O Nintendo Switch 2 está prestes a ser lançado, e uma de suas novidades chama especialmente a atenção dos fãs de jogos de estratégia: o suporte ao uso dos Joy-Con como ponteiros, emulando o funcionamento de um mouse. Embora pareça uma adição discreta, essa funcionalidade, se bem implementada, tem potencial para transformar o novo console da Nintendo em uma das melhores plataformas para jogos que exigem precisão e controle direto, como títulos focados em gerenciamento, construção ou combates táticos de grande escala.
O desafio da navegação precisa nos consoles
A ausência de um cursor livre sempre foi uma das maiores barreiras para a presença de certos títulos, originalmente pensados para o PC, nos consoles. Jogos com menus densos, seleções minuciosas e múltiplos sistemas simultâneos muitas vezes acabam comprometidos quando adaptados aos controles analógicos tradicionais.
Ainda assim, ao longo dos anos, algumas desenvolvedoras conseguiram contornar esse obstáculo com competência. A série Tropico, por exemplo, trouxe comandos de fácil memorização e uma navegação surpreendentemente intuitiva, especialmente em suas versões mais recentes.
Talvez o caso mais exemplar venha da Koei Tecmo. Suas franquias Nobunaga’s Ambition e Romance of the Three Kingdoms oferecem experiências altamente satisfatórias nos consoles, graças a menus bem estruturados e comandos enxutos, que permitem ao jogador acessar rapidamente as principais informações e emitir ordens com agilidade.
É muito provável que esse domínio se deva à longa trajetória da empresa, já que ambas as séries estão presentes em videogames desde a época do Nintendinho. Além disso, muitos desses títulos são desenvolvidos simultaneamente para PC e consoles, evitando que as versões para console sejam meros ports adaptados às pressas.
Em contrapartida, alguns jogos de qualidade indiscutível no PC sofreram bastante ao migrar para os consoles. Humankind, publicado pela SEGA, é um bom exemplo disso: sua adaptação apresenta uma navegação confusa, com sistemas espalhados por menus pouco intuitivos e funções que poderiam ser agrupadas, mas foram isoladas em diferentes botões. O resultado é um jogo em que praticamente todos os botões do controle fazem pequenas ações distintas, e raramente de forma prática.
A promessa do mouse via Joy-Con
Apesar dos exemplos bem-sucedidos, fica claro como até ações simples, como selecionar objetos pequenos, podem se tornar frustrantes com o uso dos analógicos, especialmente quando a sensibilidade dos comandos não colabora. Isso é perceptível mesmo em títulos mais acessíveis e pouco complexos, como o simpático Fabledom.
No caso do Nintendo Switch original, a tela sensível ao toque poderia ser uma grande aliada e uma possível solução, como demonstrado pelo recente Civilization VII. No entanto, por óbvio, essa funcionalidade só está disponível no modo portátil. Ou seja, ao jogar com o console acoplado à dock para aproveitar a tela grande e a melhor qualidade visual, o jogador perde a fluidez proporcionada pela navegação tátil.
É justamente aí que o suporte ao ponteiro via Joy-Con no Switch 2 surge como uma solução elegante e eficiente. A nova funcionalidade promete oferecer um controle mais preciso, sem a necessidade de acessórios extras, e estará disponível tanto no modo portátil quanto no modo TV. Assim, a expectativa é que essa tecnologia sirva como uma ponte entre a praticidade dos controles convencionais e a precisão do mouse.
É importante lembrar que, embora a maioria dos consoles modernos permita o uso de mouses convencionais via USB ou Bluetooth, essa funcionalidade raramente é explorada de forma significativa. Isso se deve, em grande parte, ao fato de que muitos jogos desenvolvidos para essas plataformas não são pensados com a navegação por mouse em mente.
Na prática, mesmo quando o acessório é compatível, a interface continua projetada para o controle tradicional, o que limita a utilidade do periférico e faz com que sua presença seja mais simbólica do que funcional. Como exemplo de títulos de estratégia e gerenciamento que utilizam essa possibilidade com certa competência, podemos mencionar Age of Empires 2: Definitive Edition e Cities: Skylines.
Já no Nintendo Switch 2, o cenário promete ser bem diferente. O suporte ao ponteiro dos Joy-Con será uma funcionalidade nativa, integrada ao próprio design do sistema e dos jogos, e não uma opção meramente secundária. Isso abre espaço para interfaces planejadas desde o início com essa tecnologia em mente, possibilitando menus mais intuitivos, comandos mais acessíveis e uma navegação fluida.
Mais do que apenas replicar a experiência do mouse, o objetivo é integrá-la naturalmente à jogabilidade, permitindo que o jogador execute ações complexas com poucos comandos, sem depender de diversos pequenos menus espalhados pela tela e excesso de cliques.
Os primeiros sinais são promissores
Um dos principais motivos para o otimismo é o fato de que a estreia desse recurso virá acompanhada de títulos que poderão mostrar, na prática, seu verdadeiro potencial. Entre eles, o destaque inicial fica para Nobunaga’s Ambition: Awakening Complete Edition. Além de incluir conteúdos adicionais substanciais, o jogo contará com suporte total ao ponteiro dos Joy-Con.
Como as batalhas ocorrem em tempo real e exigem a seleção rápida de múltiplas unidades, essa funcionalidade tem o potencial de elevar significativamente a qualidade da experiência, tornando esta versão superior tanto à do Switch original quanto às dos dois últimos consoles da Sony.
Em um trailer recente, a Koei Tecmo apresentou o uso do Joy-Con como mouse neste jogo. Além de ser possível alternar instantaneamente entre o controle tradicional e o modo ponteiro, os principais comandos parecem ter sido distribuídos de forma muito prática, permitindo que o jogador acesse a maioria dos menus apenas com três botões de um dos Joy-Con, os quais simularão as funções de clique esquerdo, direito e rolagem de um mouse tradicional.
Além disso, o segundo Joy-Con poderá ser usado para acessar atalhos de funções que utilizamos com menos frequência, como acelerar ou desacelerar o tempo e alternar rapidamente entre castelos ou regiões controladas, o que evitará a necessidade de mover o ponteiro manualmente até esses menus.
Outro título já confirmado para o novo console híbrido é Civilization VII, que também promete uma experiência mais completa ao incluir suporte ao controle por mouse. Embora ainda haja poucas informações sobre essa versão, a expectativa é de que o novo recurso contribua para uma navegação mais fluida, permitindo ao jogador finalmente explorar todo o potencial estratégico do jogo ao mesmo tempo em que aprecia seus bons detalhes visuais em uma tela grande.
Claro que também sonhamos (um pouco alto) que, com uma boa implementação desse sistema, o Nintendo Switch 2 possa abrir as portas para jogos de estratégia que até então permanecem exclusivos do PC, como os da série Total War, ou para franquias que avançam muito lentamente em direção aos consoles e que ficaram de fora do Switch original, como Age of Empires.
Um novo lar para os jogos de estratégia?
Se o suporte ao mouse via Joy-Con realmente cumprir o que promete, o novo console da Nintendo tem tudo para se destacar como uma alternativa viável (e até preferencial) para os fãs de estratégia, combinando portabilidade, precisão e acessibilidade de uma forma inédita no mundo dos consoles.
A chegada de Nobunaga’s Ambition e Civilization VII com suporte a esse recurso não é apenas simbólica, mas um forte indicativo de que o Switch 2 está pronto para abraçar esse gênero com a profundidade e o cuidado que ele merece. Se a Nintendo e as demais desenvolvedoras souberem explorar esse potencial, uma nova era para os jogos de estratégia nos consoles pode estar prestes a começar.
Revisão: Vitor Tibério









