Análise: Tails of Iron 2: Whiskers of Winter traz um inverno belo, cruel e cativante ao Switch

Este novo capítulo do conflito entre espécies é impiedoso, mas recomendado no console da Nintendo.

em 13/02/2025

Em 2021, tive a honra de analisar o primeiro Tails of Iron para o GameBlast. Na época, chamei a obra do Odd Bug Studio de uma grata surpresa, muito devido ao seu sistema de combate divertido e a sua fantástica apresentação, que lembrava uma sombria fábula ilustrada. Logo, as minhas expectativas para Tails of Iron 2: Whiskers of Winter não poderiam ser melhores. Felizmente, a maioria delas foi correspondida, pois esta sequência traz uma aventura impiedosa como o inverno, mas indubitavelmente cativante em seus atributos.

O inverno está chegando

Apesar do “2” em seu título, Whiskers of Winter não é exatamente uma sequência direta do ponto de vista narrativo, o que significa que a história aqui se passa no mesmo universo do primeiro jogo, mas em terras bem distantes das do Rei Rattus e de seu sucessor Redgi, antigos protagonistas. 

Mais especificamente, desta vez, somos apresentados às terras gélidas do Norte, onde o lorde guardião perece diante dos Asas Negras, um terrível e amaldiçoado exército de morcegos malignos, muito citado em lendas antigas.

Sem a figura-chave do lorde para liderar o seu povo nesse tempo de catástrofes, cabe então a Arlo, o seu filho adotivo e novo protagonista, assumir a Coroa Invernal. Com o símbolo da realeza, vem a missão de proteger os ratos do norte, enfrentando e vencendo a aparição das ameaças aladas que muitos acreditavam ser apenas folclore. Assim começa esta aventura — pronto(a) para encará-la, caro(a) leitor(a)?

O norte se lembra

Tails of Iron 2 segue a premissa do primeiro jogo, mas mergulha um pouco mais fundo na fonte de suas várias influências soulslike. Na prática, então, temos aqui um jogo de aventura 2D com leves sistemas de RPG e um grande foco no combate, que exigirá do jogador bastante atenção e destreza para conseguir progredir.

Sobre isso, apesar de contar com um grande leque de armas e recursos equipáveis, como poções e armadilhas, o que faz realmente a diferença em Whiskers of Winter é memorizar os padrões inimigos e saber a hora certa (ou pelo menos recomendada) de atacar, aparar, defender e esquivar. 

Para ajudar na assimilação desse processo, a Odd Bug Studio incluiu marcadores visuais na maioria dos golpes dos inimigos — uma tendência que tem se tornado cada vez mais presente em jogos de ação.

Basicamente, um indicador amarelo aqui sinaliza que o golpe em questão pode ser aparado e abrir espaço para um contra-ataque, enquanto os brancos podem ser defendidos livremente e os vermelhos indicam uma esquiva obrigatória para poupar a vida de Arlo ao máximo.

Bem, quem jogou o primeiro Tails of Iron já sabe que ratos, mesmo com armadura, não são exatamente os mamíferos mais resistentes da natureza, então não chega a ser uma surpresa o fato de que são necessários normalmente pouquíssimos golpes para tombar o protagonista.

Investir em equipamentos mais pesados pode ser uma solução para aguentar mais tempo em combate, mas uma decisão assim invariavelmente prejudicará a capacidade de esquiva de Arlo. Construir e analisar os vários recursos à disposição, como as lanças, armadilhas e arcos e flechas, são ações que vão então revelando uma dinâmica de risco e recompensa muito interessante, ao meu ver, feita para comportar diversos estilos de jogo, do mais agressivo ao mais cauteloso.

Claro, dependendo do inimigo e seus movimentos, uma abordagem tende a ser bem mais eficaz que outra — conferir o bestiário é sempre uma dica valiosa nesses casos. Por fim, a inclusão de três opções de dificuldade (ajustáveis durante a jornada) garante que mesmo quem não tem muita intimidade com jogos voltados para a ação conseguirá progredir na narrativa, o que é sempre um ponto positivo na minha opinião.

A mágica da reconstrução

Outra novidade de Whiskers of Winter em comparação com o primeiro título é a introdução de um sistema de magias, chamado “Elementa”. Na prática, a mecânica permite a Arlo obter e usar efeitos elementais, como fogo e eletricidade, que se provam especialmente úteis contra certos oponentes. 

Aprender as magias de cada divindade do jogo é parte importante da progressão, assim como a reconstrução do castelo outrora destruído pelos Asas Negras. Ajudar os habitantes e cumprir missões opcionais ajuda a expandir lugares-chave como a forja e a cozinha, beneficiando o jogador com equipamentos e pontos de vida, por exemplo, e ajudando a ativar a sensação de avanço — algo fundamental em todo jogo.

Todos esses acertos acima são complementados pela destacada apresentação que lembra um livro ilustrado. Algo interessante e que gostaria de mencionar é que Whiskers of Winter me pareceu até um pouco mais violento e sombrio que seu antecessor no que tange a esse aspecto, com os morcegos em especial fazendo jus às lendas terríveis a seu respeito.

Felizmente, não há quedas de performance no Switch e toda a qualidade visual esperada se manteve intacta na plataforma. A narração de Doug Cockle (responsável pela voz do inigualável Geralt de Rivia) também retorna com a mesma visceralidade do primeiro jogo, engrandecendo a experiência e dando a contínua impressão de estarmos vivenciando uma fábula.

Com tudo isso, o único ponto negativo que merece ser citado é o fato de que Whiskers of Winter pode decepcionar um pouco quem esperava uma evolução mais profunda nas mecânicas do primeiro jogo. Prova disso é que o sistema “Elementa” ajuda e até traz camadas interessantes, mas não revoluciona em nenhum momento o sistema de combate (como alguns fãs anteciparam).

No fim, apesar de poder ser jogado sem experiência prévia com o seu antecessor, Whiskers of Winter me parece mais uma obra voltada para quem, como eu, aproveitou o primeiro jogo da franquia. Uma continuação segura, esta sequência não revoluciona, mas também lembra que nem sempre isso é algo necessário para divertir e entreter o seu público.

Sinais de um inverno cruel, mas cativante

Tails of Iron 2: Whiskers of Winter honra o bom legado do primeiro jogo e traz uma sequência que certamente agradará tanto os fãs antigos quanto os novos, desde que eles se interessem pela aposta dobrada na ação souslike. No mais, apesar de poucas evoluções entre um título e outro, não há como negar que este inverno belo e cruel se prova cativante no Switch. Prepare sua armadura, caro(a) leitor(a), pois você está mais do que convidado(a) a enfrentá-lo.

Prós

  • Faz jus ao legado do primeiro título, entregando uma sequência que traz de volta tudo que fez sucesso nele, como o sistema de combate preciso e a ambientação ímpar;
  • Direção de arte destacada, que preserva seu espetáculo e performance no Switch;
  • A narração de Doug Cockle, conhecido por interpretar Geralt de Rivia, continua tão impactante como da primeira vez;
  • Os três níveis de dificuldade garantem o desafio mas também o tornam acessível a todos os tipos de jogadores.

Contras

  • Na prática, o sistema “Elementa” não traz grandes adições à jogabilidade, que permanece bastante similar à do primeiro título;
  • Dado o seu foco na ação e o ponto acima, provavelmente não agradará muito quem não gostou do primeiro jogo;
  • Por fim, pode dar a impressão de ser “mais do mesmo”, dado o grande número de similaridades com seu antecessor.
Tails of Iron 2: Whiskers of Winter — PC/Switch/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Narração: Gabriel Andrade
Análise produzida com gift card cedido pela Nuuvem
Siga o Blast nas Redes Sociais
Alan Murilo
Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).