Mario & Luigi: Brothership repensa o papel de Luigi

Com menos controle direto do personagem, será que Luigi ainda é um protagonista da aventura?

em 20/11/2024

Quando pensamos na franquia Mario & Luigi, uma parte sempre importante na série é saber articular o uso dos dois irmãos para explorar os mapas e avançar. Porém, com o recente lançamento de Mario & Luigi: Brothership no Nintendo Switch, vemos uma curiosa mudança na forma como controlamos o bigodudo de roupa verde.

De um lado, Luigi agora tem uma certa autonomia para agir, o que aliena os jogadores do seu controle direto; de outro, temos uma forte presença dele graças à mecânica da Luigideia. Sendo assim, qual é o papel do Luigi na nova aventura?

Um Luigi automatizado

Uma das principais novidades para Luigi é o fato de que ele tem autonomia para se movimentar em paralelo ao jogador. Com isso, não precisamos, por exemplo, apertar o botão de pular para que ele pule.

Na estrutura dos jogos anteriores, era necessário sempre apertar o botão B para que Luigi pulasse. Agora, ele faz isso automaticamente, seguindo Mario a pouca distância. Em tese, isso deveria deixar o jogador mais livre para explorar, mas a verdade é que em alguns casos ele pode falhar nos pulos ou ter dificuldade em acompanhar os movimentos.

Caso Luigi se afaste demais, ele pode gritar “Mario” e pedir para voltarmos. Em algumas ocasiões, isso pode significar que o personagem controlado diretamente pelo jogador abandonará o que estiver fazendo e se encontrará com Luigi.

O engraçado é que o botão de pulo do Luigi ainda está disponível, mas, se o apertamos, é comum que o personagem apenas pule reto. Isso reduz a utilidade do botão, fazendo com que nosso controle direto do personagem raramente importe nesse aspecto.

Solicitando ação

Para lidar com certos puzzles e desafios, podemos solicitar que Luigi se posicione em uma determinada área apertando L. Quando é possível fazer esse pedido, uma aura verde aparece na tela para a região na qual o personagem irá se posicionar.

Esse mesmo sistema também é utilizado para pedir que o personagem colha plantas para conseguir dinheiro ou saia correndo atrás dos Lampalumes. Basta apertar L novamente para cancelar essas ações automatizadas do Luigi e fazer com que ele volte a seguir Mario.

Ao retirar Luigi de trás de Mario e colocá-lo para agir por conta própria, podemos realizar algumas façanhas interessantes, como emboscar os Lampalumes. Em alguns trechos de exploração, também podemos explorar mais rápido ou fazer com que os dois irmãos conquistem moedas em paralelo.

O jogo até brinca ocasionalmente com uma competição entre Mario e Luigi. Nesses momentos, os dois irmãos disputam para ver quem consegue coletar mais moedas e o jogador deve necessariamente assumir o papel de Mario.

Controle direto é protagonismo?

A mudança de controle direto para esse sistema mais secundário levou alguns fãs a se questionarem sobre o papel de Luigi em Brothership. Com o jogador assumindo o controle de Mario por padrão e só tendo que contar com o apoio indireto do irmão na exploração, o personagem ficou parecendo mais um ajudante do que um segundo protagonista.

No jogo, temos um momento de exceção, no qual assumimos o controle de Luigi. Quando vamos explorar a Ilha Bontrocado, podemos optar por enviar Luigi separado de Mario. Se fizermos isso, teremos um curtíssimo trecho de gameplay no qual controlamos o personagem sozinho para escapar de uma sala na qual ele é aprisionado junto a outras pessoas.

Porém, esse trecho é apenas opcional e é possível enviar Peach no lugar. Caso isso aconteça, o jogador não irá controlar a princesa, apenas passará a ter ambos os irmãos invadindo juntos a prisão, o que também facilita o combate.

Luigideia e a compensação de presença

Talvez até como uma forma de compensar as potenciais perdas da automatização, Luigi é uma figura ultraexpressiva no jogo. A todo momento, temos o personagem fazendo caras e bocas e protagonizando momentos cômicos.

Em termos de mecânica de jogo, isso também é verdade graças ao sistema de Luigideia. É Luigi quem pensa em novas formas para avançarmos pelas várias áreas e lidarmos com os chefes. Quando aparece um obstáculo, pode apostar que ele gastará um tempo refletindo e logo surgirá uma mirabolante forma de lidarmos com o desafio.

Outra forma como isso é compensado é na união entre os dois irmãos. Ao contrário de jogos anteriores, temos agora ataques intercalados em que ambos os personagens se ajudam a alcançar o máximo de dano possível. Um salto (ou uma martelada) de Mario só terá sua máxima potência se Luigi estiver por perto e apoiá-lo durante o movimento.

Irmãos em vez de extensões de si

Avaliando o jogo como um todo, a minha sensação foi a de que Luigi foi repensado para representar mais a fundo o senso de irmandade. Com isso, o personagem não é mais uma extensão do jogador a ser controlada diretamente na exploração, mas um indivíduo que nos ajuda e até compete conosco em alguns momentos.

Para mim, fica a expectativa de ver como um próximo jogo pensará o papel de Luigi e de Mario na experiência. Brothership repensa a presença de Luigi, tanto em sua autonomia quanto no esforço de mostrar sua rica habilidade de pensar em soluções para os desafios. Há espaço para melhores representações disso ou para dar um protagonismo que envolva ainda mais o controle do jogador sem deixar o personagem parecer um auxiliar do Mario. E vocês, o que têm pensado sobre a figura do Luigi no novo RPG?

Revisão: Davi Sousa

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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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