal, que também fez algumas perguntas. Sem mais delongas, aqui estão as perguntas e respostas da entrevista traduzidas do inglês:

Ivanir Ignacchitti - As respostas vêm de brasileiros?

Warren Arnold - Sim, toda vez que você responde o questionário, a resposta vai para o servidor. Nós só as coletamos para a língua selecionada. Essa é a área em que mantemos aquelas respostas, então você não vai ter respostas de americanos na base de dados brasileira.

Ivanir Ignacchitti - Então é sempre regional, não tem nenhuma opção de "escolhas mundiais"?

Belia Portillo - Sim, mesmo em inglês, os Estados Unidos têm uma resposta, o Reino Unido têm uma resposta, a Austrália têm uma resposta. São todos jogos diferentes.

Gabriel Marçal - Gostaria de saber sobre a demografia das escolhas. Sabendo isso, acho que dá para inferir melhor as respostas das pessoas. É mais uma população jovem? Mais homens? Garotas?

Warren Arnold - Não separamos as respostas em demografias, só região. Os jogadores não podem fazer isso, só sabem [que elas vêm do] "Brasil".

Belia Portillo - Toda vez que jogamos, isso afeta a divisão. Se a sua avó jogar, então ela também vai responder.

Ivanir Ignacchitti - Você poderia descrever os modos do jogo? Qual é o apelo de cada um?

Warren Arnold - Nós queremos pegar o que você já está fazendo e te levar a pensar sobre isso de uma forma diferente. Então para o Quadrados, em vez de pegar de uma lista, você tem que encontrar onde aquela resposta se encaixaria e tentar ser estratégico. No outro modo que virá depois, você pode saber qual é a quinta melhor respostas, mas isso pode não fazer diferença. Você pode se sentir confortável, mas então mudar a regra.

Ivanir Ignacchitti - Em termos da Jackbox Games, todo novo lançamento vocês trazem novas ideias. Como vocês pensam em todos esses minigames diferentes?

Warren Arnold - Todo mundo na nossa companhia é muito animado em relação a jogos. Alguém faz uma piada, outras pessoas se juntam e pensam no quão fundo conseguem ir com aquela ideia. Então nunca ficamos sem ideias porque todos são apaixonados. Algumas vezes não chegamos a lugar nenhum [com uma proposta], em outras pode se tornar um jogo por si só. Temos ideias o tempo todo.

Ivanir Ignacchitti - Como vocês chegaram na ideia do Survey?

Warren Arnold - Eu não estava pessoalmente lá quando o jogo foi concebido, mas eu sei que sempre estivemos interessados em saber o que nossos jogadores queriam fazer e o que colocariam em um jogo. Ter um jogo que está sempre mudando. Podemos jogar agora e daqui a seis meses pensar "ah, eu sei a resposta", mas não, já mudou. Sentimos que seria uma experiência diferente toda vez que jogamos. Assim mantemos a tensão do jogador.

Gabriel Marçal - Acho que esses são os melhores tipos de jogos da Jackbox. Aqueles que, em vez de poder ser um jogo de tabuleiro, usam a mídia de uma forma interessante.

Warren Arnold - Estamos sempre pensando nisso. Nos perguntamos "Isso poderia ser um jogo de tabuleiro?" e se pode, precisamos retrabalhar nele.

Ivanir Ignacchitti - E como vocês fazem para incentivar novas ideias dentro da empresa? Como vocês se organizam para isso?

Warren Arnold - Várias vezes isso é feito de forma bem casual, então alguém posta "tenho uma ideia, alguém gostaria de me ajudar?" no nosso canal do Slack. Em outras, pode vir de cima com o chefe falando "vamos fazer um jogo de curiosidades" e juntamos uma equipe para trabalhar nessa ideia. Então pode ser bem orgânico e solto ou quase como um band-aid.

Isso pode soar um pouco restritivo, mas, [mesmo nesses casos], sentimos que pertencemos [nessa discussão]. Para um jogo como esse, mencionamos há muito tempo que queríamos algo em que [os jogadores] pudessem sentir a sua contribuição para o jogo. Então é daí que veio a ideia. Como valorizamos isso? Esse é o cerne em que precisamos trabalhar.

No início, podemos ainda não saber qual é a ideia completa. O que sabemos é que queremos que as pessoas adicionem [algo àquilo]. Se pensamos em algo, digamos, Quiplash, vamos tentar fazer com que o jogador possa ser engraçado. É daí que começamos. Muitas ideias começam a chegar, anotamos no papel, tentamos adicionar piadas e de repente "aha, isto aqui é o nosso estilo". Você nunca sabe o que vai ser no final até chegar [nesse resultado].

Ivanir Ignacchitti - E com a tradução dos jogos para o português agora, vocês pensam em fazer isso para praticamente todos os títulos ou talvez venham alguns lançamentos menores em que as várias opções de línguas fiquem de fora?

Belia Portillo - Sim, não planejamos parar enquanto os brasileiros continuarem comprando, avaliando e curtindo o que fazemos. Absolutamente. Se o Brasil parar de prestar atenção nos nossos jogos e jogá-los, então sim, vamos parar.

*Risos*

Mas é, não temos planos de parar, planejamos lançar todo jogo em português no dia do lançamento. Frequentemente, videogames lançavam em português um ano depois, dois anos depois, ou no caso de umas outras companhias 30 anos depois. Queremos português no mesmo dia para que vocês tenham a mesma experiência que temos em Chicago.

Ivanir Ignacchitti - Muitos jogos da Jackbox dependem de contexto. Quando jogamos Jackbox Survey Scramble, o contexto das perguntas é bastante importante e a perspectiva muda de um país para o outro. Vocês sentem que é necessário fazer mudanças para cada país? E vocês sentem que aprenderam alguma coisa que puderam usar para o desenvolvimento?

Belia Portillo - Ah, sim, por exemplo, nunca teríamos o Warren escrevendo piadas para o Brasil. Ele não ia ser bom para isso.

*Risos*

Eles quase não me deixam fazer isso para os americanos também.

*Risos*

Precisamos contratar um "Warren brasileiro", não sei como ele se chama, mas não seria o Warren. Contratamos alguém que entende o nosso humor, é engraçado, e trabalhamos bem de perto com essa pessoa para garantir que ele entende e consegue passar o nosso senso de humor para a audiência.

Para jogos de perguntas e respostas sobre curiosidades, retiramos 25% do conteúdo, que são coisas sobre futebol americano e cultura pop, e trocamos por questões sobre a cultura pop brasileira, futebol brasileiro e outras coisas populares. Dessa forma, a experiência passa uma sensação autenticamente brasileira.

E sim, aprendemos muito [no processo], pensamos em novas formas de desenvolver nossos jogos pensando "como adaptamos isto para o mercado brasileiro?". Para o Survey Scramble foi difícil porque, se entrevistamos americanos, as respostas são totalmente diferentes, então temos que entrevistar pessoas de todo o mundo.

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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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