Lufia: The Legend Returns — o último confronto contra os Sinistrals

O terceiro título da série trouxe alguns elementos de gameplay intrigantes e encerrou com competência o conflito contra os quatros seres divinos.

em 22/01/2025
Lançado em 2001 para o Game Boy Color, Lufia: The Legend Returns é o terceiro título da série. Misturando elementos de exploração típicos de roguelikes com um sistema de combate por turnos interessante, o jogo consegue se destacar de forma bastante positiva entre os RPGs disponíveis no saudoso portátil da Nintendo.

Um novo ressurgimento dos Sinistrals

Desconsiderando um spin-off e um remake, a série Lufia é composta por três obras principais. Trazendo uma trama contínua entre seus títulos, a franquia narra a luta de diferentes heróis contra os Sinistrals, seres misteriosos e quase divinos que ressurgem ao longo das gerações.

A história de The Legend Returns se passa aproximadamente 100 anos após os eventos de Lufia & the Fortress of Doom, que, embora tenha sido o primeiro jogo lançado, é cronologicamente o segundo da série, sendo precedido em outros 100 anos por Lufia II: Rise of the Sinistrals.


A trama dessa entrada se inicia com um jovem guerreiro chamado Wain conhecendo uma vidente chamada Seena, a qual, seguindo uma misteriosa visão, chega ao vilarejo do protagonista desejando formar um grupo poderoso para embarcar em uma grande aventura. 

Nesse contexto, a recém-formada dupla parte em direção a uma lendária torre nas proximidades. No topo da estrutura, eles se deparam com Gades, o Sinistral da Destruição. Incapazes de derrotá-lo, Wain e Seena decidem se fortalecer e reunir aliados para enfrentar não apenas Gades, mas também os outros Sinistrals, que parecem estar ressurgindo um a um, trazendo caos e terror ao mundo.


A história de The Legend Returns é simples e muitos de seus eventos são previsíveis. No entanto, o jogo compensa isso com personagens carismáticos, cujas interações são cheias de humor, especialmente nas conversas entre Wain e Seena. Além disso, alguns vilões que encontramos ao longo da jornada possuem um tom igualmente cômico, o que acaba deixando a aventura bastante leve.

Explorando masmorras aleatórias

Assim como em muitos RPGs da época, The Legend Returns apresenta um mapa-múndi para exploração, onde os encontros com inimigos ocorrem de forma aleatória. Como de praxe, o game conta com diversas cidades e vilarejos, com cada um deles oferecendo comércios essenciais, como lojas de armas e itens e pousadas.

O verdadeiro diferencial do jogo se revela nas masmorras, nas quais os monstros são visíveis e os confrontos se iniciam ao nos aproximarmos deles. Semelhantemente a um Mystery Dungeon, a movimentação dentro dos calabouços ocorre como se fosse em turnos, com os inimigos se movendo uma vez após cada ação que realizamos.


Um dos aspectos mais interessantes é o fato de as dungeons e seus andares serem geradas proceduralmente. Isso significa que cada piso é aleatório, e o simples ato de voltar pela escada para um nível anterior altera totalmente a sua configuração. Durante a exploração, é possível paralisar os monstros à distância com um golpe específico ou usar a espada para cortar gramas, que podem esconder baús, e quebrar paredes, que podem ocultar passagens secretas ou itens valiosos.

Graças a esse aspecto, o jogo acaba entregando uma experiência semelhante à de um roguelike, no qual a investigação completa das masmorras pode recompensar o jogador com itens valiosos, como poções, e mecanismos úteis, como portais que restauram completamente os personagens. Como era de se esperar, o fator sorte desempenha um papel significativo, adicionando uma certa tensão a cada excursão.


O principal problema dessa abordagem é que muitas das dungeons possuem visuais muito similares. Além disso, embora a descoberta de áreas ocultas seja satisfatória, há pouca variação em termos de geografia e mecânicas de navegação. Como resultado, considerando que o título é longo e que alguns dos calabouços podem ter muitos andares, a exploração tende a se tornar cansativa antes de chegarmos ao final da jornada.

Combates por turnos com nuances de estratégia

Lufia: The Legend Returns traz um sistema de combate por turnos igualmente intrigante, no qual podemos utilizar uma equipe com até nove integrantes (o jogo apresenta 13 heróis). É importante destacar que os nossos personagens são posicionados em uma grade composta por 3 colunas verticais e 3 colunas horizontais.


Além dos ataques padrão e das magias, cada combatente pode usar habilidades especiais que consomem IP (Infuriating Points), uma barra que se preenche à medida que o sujeito sofre dano. Essas técnicas variam de golpes poderosos a magias de suporte e são aprendidas através de itens chamados Ancient Texts, os quais podem ser encontrados nas masmorras.

Embora a ordem dos ataques seja determinada pela velocidade dos lutadores, no início de cada turno, o jogador pode escolher um personagem de cada coluna vertical para agir, totalizando três ações por período. Quanto às colunas horizontais, há um aumento progressivo no dano causado e sofrido, com os membros da primeira fileira sendo mais fortes e vulneráveis em comparação com os das fileiras subsequentes. Se todos os três indivíduos da primeira fila morrerem, ocorrerá um game over.


E não para por aí: o posicionamento dos heróis também é crucial devido às suas Spiritual Forces, uma individualidade semelhante aos tradicionais elementos, representada aqui por quatro cores: vermelho, amarelo, verde e azul. Cada personagem possui uma dessas tonalidades, e as fileiras horizontais e verticais combinam os valores dessas paletas.

Para exemplificar: se o sujeito na primeira posição (na parte superior esquerda) tiver 15 pontos vermelhos, os dois aliados à sua direita e os dois abaixo dele também terão esses mesmos 15 pontos vermelhos, além dos seus próprios pontos naturais. Vale destacar que, para aumentar o valor do Spiritual Force de um combatente, utilizamos os Learning Points (LP), que são adquiridos com as vitórias em combate.

Em muitas situações, a quantidade de Spiritual Force de um personagem é um requisito para a utilização de certas habilidades de IP, pois muitas delas exigem um valor mínimo em várias cores para serem ativadas. Além disso, cada tonalidade oferece um aumento específico em determinados atributos dos lutadores, como o aumento de ataque para o vermelho ou de velocidade para o amarelo.


Considerando que é possível modificar a disposição dos indivíduos no início de cada turno, Lufia: The Legend Returns acaba possuindo uma forte nuance estratégica, na qual a disposição dos indivíduos pode ser livremente moldada e adaptada com base no inimigo que estamos enfrentando. Embora seja um pouco complicado de se compreender no início, após pegarmos o jeito, o sistema de combate se torna muito satisfatório e viciante.

Uma boa conclusão

Lufia: The Legend Returns é um RPG curioso e divertido, além de ser uma boa conclusão para a história principal da série. Embora suas mecânicas de exploração possam se tornar cansativas com o tempo, seu sistema de posicionamento e as Spiritual Forces criam uma dinâmica muito interessante para o combate, fazendo com que cada luta seja envolvente e bastante estratégica.


Revisão: Davi Sousa
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Lucas Oliveira
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