Pokémon Scarlet/Violet: o Switch 2 redimirá os jogos?

A atualização gratuíta de Pokémon Scarlet/Violet chegarão ainda em 2025 podendo entregar o brilho que Paldea merecia desde seu lançamento.

em 15/05/2025

Pokémon Scarlet/Violet são alguns dos jogos mais polêmicos da série principal da franquia e têm a primeira aventura principal com o tão aguardado mundo aberto. Seu lançamento, com diversos problemas de performance, rendeu à Game Freak/Pokémon Company/Nintendo, inúmeras críticas, devoluções massivas de cópias e um raro comunicado da última empresa quanto ao ocorrido.

Com patchs posteriores, mecânica altamente competitivas e um passo à frente na progressão e narrativa, Scarlet/Violet conseguiram se estabelecer como a terceiro dupla mais vendida da franquia. E, após o Nintendo Direct do Switch 2, ficamos sabendo que a nona geração também receberá o update patch que melhorará tanto os visuais quanto a sua performance. Mas seria o suficiente para apagar a mancha amarga e dar aos títulos a justiça e a qualidade que mereciam desde o início?

Performance: a mancha na nona geração


Quando Pokémon Scarlet e Violet chegaram ao Nintendo Switch em novembro de 2022, a empolgação dos fãs rapidamente deu lugar à frustração. Apesar da inovação proposta por um mundo aberto e da liberdade de exploração sem precedentes na série principal, os jogos foram marcados por problemas técnicos severos. Quedas constantes de framerate (FPS), bugs gráficos bizarros (em especial ao jogar online com outros players no mapa) e animações engasgadas transformaram a experiência de muitos jogadores em algo abaixo do esperado para um título de uma das maiores franquias do entretenimento mundial.

A crítica especializada não poupou críticas. Mesmo com elogios ao design das criaturas e à estrutura mais aberta, veículos como IGN, GameSpot e Eurogamer destacaram o estado precário do desempenho. Para um jogo exclusivo de um console com mais de 100 milhões de unidades vendidas, a impressão foi de um lançamento apressado e mal otimizado. As redes sociais se encheram de vídeos mostrando personagens flutuando, texturas carregando tardiamente e Pokémon atravessando o cenário — uma tempestade perfeita para o descrédito técnico da Game Freak.

Apesar dos patches subsequentes, que amenizaram algumas das falhas, o estrago já estava feito. Scarlet e Violet são lembrados tanto por suas boas ideias quanto pela má execução. A esperança agora é que o tão aguardado Switch 2 ofereça o respiro técnico que esses jogos pareciam exigir desde o início.

Foram pensados para outro console?


Uma teoria que circulou intensamente nos bastidores e fóruns especializados é que Scarlet e Violet talvez tenham sido concebidos com um hardware mais potente em mente. A quantidade de sistemas interligados, a escala do mapa e a ambição da experiência em mundo aberto indicam que o Switch base — um console originalmente lançado em 2017 — pode não ter sido a plataforma ideal para esse salto.

Embora a Game Freak historicamente desenvolva pensando nas capacidades reais do hardware Nintendo, há precedentes que alimentam essa hipótese. Jogos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild também foram lançados em transição de gerações (Wii U/Switch), e Scarlet/Violet podem ter sofrido um destino semelhante: desenvolvidos durante os rumores e primeiros testes de kits de desenvolvimento do próximo console, mas lançados antecipadamente no hardware atual.

Alguns insiders da indústria chegaram a sugerir que a Nintendo teria segurado o anúncio do Switch 2 para evitar canibalizar as vendas de títulos ainda em circulação. Se esse for o caso, Scarlet e Violet podem ser exemplos claros de jogos que tentaram voar mais alto do que suas asas permitiam — e agora, com a chegada do novo console, poderão enfim atingir seu potencial completo.

Em contrapartida, a existência de títulos imensos em escala e proposta, como Breath of the Wild, Tears of the Kingdom e o recente Xenoblade Chronicles X, cuja performance é, no mínimo, boa no Switch, implica que Scarlet/Violet tinha todas as condições de funcionar mais adequadamente no console.

Narrativa e Terastal: os acertos que merecem mais destaque


Apesar dos tropeços técnicos, Scarlet e Violet representaram uma evolução narrativa significativa para a franquia. Pela primeira vez, a história se ramificou em três grandes linhas — a jornada dos ginásios, a luta contra a organização Team Star e a exploração do passado/progresso em Paldea — todas culminando em um arco final emocionante e surpreendentemente maduro. É uma abordagem que trouxe mais profundidade aos personagens e ajudou a romper com a estrutura linear tradicional da série.

Outro ponto que elevou os jogos foi a introdução da mecânica do fenômeno Terastal. Com ela, Pokémon podem cristalizar e mudar de tipo durante a batalha, adicionando uma nova camada de complexidade estratégica. No cenário competitivo, essa novidade virou um divisor de águas: jogadores precisam pensar além das combinações tradicionais de tipos e prever possíveis surpresas no meio das batalhas. É um sistema que se alinha com a tradição da série de reinventar-se a cada geração — mas, desta vez, com mais impacto do que as Dynamax ou os Z-Moves anteriores.

Com a performance prejudicada, muitos desses avanços acabaram ofuscados. Uma melhor estabilidade técnica permitiria que jogadores experimentassem esses elementos com mais imersão e menos frustração, resgatando o brilho do que Scarlet e Violet acertaram.

Switch 2 e o Upgrade Pack: a redenção está a caminho?


O Switch 2 trará um recurso até então inesperado: os chamados Upgrade Packs — pacotes que permitirão melhorias gráficas e de performance em jogos já lançados. Títulos como Pokémon Scarlet/Violet e Zelda: Tears of the Kingdom estariam na linha de frente para receber esse tratamento.

Na prática, isso significaria framerate estabilizado, texturas aprimoradas, tempos de carregamento reduzidos e até suporte a resoluções mais altas no novo console. Para Scarlet e Violet, que atualmente enfrentam quedas frequentes de FPS em áreas mais densas, isso poderia representar um renascimento. Com um hardware mais robusto, a engine usada pela Game Freak poderia operar sem os cortes técnicos que prejudicaram tanto a experiência original.

Mais do que apenas um polimento visual, o Upgrade Pack seria a chance de tornar esses jogos realmente jogáveis da forma como foram concebidos — sem gambiarras ou sacrifícios técnicos. Se isso se confirmar, pode ser a maior prova de que o ciclo de vida dos jogos no ecossistema Nintendo está, finalmente, entrando em uma era de continuidade técnica entre gerações.

A nova chance para Paldea também pode dar à décima geração de consoles mais tempo e organização para que o ocorrido com seu antecessor não volte a se repetir.

Oportunidade de ouro para Paldea brilhar


Com DLCs como The Teal Mask e The Indigo Disk já disponíveis, Scarlet e Violet têm uma base rica para serem reexplorados. Um relançamento otimizado no Switch 2 poderia reacender o interesse pela região de Paldea, especialmente entre os jogadores que abandonaram a jornada devido aos problemas iniciais. A comunidade competitiva também sairia ganhando, com torneios mais estáveis e combates mais fluidos.

Além disso, o novo hardware poderá alavancar funções online — como raids e trocas — que hoje sofrem com a limitação estrutural do Switch. Um ambiente mais estável e responsivo traria benefícios diretos para eventos globais como o Pokémon World Championships, reforçando o papel dos jogos como plataforma viva e ativa.

Por fim, a possibilidade de a Game Freak experimentar atualizações mais ambiciosas, ou até mesmo um modo “definitivo” que una a campanha principal com as DLCs de forma contínua, ganharia força com os recursos do Switch 2. A nona geração de Pokémon pode ter tropeçado na largada, mas ainda há tempo de sobra para cruzar a linha de chegada com dignidade — talvez até com glória — e estender a geração.

O futuro pode salvar o passado


Pokémon Scarlet e Violet são, ao mesmo tempo, exemplos de ousadia e vítimas das limitações do momento em que nasceram. Com um novo console a caminho e a possibilidade concreta de melhorias retroativas, o cenário é promissor. O Switch 2 pode não apenas redimir esses títulos, mas também reescrevê-los na memória coletiva dos fãs — não mais como os jogos quebrados da nona geração, mas como o ponto de virada para uma franquia que finalmente soube evoluir de forma técnica e criativamente.

Revisão: Cristiane Amarante

Siga o Blast nas Redes Sociais
Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).