Análise: BRAVELY DEFAULT FLYING FAIRY HD Remaster – Um dos melhores RPGs retorna em alta definição no Switch 2

Clássico do Nintendo 3DS ganha nova vida com gráficos aprimorados, mecânicas estratégicas e o mesmo enredo envolvente que conquistou fãs.

em 16/06/2025

Uma jornada nostálgica com um dos melhores RPGs de turnos

Lançado originalmente para Nintendo 3DS em 2014, BRAVELY DEFAULT FLYING FAIRY chamou a atenção ao inovar as batalhas por turnos e apresentar um enredo cativante com personagens carismáticos. Desde então, a série ganhou duas continuações: BRAVELY SECOND END LAYER (ainda no 3DS, em 2015) e BRAVELY DEFAULT II (para Nintendo Switch, em 2021). Agora, a Square Enix decidiu trazer BRAVELY DEFAULT FLYING FAIRY HD Remaster como parte do line-up inicial do Nintendo Switch 2. Vamos conferir o que essa nova versão oferece.

Em busca da luz dos cristais

A jornada dos Guerreiros da Luz está de volta. Tiz, Agnes, Ringabel e Edea precisam atravessar o reino de Luxendarc para restaurar o brilho dos cristais e evitar desastres naturais, como o que devastou Norende, vila de Tiz.


Falando em Luxendarc, os cenários continuam lindos: cidades, florestas, reinos congelados em um inverno eterno e até cidade construída em meio a vulcões. Todos os ambientes foram desenhados à mão, com riqueza de detalhes, e agora estão ainda mais bonitos em alta definição no Nintendo Switch 2. Não tem como não pensar que este jogo poderia ter sido lançado no primeiro Switch, assim como aconteceu com BRAVELY DEFAULT II, onde, vale dizer, os modelos dos personagens também receberam melhorias visuais consideráveis em comparação a esse remaster, no qual seguem o modelo do game original, trazendo estranheza em suas expressões. Um adendo aqui: assim como na história original, chega um momento no meio da campanha em que o jogo fica repetitivo e causa um desconforto — não falo nem das batalhas, mas de algo relacionado à história.

O minigame de reconstrução de Norende também está de volta. Tiz precisa reconstruir sua terra natal e, para isso, precisa de trabalhadores. No 3DS, o jogo usava o StreetPass, uma funcionalidade exclusiva da época que permitia a troca de dados entre usuários próximos e internet. Agora, no Switch 2, o sistema foi adaptado: é preciso estar conectado à internet para receber os personagens que aparecem nas cidades. Conversar com eles garante novos trabalhadores para a reconstrução, o que libera recompensas valiosas para a jornada.

Uma verdadeira remasterização

Vale destacar que FLYING FAIRY HD Remaster é exatamente isso: uma remasterização fiel ao jogo original de 2014. A campanha permanece a mesma, com seus temas profundos, abordando perdas, política e guerra, mas também momentos leves e bem-humorados — especialmente nas conversas entre os protagonistas.

As novidades aparecem nos menus atualizados e nas opções de qualidade de vida. Agora é possível salvar formações de equipe pré-definidas para diferentes situações, como farmar experiência ou enfrentar chefes. Uma adição muito bem-vinda para quem gosta de otimizar o tempo.

A mecânica Brave e Default: estratégia por turno com personalidade

O nome BRAVELY DAFAULT não é por acaso. O sistema de combate por turnos tradicional ganha uma camada extra de estratégia com duas ações principais: Default, que permite acumular turnos defensivamente, reduzindo o dano recebido; e Brave, que permite gastar turnos acumulados (ou até mesmo se adiantar, tomando emprestado turnos futuros) para atacar até quatro vezes de uma só vez.

Essa mecânica cria um ciclo de risco e recompensa. Muitas lutas contra chefes se tornam verdadeiros desafios de estratégia, onde é essencial antecipar movimentos inimigos e escolher o momento certo para atacar ou se defender.
Vale lembrar: os inimigos também podem usar o sistema a favor deles. Atacar sem pensar pode te deixar vulnerável caso o oponente decida se defender com o Default. Além disso, as tradicionais fraquezas elementais estão presentes, exigindo que o jogador pense bem antes de cada ação.

O jogo oferece mais de 20 classes diferentes, cada uma com habilidades próprias. Também é possível combinar uma segunda classe para ampliar suas opções estratégicas, além de usar habilidades passivas extras. Muitas dessas classes são desbloqueadas por meio de missões secundárias, que têm histórias tão boas quanto a campanha principal. Fica a dica: faça todas as side quests!

Infelizmente, assim como na versão original, o jogo não conta com legendas em português, o que pode dificultar a experiência para quem não domina outros idiomas — um ponto negativo, principalmente em um RPG com tanto texto.

As novidades do HD Remaster

Como já comentado, o foco desta remasterização foi atualizar a resolução e os menus. Além disso, agora é possível avançar rapidamente as cutscenes, uma melhoria bastante bem-vinda. Também podemos recuperar todos os personagens de uma só vez no menu com apenas um aperto do botão “+” — acredite, isso ajuda muito e economiza o tempo que antes era gasto selecionando um por um.

Dois novos minijogos aproveitam as funcionalidades dos Joy-Cons: Luxencheer Rhythm Catch, no qual você precisa movimentar o Joy-Con como se fosse um mouse para acompanhar o ritmo da música; e Ringabel’s Panic Cruise, que mistura pilotagem de dirigível com batalhas navais, exigindo que você controle a aeronave em um painel um tanto confuso. Sinceramente, não vejo esses minigames como adições realmente positivas — parecem estar ali mais para demonstrar os novos recursos de controle por movimento do console do que para agregar ao jogo em si. Na minha opinião, a equipe poderia ter investido esse esforço em melhorar aspectos mais relevantes, como as expressões faciais dos personagens.

Os tokens conquistados nesses minigames podem ser trocados por equipamentos e itens, incluindo um acessório que altera a taxa de encontros aleatórios com inimigos. Agora, além das opções já presentes no início do jogo (50%, 100%, 150% e 200%), é possível escolher também entre 0% e 400%.


Vale a pena revisitar Luxendarc?

BRAVELY DEFAULT FLYING FAIRY HD Remaster continua encantador. Os gráficos em alta definição, a trilha sonora marcante (impossível não cantarolar os temas de batalha ou do mapa), a dublagem de qualidade (ainda que apenas em inglês e japonês) e o carisma dos personagens garantem uma ótima experiência.

Se você é fã da série, essa é a oportunidade perfeita para reviver a aventura. Se nunca jogou, mas gosta de RPGs com boas histórias e combate estratégico, pode se jogar sem medo.

Depois de duas jogatinas no Nintendo 3DS ao lado do meu irmão, revisitar essa jornada trouxe muitas memórias. Sem dúvida, foi uma experiência que valeu a pena repetir no Nintendo Switch 2.

Agora, só nos resta torcer para que a Square Enix traga também BRAVELY SECOND END LAYER em alta definição. Fica o pedido!

Prós:

  • Aventura com gráficos em alta definição;
  • Mecânica de turnos inovadora;
  • Campanha envolvente;
  • Mais de vinte classes diferentes;
  • Trilha sonora inesquecível.

Contras:

  • Minijogos repetitivos que parecem forçados para usar a funcionalidade mouse dos Joy-Cons;
  • Repetição artificial na metade da campanha;
  • Ausência de legendas em português.
BRAVELY DEFAULT FLYING FAIRY HD Remaster — Switch 2 — Nota: 8.5
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix
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Leandro Alves
Leandro Alves é designer gráfico formado e especialista em Design Estratégico pela Unicarioca, além de UX Designer com formação pela ESPM e pela escola britânica Design Institute. Diretor Geral, Diretor Editorial e Diretor de Arte das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou sua paixão por videogames com The Legend of Zelda: A Link to the Past. Fã da Nintendo, mas sem esconder sua admiração pelo PlayStation, tem como séries favoritas Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Xenoblade Chronicles. Está no Instagram e Twitter.
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