Um pacote sortido
Capcom Fighting Collection 2 reúne oito jogos clássicos de luta da empresa. As opções incluem tanto títulos tridimensionais como Power Stone, Power Stone 2, Project Justice e Plasma Sword, como Street Fighter Alpha 3 Upper e os crossovers Capcom Fighting Evolution, Capcom vs. SNK e Capcom vs. SNK 2.Em particular, chama a atenção a diversidade dos projetos reunidos no pacote. Primeiramente, porque temos tanto jogos de luta 2D tradicionais quanto obras tridimensionais. Nesse sentido, ambos os Power Stone são os que mais se distanciam do modelo básico, tendo arenas 3D que precisam ser exploradas no combate.
Porém, além dessa questão, há diferenças significativas nas mecânicas, mesmo entre títulos com formato similar. Nos jogos 2D, podemos optar por estilos diferentes de combate, que mudam como as barras de golpes especiais funcionam e detalhes técnicos específicos.
Para quem é fã de jogos de luta ou quer conhecer mais sobre o gênero, é uma ótima oportunidade de ver como a Capcom experimentou com o formato no fim da década de 90 até o início dos anos 2000. Isso também significa que jogadores com uma mentalidade mais rígida podem acabar não se divertindo tanto com as opções que fogem mais do seu gosto pessoal.
Retornando aos arcades
Um detalhe interessante a ter em mente é que os ports são diretamente baseados nas versões de arcade e não nas de outras plataformas. A customização de detalhes técnicos da partida é feita no menu inicial antes de abrir cada jogo do pacote, com grande flexibilidade de opções, mas não temos aqui modos específicos de versões de console, como o World Tour de Alpha 3 ou o modo de criação de personagens do Project Justice japonês, por exemplo.
Na prática, todos os jogos contam apenas com um modo arcade, um modo versus e um modo de treino e as disputas locais e online contra outros jogadores. Com mais de um controle associado, é possível começar uma partida no meio do modo arcade, por exemplo.
Há uma grande variedade de elementos customizáveis, sendo, por exemplo, possível simular o sistema de fichas que os arcades tinham ou jogar de forma infinita. Também dá para ajustar a dificuldade, a força dos ataques, a velocidade do cronômetro, o uso de turbo e algumas especificidades de cada jogo. Além disso, podemos optar pela versão em inglês ou japonês de cada jogo, enquanto os menus externos estão em português.
Um detalhe interessante é a possibilidade de mudar as músicas dos arranjos originais para “remixes nostálgicos” no Capcom vs. SNK e no Capcom Fighting Evolution ou em arranjos novos (Ver. 2025) para Capcom vs. SNK 2, Power Stone 2 e Project Justice. Tanto as músicas originais quanto as novas são muito boas de escutar e ajudam a dar o tom dinâmico para o combate.
Outro detalhe que vale comentar é que Project Justice conta com um sistema de “personagens customizáveis”. Porém, em vez de fazer os personagens, o que temos no jogo são alguns lutadores já criados como opção, o que é uma pena, já que a graça do sistema era poder fazer seu próprio personagem.
Os extras
Além de tudo que comentei, é interessante destacar que temos um museu in-game. Nele, podemos conferir músicas, várias ilustrações e documentos de design utilizados para a produção dos títulos. Os documentos estão em japonês e não há tradução deles em outra língua, mas é, ainda assim, algo que vale o resgate e ajuda a tornar o pacote mais caprichado.
Há ainda um sistema de prêmios desbloqueados quando o jogador cumpre desafios nos títulos. Na prática, é um sistema de conquistas internas similar ao que haveria em outras plataformas, e alguns desafios contam com “dicas” para ajudar o jogador a descobrir o que fazer.
Já dentro dos jogos, o modo treino é uma ótima forma de aprender os movimentos dos personagens. Nos títulos 2D, mostra-se as hitboxes, ou seja, as áreas de alcance dos golpes e de vulnerabilidade dos inimigos. Enquanto isso, nos 3D isso não é indicado, mas podemos ver os botões e programar o padrão dos inimigos, permitindo uma boa sequência de testes.
Outro fator interessante é que todos os jogos contam com gatilhos de combo por padrão. O ZL e o ZR do Joy-Con se tornam, em vários casos, uma forma de ativar especiais mais facilmente. O jogador pode também ajustar os controles de acordo com sua preferência, optando, inclusive, por golpes específicos de personagens em alguns jogos ou fazer com que eles sejam apenas um botão alternativo para um ataque básico.
Durante as lutas, podemos conferir um cartão de instruções que apresenta as técnicas e funcionalidades do jogo e uma lista de golpes específica para o personagem que estamos controlando. Também é possível ajustar os visuais para ter um papel de fundo diferente, mudar o filtro que cobre a tela, ajustar o tamanho de exibição e a resolução.
Um ponto curioso é que a coletânea conta com um sistema de save muito limitado. Só é possível manter um único save para todos os jogos, sobrescrevendo o anterior e deixando o jogador incapaz de ficar pausando a experiência de vários deles em simultâneo. Além disso, os saves não marcam o estado da disputa, levando o jogador a ter que recomeçar sua última disputa.Por fim, no meu tempo com o jogo, encontrei um bug visual em Capcom vs. SNK que faz com que os personagens fiquem com aparência distorcida. Isso não afetou de fato o combate, mas espero que seja corrigido futuramente.
Um pacote para conhecer o gênero
Capcom Fighting Collection 2 é um interessante esforço de resgatar um momento histórico da empresa no desenvolvimento de jogos de luta. O pacote tem uma grande variedade e é uma fácil recomendação para quem quer conhecer as obras ou revivê-las, embora haja alguns detalhes que merecem ajustes para fazer a coletânea brilhar ainda mais.
Prós
- Os oito jogos de luta contam com mecânicas bem variadas, sendo bem diferentes entre si;
- Modo de treino detalhado para todos os jogos é muito útil para dominar técnicas e combos;
- Galeria rica em ilustrações, documentos de design e músicas;
- Customização de controles com comodidades para jogadores novatos executarem técnicas mais complexas.
Contras
- Save único impede manter progresso pausado em vários jogos ao mesmo tempo;
- Como coletânea das versões arcade, o pacote não inclui modos extras e outras funcionalidades que existiam em versões de console posteriores dos jogos;
- Sistema de personagens customizáveis de Project Justice substituído por lutadores específicos;
- Bug visual em Capcom vs. SNK.
Capcom Fighting Collection 2 — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom









