Wario: Master of Disguise: a peculiar aventura de Wario no Nintendo DS

Relembramos os acertos, erros e disfarces da jornada do rival de Mario no portátil.

em 15/05/2025

Após sua primeira aparição em Super Mario Land 2: 6 Golden Coins, Wario passou a estrelar duas séries principais que levam seu nome: Wario Land, cujos títulos são do gênero de plataforma 2D, e WarioWare, com jogos compostos por grandes coletâneas de microgames. Porém, alguns jogos mais antigos do ganancioso personagem não se encaixam em nenhuma das duas séries, podendo ser considerados como uma série a parte, chamada apenas de Wario. Aqui estão basicamente o puzzle Wario’s Woods e seus relançamentos, o plataforma 3D Wario World e um título bem peculiar na história do bigodudo: Wario: Master of Disguise.


Lançado em 2007 (quase duas décadas atrás!) para o Nintendo DS, Master of Disguise é um título bem único quando comparado a outros estrelados pelo anti-herói: desenvolvido pela Suzak, o jogo não traz microgames frenéticos, tampouco uma aventura focada somente no gênero de plataforma. Em vez disso, apresenta-se como uma grande mistura de elementos de ação, puzzle e exploração, utilizando (intensamente) a tela sensível ao toque do DS.

Wario ganha seus 15 minutos de fama na televisão

A trama de Master of Disguise começa com Wario assistindo a um programa de TV sobre um ladrão e mestre dos disfarces, o lendário Silver Zephyr. Morrendo de inveja da fama e riqueza do personagem, o bigodudo decide entrar na televisão construindo um capacete de teletransporte bizarro e rouba a varinha mágica do personagem, o simpático Goodstyle (que é responsável pelas transformações do ladrão e se assemelha até demais com o mascote da marca de batatas Pringles).

Com a varinha em mãos, Wario adquire a habilidade de se transformar em diversas identidades (explicando o nome do jogo, em tradução direta: “mestre do disfarce”), cada uma com habilidades específicas, embarcando em uma jornada para coletar as peças da lendária Wishstone, um artefato antigo capaz de realizar desejos. Mantendo a temática televisiva, o jogo é dividido em episódios como em um programa, totalizando dez capítulos na campanha principal.


A trama é repleta de personagens e situações bizarras até mesmo para um jogo estrelado por Wario: conhecemos personagens como o vaidoso ladrão Carpaccio, a misteriosa donzela Tiaramisu e, claro, o frustrado Count Cannoli, verdadeira identidade do Silver Zephyr que persegue incessantemente o bigodudo para recuperar sua varinha mágica roubada. Os cenários também são dos mais diversos: um cruzeiro de luxo, um castelo assombrado, pirâmides antigas e jardins floridos são alguns dos locais explorados na aventura.

Apesar da história indicar uma aventura bem diferente das que o anti-herói já tinha vivido até então, muitos consideram que o jogo não foi tão bem-sucedido assim na maior parte do que se propôs a fazer, como veremos a seguir.

O uso da stylus: quando menos é mais

Durante a era do Nintendo DS, era comum que os jogos explorassem ao máximo as capacidades da tela sensível ao toque, muitas vezes em detrimento da jogabilidade tradicional. Wario: Master of Disguise é um exemplo claro disso. Enquanto movimentamos Wario por meio do direcional do lado esquerdo do portátil, todas as outras ações — desde ataques até mudanças de disfarce — são realizadas com a stylus, famosa canetinha que vinha acoplada ao console..


Para trocar de disfarce, o jogador precisava desenhar símbolos na tela de toque. Cada disfarce tinha símbolos específicos: a transformação de astronauta exigia o desenho de um capacete sobre a cabeça de Wario, e a de dragão, um rabo no traseiro do personagem, por exemplo. Embora essa mecânica seja interessante inicialmente, rapidamente se torna repetitiva e frustrante, especialmente quando o reconhecimento dos desenhos falha ou quando é necessário trocar de disfarce rapidamente em meio a combates ou quebra-cabeças. E acredite, essas trocas acontecem com muita frequência, já que os disfarces são o principal tema do jogo.

Além disso, para abrir baús de tesouro, o jogador é obrigado a completar minigames simples e muitas vezes repetitivos, como resolver quebra-cabeças ou eliminar insetos. Assim como a troca de disfarces, essas interrupções constantes quebram o ritmo da aventura e podem tornar a experiência cansativa. Esses minigames, por sinal, são o mais próximo que o jogo apresenta da dinâmica de microgrames da série WarioWare, e a variedade deles deixa muito a desejar.

As mil faces da ganância

Mas nem tudo são defeitos, claro! Um dos pontos altos de Master of Disguise é, sem dúvidas, a variedade de disfarces que Wario pode assumir. Cada identidade oferece habilidades únicas que são essenciais para superar obstáculos e derrotar inimigos ao longo da aventura. Cada um dos oito disfarces também pode ser aprimorado ao longo do jogo, melhorando seus atributos ou adicionando uma nova habilidade. As identidades de Wario em Master of Disguise são, por ordem de obtenção:
  • Thief Wario: é o primeiro disfarce adquirido no jogo e se torna a transformação padrão do bigodudo quando não está usando outros disfarces. Thief Wario consegue pular mais alto e correr mais rápido do que as outras transformações, além de poder usar a famosa investida de Wario nos inimigos com um toque na tela;
  • Cosmic Wario: o disfarce de astronauta permite que Wario dispare lasers com uma pistola galática, mas faz com que o anti-herói se mova bem devagar, como se estivesse sob o efeito de gravidade zero;
  • Arty Wario: Arty Wario: a forma de artista permite desenhar até três blocos, que podem ser utilizados como plataforma pelas outras transformações. Essa transformação também permite criar portais para voltar ao último checkpoint. Porém, Arty Wario não consegue se mover, o que o torna alvo fácil para inimigos;
  • Genius Wario: a transformação de cientista permite ao bigodudo enxergar objetos invisíveis como portas, plataformas e botões. A versão aprimorada também possibilita atingir inimigos e botões com uma luva de boxe;
  • Sparky Wario: forma elétrica que faz com que Wario possa iluminar salas escuras, ativar equipamentos que precisam de energia ou atingir inimigos com ondas de choque;
  • Captain Wario: faz com que o anti-herói possa flutuar sobre a água e nadar. A versão aprimorada adiciona uma versão de submarino, que pode atirar torpedos e se movimentar livremente abaixo d’água;
  • Dragon Wario: uma das transformações mais marcantes, dá a Wario a habilidade de cuspir fogo para destruir blocos ou queimar inimigos. A roupa de dragão também torna o personagem imune à lava;
  • Wicked Wario: último disfarce obtido no jogo, permite ao bigodudo voar. Seria impressionante, se o controle para essa habilidade não fosse soprar constantemente no microfone do DS. Haja fôlego!

E a criatividade não se limita apenas às funcionalidades das habilidades. O design dos disfarces é divertido e carismático, refletindo a personalidade mais extravagante de Wario. A interação dele com Goodstyle, inclusive, adiciona um ótimo toque de humor à narrativa, reforçando o temperamento grosseiro e ganancioso do anti-herói.

Um experimento ousado

Apesar da curta duração e das mecânicas controversas com o uso excessivo da stylus, Wario: Master of Disguise é um título que ousou sair da zona de conforto, com certeza. A dependência da canetinha do DS, inclusive, exemplifica muito bem o período em que a Nintendo se esforçou ao máximo para mostrar as novas funcionalidades do portátil, muitas vezes comprometendo a fluidez e o prazer da jogabilidade.


A aventura talvez pudesse ter sido uma das mais marcantes de Wario, ainda mais por ter tido a oportunidade de unir o melhor de WarioWare e de Wario Land em um único jogo. No geral, o consenso é que isso não aconteceu, mas isso não anula o jogo como um marco único e peculiar na história do personagem. Para os fãs mais dedicados, vale a pena conferir a aventura inusitada e formar sua própria opinião sobre essa candidata à joia esquecida do Nintendo DS.

E você, leitor? Teve a oportunidade de gastar a ponta da sua stylus em Wario: Master of Disguise? Conte pra gente nos comentários.

Revisão: Alessandra Ribeiro
 
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Felipe Castello
Designer gráfico de formação, é fã da Nintendo desde a infância, quando ganhou um SNES usado com Super Mario World e Donkey Kong Country. Apesar do carinho especial pela série Mario, também se diverte com Pokémon, The Legend of Zelda e Animal Crossing. Costuma jogar no (pouco) tempo livre entre os estudos e o trabalho.
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