Sete anos depois, em 2021, o céu se tornou mais alto quando Guilty Gear -Strive- foi lançado, solidificando a série no panteão popular com seu estilo bombástico e animações de qualidade. Chegamos então em 2025, com o aguardado port para Switch. Mas será que a emoção da batalha continua tão forte quanto nos outros sistemas? Venham comigo, está na hora do combate.
Guilty Gear, por muito tempo, foi conhecido por sua jogabilidade complexa e intimidadora para iniciantes, entupida com combos extremamente longos. Bonitos de ver? Com certeza. Cansativos de executar? Óbvio. Com Strive, essas mecânicas foram suavizadas, mas não completamente retiradas. Exemplo: Roman Cancel (RC) é uma das maiores características da série, cancelando o endlag (a reação tardia de um movimento) de combos para poder conectar os ataques seguintes com maior precisão.
Com o simples apertar de três botões e com três níveis diferentes de RC (dependendo da cor na barra no canto inferior da tela), a mecânica pode prover, além do cancelamento de endlag, um aumento de dano no ataque ou interceptar a ofensiva inimiga, livrando o jogador do combo e podendo contra-atacar. Além disso, os comandos respondem extremamente bem, engajando combos bastante satisfatórios, golpes especiais cheios de energia e impactos poderosos.
Com dificuldade para pegar no jeito? O jogo contém diversos modos para melhorar suas habilidades, como Treino e Missões, para executar combinações específicas. Também há o modo Arcade, que se adapta com o desempenho do jogador, podendo ficar mais fácil ou difícil com o desenrolar da campanha, algo bastante legal e difícil de ver em jogos de luta.
O port do Switch contém 28 personagens, sendo que alguns eram DLCs nas versões anteriores, todos emanando personalidade e carisma (inclusive com uma brasileira no elenco, Giovanna). -Strive- é conhecido como um dos jogos de luta mais expressivos, com poses bombásticas, golpes cheios de potência e movimentação fluida, boa parte graças à escolha da Arc System de manter (e melhorar) o celshading de Xrd e deixar tudo mais brilhante e expressivo.
Não apenas isso, mas o jogo roda muito bem no Switch. O tempo de carregamento é relativamente rápido (com poucas ocasiões em que demora um pouco), mas a renderização dos modelos dos lutadores e especialmente dos belíssimos estágios é surpreendente, seja no modo portátil ou na TV, trazendo o espetáculo que apenas Guilty Gear consegue emanar; a trilha sonora é fenomenal, o suco mais forte de rock and roll, com ritmos inesquecíveis e letras extraordinárias (é impossível ficar na tela de carregamento antes da luta e não ficar empolgado com Sky Should be Higher).
-Strive- tem uma excelente conexão online graças ao sistema rollback netcode (sem crossplay, porém), além de um divertido sistema online de sociabilidade. Criando seu avatar pixelado, você interage com outros jogadores para assistir seus replays e desafiar para lutas, tudo de uma forma bastante intuitiva e divertida, além de criar salas de luta para poder unir jogadores.
Em análises passadas, eu disse que todo relançamento que se preze deve incluir rascunhos e desenvolvimento de seus jogos para fins de preservação e curiosidade. Esse meu pensamento se estende inclusive para ports de remakes e -Strive- preenche este quesito por osmose, uma vez que todo seu conteúdo de tributo (como artes conceituais e trilha sonora acessível) já estava disponível nas versões de outros sistemas.
Notem, no entanto, que até agora eu não mencionei a história do jogo. Uma história muito bem escrita, a conclusão da odisseia de Sol Badguy contra That Man, o criador das Gears e todo conflito da série. Inclusive facilmente assistida por um longa metragem no jogo. O asterisco na questão, no entanto, encontra-se em como toda essa tonelada de informações pode assustar jogadores novatos, mesmo com os resumos e linhas cronológicas disponíveis para explicar toda a novela.
Normalmente eu apontaria a falta de tradução para português brasileiro como um enorme defeito, mas já foi confirmado que ela chegará este ano, então não é um problema à primeira vista. O único problema é que os itens da Galeria são desbloqueados via um modo chato de pescaria, repetitivo e entediante.
Guilty Gear -Strive- já é considerado um dos melhores jogos de luta atuais e sua adição ao Switch, mesmo que tardia, é bastante bem-vinda. Pode ser um tanto intimidador para novatos por sua alta expressividade e pode incomodar veteranos por certas simplificações da jogabilidade, mas é ainda um título obrigatório para fãs do gênero.
Se a gameplay te assusta, pelo menos aprecie a fluidez do combate no replay de outros jogadores, o carisma de seu elenco e, obviamente, a sua trilha sonora. Glorioso, poderoso, rock.
- Excelente performance no Switch, seja no modo portátil ou na TV;
- Elenco de peso, com 28 personagens únicos e extremamente carismáticos;
- Trilha sonora absurdamente bem feita;
- Jogabilidade viciante, fácil de pegar o jeito e divertida de masterizar;
- Modo online que funciona muito bem;
- Atuação de voz de ponta e tradução em inglês excelente (com legendas em português brasileiro a serem adicionadas).
Contras
- Apesar da história muito bem escrita, a quantidade imensa de contexto e explicação pode confundir novatos na franquia;
- Itens da Galeria serem desbloqueados via pescaria é repetitivo e extremamente entediante;
- Alguns carregamentos demorados, mas bem raros.
Guilty Gear -Strive- — Switch/PC/PS4/PS5 — Nota: 9.5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia cedida pela Arc System Works