A série Cruis’n é sinônimo de corridas frenéticas, pistas exóticas e uma jogabilidade que coloca a diversão acima de qualquer realismo. Desde os anos 90, a franquia tem sido uma presença constante nos consoles da Nintendo, trazendo a experiência das máquinas de arcade para a tela da TV.
Ainda que sempre presente em estabelecimentos dedicados a jogos, como fliperamas, os títulos também lançados Nintendo 64 sempre estiveram presentes e até hoje são muito populares, mas a franquia quase desapareceu. Vamos lá relembrar esses clássicos de corrida.
Cruis’n USA (Nintendo 64 – 1996)
O título original foi lançado nos arcades em 1994 e convertido para o Nintendo 64 em 1996. Assim, Cruis’n USA foi um dos primeiros títulos de corrida do console. O jogo era uma adaptação direta do arcade da Midway e trazia pistas inspiradas em locais reais dos Estados Unidos, mas com os primeiros, ainda que singelos exageros que viriiam a ser a marca da série, além de um estilo visual chamativo e uma trilha sonora animada.
No Nintendo 64, Cruis’n USA se destacou de títulos como Ridge Racer 64 e Wave Race 64, ambos trazendo abordagens diferentes. Enquanto esses jogos apostavam em mecânicas mais refinadas ou físicas mais realistas, Cruis’n USA oferecia uma experiência mais descompromissada, semelhante à das máquinas de fliperama.
Em outras plataformas, jogos como Daytona USA, no Sega Saturn, e Need for Speed, no PlayStation, disputavam a atenção dos fãs de corrida arcade, com Daytona USA apostando em física mais técnica e Need for Speed trazendo um estilo mais voltado ao realismo.
Cruis'n USA, como o primeiro da franquia ainda guadava muitas similaridades com outros títulos do gênero de corrida arcade da época. Mas os jogos seguintes foram se incaminhando para um formato ainda mais descontraído, adicionando elementos mais surreais e estilizados.
Cruis’n World (Nintendo 64 – 1998)
Dois anos depois, a sequência Cruis’n World expandiu a fórmula original, levando o caos das corridas de Cruis’n para fora dos EUA, apresentando mapas ao redor do mundo. Além dos novos cenários exóticos, o jogo trouxe melhorias gráficas e novos veículos. Seu maior diferencial foi a introdução de manobras aéreas, como giros e saltos exagerados, tornando a jogabilidade ainda mais voltada ao estilo arcade, se afastando ainda mais das propostas realistas.
Na mesma época, o Nintendo 64 também recebeu títulos como F-Zero X e Extreme-G, que apostavam em um estilo futurista e de jogabilidade mais rebuscada. No entanto, Cruis’n World manteve seu público ao continuar oferecendo corridas acessíveis, caóticas e muito menos compromissadas.
Na mesma época, outro grande clássico das corridas arcade e que bebia do estilo maluco de Cruis’n, San Francisco Rush, já estava circulando, gerando uma competição pela atenção dos jogadores que se interessavam mais pelos títulos de corrida mais malucos. Mas Cruis'n World ainda se destacava com suas 14 pistas de cidades reais.
Cruis’n Exotica (Nintendo 64 – 2000)
Seguindo a linha de seu antecessor, Cruis’n Exotica, que também teve uma versão para Game Boy Color trouxe cenários ainda mais surreais, mas chutando completamente o balde, incluindo até mesmo pistas ambientadas em planetas alienígenas. A jogabilidade foi mantida, mas com um polimento gráfico e mais opções de veículos.
Exotica, no entanto, chegou ao fim da vida útil do Nintendo 64, enfrentando a transição para a nova geração de consoles. E da mesma forma, as máquinas arcade de Exotica são mais difíceis de encontrar se comparadas com os dois primeiros títulos.
O jogo trouxe uma variedade ainda maior de veículos, incluindo carros futuristas e até mesmo pistas que remetem a momentos pré-históricos, com a presença de criaturas como dinossauros. As pistas eram mais diversificadas e cheias de elementos interativos, contribuindo para um nível de loucura ainda maior do que os títulos anteriores.
Cruis'n Exotica foi a última entrada da série desenvolvida para o Nintendo 64, marcando o fim de uma era para a franquia nos consoles da Nintendo por quase uma década. E o que isso quer dizer? Não tivemos nenhum título da franquia Cruis’n no Gamecube, mas em 2001 ainda tivemos Cruis'n Velocity para Game Boy Advance. Apesar disso, a franquia não havia morrido, retornando apenas em 2007.
Cruis’n (Wii – 2007)
Após um longo hiato, a série retornou ao console Wii com Cruis’n, um jogo que, na prática, era uma adaptação de The Fast and the Furious, arcade lançado pela Raw Thrills, em 2004. Com gráficos melhorados e suporte aos controles de movimento do Wii, o jogo manteve a identidade da franquia, mas não teve a mesma recepção dos títulos anteriores, sendo, provavelmente, o título mais desconhecido — e diria menos inventivos — da franquia.
Neste período, os jogos de corrida haviam evoluído bastante, com Mario Kart Wii dominando o mercado no console da Nintendo e franquias como Burnout e Need for Speed dominando os demais consoles. Burnout Paradise, no PlayStation 3 e Xbox 360, redefinia o conceito de corrida arcade com exploração de mundo aberto e destruição de veículos, algo que contrastava com o formato mais tradicional de Cruis’n.
Curiosamente, Cruis’n tinha uma apresentação mais séria, embora tentasse manter algumas características anteriores da franquia, mas não tinha nenhuma inovação e pareceu parado no tempo em relação aos demais títulos da época. O que garantiu que Cruis’n ficasse na geladeira novamente, mas, dessa vez, por mais de uma década.
Cruis’n Blast (Nintendo Switch – 2021)
Quase 15 anos após o último título, o retorno triunfal da série veio com Cruis’n Blast, lançado para o Nintendo Switch. O jogo trouxe gráficos vibrantes, jogabilidade acelerada e um tom exagerado que remete aos melhores momentos da franquia (principalmente ao Cruis’n Exotica) com pistas repletas de explosões, dinossauros e eventos absurdos.
Cruis’n Blast foi bem recebido pelos fãs e se destacando como um dos poucos jogos de corrida arcade no mercado atual. Abraçando o caos e a falta de realismo com orgulho, reinaugura um nicho que praticamente havia se perdido.
O jogo, que se importa muito mais com a diversão e captar as nuances do que havia de melhor nos arcades de corrida dos anos 90, emplacou nesse momento em que há muitos simuladores de corrida ultrarrealistas, aos quais as únicas alternativas eram, quase que exclusivamente, Mario Kart e seus “clones”.
Cruis’n sempre presente nos arcades
Embora por duas vezes Cruis’n tenha ficado na geladeira, parecendo não ter mais lugar nos consoles, não apenas voltou, sempre tentando aprimorar seu estilo, como nunca desapareceu efetivamente, isso graças especialmente aos fliperamas.
Seja em casas dedicadas aos arcades, shoppings e outros estabelecimentos que possuem máquinas arcade, quase sempre é possível encontrar algum título da franquia, mantendo os Cruis’n clássicos frescos na memória dos jogadores.
A série sempre se manteve fiel às suas raízes, oferecendo corridas acessíveis e divertidas sem se preocupar com simulação ou realismo. Nesse momento, onde muitos jogos do gênero buscam um equilíbrio entre arcade e simulação, Cruis’n continua sendo uma das poucas franquias que apostam na experiência clássica dos fliperamas, se agarrando aos absurdos que poucos títulos se permitiam explorar.
Seja pelos seus visuais exagerados, pistas cheias de surpresas ou pela jogabilidade descompromissada, Cruis’n conquistou seu espaço na história dos jogos de corrida e permanece como um nome icônico nos consoles da Nintendo. Seria muito bom reencontrar títulos tão clássicos no NSO.
Revisão: Cristiane Amarante