Robobeat, é o roguelike rhythm shooter onde você toma o lugar de Ace, um caçador de recompensas buscando por seu último alvo, para isso você terá que correr, pular, deslizar, andar pelas paredes e atirar tudo no ritmo da música enquanto enfrenta dezenas de inimigos com armas variadas, incluindo uma raquete de tênis de mesa.
Confesso que essa proposta me pareceu bastante ousada: colocar tiroteios frenéticos, sincronização musical e mapas aleatórios em um único pacote não é uma tarefa trivial. Ainda assim, mergulhei com curiosidade para descobrir se o resultado final seria satisfatório levando em conta tanto as qualidades quanto os problemas que encontrei ao longo das minhas sessões de jogo no Nintendo Switch.
Atirar sem perder o ritmo
A ambientação de Robobeat remete a um futuro tecnológico cheio de neon, onde tudo gira em torno da música e dos combates contra inimigos robóticos. A história em si não é o destaque: há uma justificativa mínima para a ação acontecer, mas não existe um enredo profundo ou personagens complexos. Se você gosta de tramas elaboradas, provavelmente vai achar o mundo de Robobeat um tanto raso. Entretanto, achei que a atmosfera eletrônica cumpre seu papel ao criar um cenário divertido e coerente com a proposta de sincronizar disparos com batidas.
Esse tom de show futurista está presente em cada sala, cada tiroteio e cada efeito visual. Apesar de tudo, não deixa de ser algo repetitivo se você busca surpresas narrativas ou grandes reviravoltas. Na minha experiência, encarei o enredo apenas como um pano de fundo para a ação rítmica. Para mim, funcionou como se fosse um festival de música eletrônica onde o mais importante é manter o ritmo e a adrenalina alta, sem muito espaço para diálogos ou pontos de virada.
Rogue-like rhythm shooter
A proposta de misturar três gêneros distintos se revela. Vou passar por cada aspecto para deixar claro como percebi o desempenho do jogo em cada um deles.
A parte de tiro em primeira pessoa é, sem dúvidas, o ponto alto de Robobeat. A movimentação é ágil, permitindo correr pelas paredes, saltar para outra superfície e continuar a corrida sem perder velocidade. No começo, confesso que achei isso um pouco confuso, pois eu precisava me acostumar a mirar e atirar enquanto pulava pelas paredes. Entretanto, bastaram algumas mortes para eu pegar o jeito e ver que a ideia se encaixa muito bem no ritmo do jogo. Ter a liberdade de transitar pelo cenário com saltos e corridas nas paredes, ao mesmo tempo em que acerta tiros certeiros, traz uma boa dose de diversão e desafio.
Embora eu aprecie jogos rítmicos, em Robobeat senti um desalinhamento considerável entre a música e a ação, principalmente quando eu jogava na TV.
As músicas do jogo tem tempos variados, de modo que você deve ir devagar ao enfrentar os inimigos para se acostumar com a batida. O jogo exige bastante no começo, o visual e a experiência podem afastar jogadores que não estão acostumados com o gênero roguelite. É preciso correr, pular, mirar, atirar, carregar poderes e, simultaneamente, prestar atenção às barras de ritmo para que cada disparo conte como acerto bônus. Falhar nesse timing repetidamente faz com que o jogo perca um pouco da graça, pois você não causa dano aos inimigos. Na prática, houve momentos em que desliguei a função rítmica para curtir apenas o FPS, e, sinceramente, me diverti muito assim em algumas sessões.
Cada nova tentativa oferece salas diferentes, disposição de inimigos aleatória e itens que mudam seu estilo de jogo. Porém, achei que a evolução das fases pode ser meio repetitiva. Boa parte das salas se resume a hordas com inimigos que não variam muito. Essa repetição, somada à necessidade de recomeçar sempre do zero, pode tornar a progressão cansativa para quem gosta de sentir a evolução clara de personagem ou variedade de adversários, mas não atrapalhou a minha experiência com Robobeat
Eu senti que existe uma conexão entre os três gêneros e em um certo ângulo eles se casam, o jogo é divertido e cumpre o que se propõe proporcionando uma boa combinação no final das contas.
Futurista e bonito
Eu diria que Robobeat tem uma direção de arte bem chamativa, com cores vibrantes e ambientes futuristas que lembram uma boate neon. As texturas não são super detalhadas, mas o estilo minimalista funciona a favor do ritmo frenético. Algumas pessoas podem achar repetitivo, já que muitos cenários seguem a mesma linha de design, mas eu gostei do contraste entre as luzes e as superfícies metálicas. Cada inimigo se destaca bem no cenário, ajudando a manter a visibilidade durante os combates mais agitados.
As texturas e personagens inimigos lembram o jogo Superhot, mas Robobeat opta por um visual mais colorido, com luzes e efeitos que piscam ao ritmo da trilha sonora. Esse tipo de design combina muito com a proposta musical, e se encaixa perfeitamente na proposta do jogo.
O jogo pede que você atire no ritmo da música, então é óbvio que a trilha sonora assume um protagonismo grande. A maioria das faixas seguem uma pegada eletrônico/rock com tempos diferentes, mas sempre perfeitas para o tiroteio do jogo. A variedade de faixas faz com que a sua experiência mude em cada mapa ou boss que você enfrenta. As músicas não são ruins, mas senti falta da opção de colocar como opção quaisquer músicas a sua escolha como o jogo tem na versão de PC.
No que diz respeito aos efeitos sonoros, as armas e explosões têm um impacto interessante, e a mixagem faz com que cada disparo seja diferente. Gostei especialmente de quando consigo atirar no tempo certo da batida, pois o som de acerto gera uma satisfação extra, quase como um “click” perfeito em um jogo de ritmo.
Afinado no Switch
Minha experiência no Nintendo Switch foi relativamente boa no quesito performance. As taxas de quadros permanecem sólidas na maior parte do tempo, mesmo com vários inimigos e efeitos na tela. Não notei travamentos frequentes ou quedas bruscas de desempenho.
No geral, os carregamentos não são excessivos, e os menus respondem bem. Não me deparei com bugs graves ou crashes recorrentes que prejudicaram minha progressão. Em termos de estabilidade, não tenho grandes reclamações. De modo geral a minha experiência foi fluida o bastante para que eu aproveitasse as partidas sem pensar muito em problemas técnicos.
O jogo conta com menus intuitivos e um tutorial rápido que explica como alinhar o timing das batidas com seus disparos. Há uma opção de calibragem de áudio que ajuda a compensar o delay de cada tipo de modo de jogo. De todo modo, gostei da possibilidade de personalizar o esquema de controles e sensibilidade da mira, além de poder optar por desligar a parte rítmica. Em vários momentos, preferi simplesmente curtir o jogo como um FPS rápido, pois essa camada extra de mecânica musical não me atraía tanto quanto eu esperava.
A interface é bem clean: ao iniciar, rapidamente escolho se quero voltar a uma run anterior ou começar tudo do zero, algo típico de um roguelike. A experiência de usuário aqui é direta, voltada para a ação, sem enrolações ou menus complicados.
Concluindo
Robobeat é um jogo que brilha ao oferecer um FPS e roguelike com movimentação ágil e combates intensos, mas fica devendo na hora de entregar uma experiência rítmica realmente fluida e diversificada. A dificuldade de sincronizar áudio e imagem, somadas à trilha sonora que não pode ser alterada, fazem com que o conjunto tenha altos e baixos. Ainda assim, considero-o bom para quem gosta de testar propostas diferentes e não se incomoda em calibrar o timing ou simplesmente desativar a camada musical de vez em quando.
Prós:
- A mecânica do FPS com movimentação livre cria uma atmosfera muito única para o jogo
- É um jogo do gênero roguelike que cumpre sua proposta e oferece rejogabilidade;
- Customização dos controles e menus fáceis de utilizar, focando direto na ação e na música.
- Visual futurista e colorido sem muita complexidade de texturas e gráficos mas complementa muito bem a parte rítmica do jogo.
Contras:
- Falta de opção de uploads de músicas apresenta uma certa limitação ao jogo no console ;
- O ritmo pode atrapalhar a jogabilidade para alguns jogadores;
- O nível de dificuldade do jogo é exponencial e pode tornar a experiência pouco cativante.
Robobeat — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida por Kwalee