Análise: Hogwarts Legacy transforma qualquer lugar no mundo mágico de Harry Potter

A versão de Nintendo Switch 2 faz mágica com desempenho, gráficos e uma experiência portátil digna de um aluno de Hogwarts.

em 26/06/2025

É incrível como algumas histórias conseguem atravessar gerações, conquistar diferentes mídias e encantar públicos diversos. Harry Potter é um desses fenômenos. Seja em livros, filmes, futura série de TV ou até nos videogames, o universo bruxo segue firme e forte no imaginário coletivo. Hogwarts Legacy é prova disso. O jogo, que já foi sucesso em outras plataformas, agora “aparatou” no Nintendo Switch 2 com uma versão mais que merecida para os fãs da Nintendo.

Você foi convidado para o quinto ano em Hogwarts

Quem nunca sonhou em receber a tão aguardada carta de aceitação para Hogwarts? Pois é justamente com esse espírito que o jogo te recebe. Aqui, você é o protagonista. Nada de Harry, Hermione ou Rony: o enredo se passa no século XIX, muito antes da saga original. Seu personagem começa a jornada de forma inusitada, entrando direto no quinto ano letivo — e com um talento especial: a capacidade de manipular uma magia ancestral. Claro que isso chama a atenção de bruxos das trevas e duendes, dando o tom de perigo à aventura.

A imersão é levada a sério. Já nas primeiras horas, você participa da tradicional cerimônia do Chapéu Seletor, que decide a qual casa de Hogwarts você pertence: Grifinória, Sonserina, Corvinal ou Lufa-Lufa. As escolhas são baseadas nas suas respostas durante o diálogo com o chapéu, reforçando a sensação de fazer parte daquele universo.
Além disso, o jogo traz uma história envolvente com momentos de aprendizado, batalhas mágicas, encontros com fantasmas e dilemas morais sobre ajudar (ou não) os colegas.

Colecionar, explorar e batalhar

Hogwarts Legacy é um RPG de mundo aberto com muita exploração. Prepare-se para visitar locais icônicos como a Floresta Proibida, Hogsmeade, o Campo de Quadribol (apesar de, infelizmente, o quadribol não ser jogável) e, claro, o gigantesco castelo de Hogwarts. Para facilitar a locomoção, o jogo traz diversos pontos de viagem rápida via Pó de Flu, que precisam ser desbloqueados ao longo da jornada.

Logo no início, a Professora Matilda Weasley te entrega o Guia de Campo, um livro mágico fundamental para acompanhar suas missões, talentos, inventário, mapa e muito mais. Como você está começando direto no quinto ano, o guia será indispensável para dar conta de tudo. Além disso, ele oferece uma série de desafios que rendem recompensas para customização de personagem. Derrote dez aranhas, use o Expelliarmus dez vezes… A cada objetivo alcançado, uma nova recompensa surge, incentivando a exploração.

Poder mágico com desempenho de respeito

Falando da parte técnica, o Switch 2 faz mágica. Esta versão de Hogwarts Legacy está muito longe do que vimos no Switch original. Os tempos de carregamento e as transições de área praticamente sumiram. Salvo raras exceções — como ao sair de Hogwarts ou abrir algumas portas específicas, que ainda exibem uma tela de transição de cerca de um segundo —, a experiência é fluida.

Quedas de FPS aconteceram em pouquíssimos momentos e nunca atrapalharam batalhas ou exploração. O jogo roda em 1440p com HDR na TV e 1080p nativo com HDR no portátil, graças ao uso eficiente do DLSS da Nvidia. As melhorias visuais são visíveis: iluminação, sombras, antialiasing… tudo em um nível bem próximo de consoles mais potentes. Ainda assim, senti momentos no modo portátil em que a resolução ficou prejudicada, como na floresta proibida, principalmente à noite.

Uma novidade é o suporte ao modo mouse via Joy-Con 2, que melhora a precisão em menus e mira. No entanto, após um tempo de uso, achei a experiência um pouco cansativa. Por isso, preferi jogar com o Controle Pro, que trouxe mais conforto. Inclusive, fiz um mapeamento personalizado dos botões: movi a função de corrida (originalmente no L3) para o botão traseiro GL, evitando o desgaste do analógico com o uso repetitivo.

Outro destaque é o novo Rumble 2, que entrega um feedback tátil muito mais preciso e imersivo. A vibração durante combates e momentos importantes é um diferencial. Só que, em alguns casos, encontrei pequenos bugs: a vibração continuava por mais tempo do que deveria, às vezes até o final de uma conversa.

Magia, música e… expressões faciais (ou a falta delas)

A trilha sonora é deliciosa, remetendo ao clima mágico da franquia, e os efeitos das magias trazem ótimos jogos de luz, com destaque para o encantamento Reparo, que literalmente reconstrói objetos na sua frente — uma cena que lembra o professor Dumbledore em Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Por outro lado, as expressões faciais dos personagens deixam a desejar. Em vários momentos, eles falam com empolgação, mas o rosto permanece praticamente inexpressivo. Vale dizer que esse problema não é exclusivo da versão de Switch 2, já que a da nova geração também apresenta essa limitação.

Rumo aos Níveis Ordinários de Magia

Mesmo com essas pequenas falhas, a experiência de Hogwarts Legacy no Switch 2 é extremamente divertida e recompensadora. A sensação de ser um aluno de Hogwarts é constante. Os puzzles não são os mais desafiadores e, em alguns casos, podem se tornar repetitivos — como as Provas de Merlim, que rendem espaços extras de inventário. Fica a sensação de que o jogo poderia oferecer mais slots desde o início.

O gameplay é sólido e, considerando o formato híbrido, essa se tornou minha versão definitiva justamente por poder jogar no modo portátil com desempenho estável. Mesmo após concluir a campanha principal, ainda há uma infinidade de missões e desafios para explorar.

Se você sonha em viver sua própria aventura no mundo bruxo, agora pode levar Hogwarts no bolso — e com muito mais qualidade do que antes.

Prós

  • Aventura divertida e cheia de desafios;
  • Trilha sonora envolvente e com o clima mágico da franquia;
  • Conteúdo fiel ao universo de Harry Potter;
  • Imersão desde o início no mundo mágico;
  • Dublagem em português do Brasil.

Contras

  • Expressões faciais limitadas e pouco naturais;
  • Algumas missões se tornam repetitivas com o tempo;
  • Quedas na resolução em lugares densos;
  • Pouco espaço no inventário, forçando o jogador a repetir desafios para ampliá-lo.
Hogwarts Legacy — Switch 2 — Nota: 8.0
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela WB Games
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Leandro Alves
Leandro Alves é designer gráfico formado e especialista em Design Estratégico pela Unicarioca, além de UX Designer com formação pela ESPM e pela escola britânica Design Institute. Diretor Geral, Diretor Editorial e Diretor de Arte das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou sua paixão por videogames com The Legend of Zelda: A Link to the Past. Fã da Nintendo, mas sem esconder sua admiração pelo PlayStation, tem como séries favoritas Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Xenoblade Chronicles. Está no Instagram e Twitter.
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