Depois de uma longa espera e vários adiamentos, finalmente chegou o jogo que te dá mais vidas do que um gato.
Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time mostra que coletar, construir, explorar e coletar ainda mais continua em alta. O jogo é feito sob medida para quem gosta de fazer de tudo um pouco, desde minerar até forjar sua própria espada com os materiais que você coletou.
Um gameplay de várias camadas
O jogo começa como uma simulação de vida bastante tradicional: você coleta minérios, pesca peixes, cumpre tarefas para os moradores e sobe de nível nas profissões escolhidas. Mas, assim que você acha que já entendeu a fórmula, Fantasy Life i muda as regras e te surpreende com um enorme mapa aberto, cheio de monstros coloridos, quebra-cabeças e segredos para explorar.
Adicionando uma camada de RPG à mistura, ele também te coloca frente a frente com criaturas de todo tipo: monstros, tigres, tartarugas e até árvores! Acredite se quiser, algumas delas são mais difíceis de derrotar do que certos dragões.
Contudo, não para por aí. O jogo ainda te dá uma vila para gerenciar, uma casa para decorar, a possibilidade de fabricar móveis, criar presentes, dar esses presentes aos moradores e até personalizar cada cantinho da sua vila. É uma mistura de sistemas que, à primeira vista, poderia parecer demais.
Em muitos jogos, tentar fazer tudo ao mesmo tempo acaba prejudicando alguma parte da experiência, porém aqui tudo funciona com uma leveza viciante. O combate, por exemplo, é simples, com combos no estilo hack n' slash básicos, mas que combinam perfeitamente com o visual cartunesco do jogo e sua proposta mais descontraída.
Isso também torna a fórmula de RPG um pouco mais simples para quem prefere desafios maiores ou sistemas mais estratégicos, porém, ainda assim, é excelente para quem quer apenas curtir a vibe e mergulhar em um mundo acolhedor, colorido e cheio de possibilidades.
Começando sua nova vida
Logo de início, o jogador escolhe entre 14 "vidas", as profissões que definem suas habilidades e estilo de jogo. Você pode ser um pescador, um guerreiro, um alfaiate ou até alternar entre todos, combinando atividades para desbloquear mais possibilidades e descobrir os segredos da nova ilha onde a história se passa.
No geral, as profissões em Fantasy Life i se dividem em três grandes categorias: criação, coleta e combate. Cada uma complementa a outra, como o alfaiate, que produz roupas mágicas para magos, ou o lenhador, que fornece a madeira necessária para o carpinteiro. Cada categoria possui seu próprio minigame e cada classe conta com uma árvore de habilidades única, que vai se expandindo conforme você sobe de nível.
Escolheu uma profissão e não gostou? Não tema, caro leitor! Após o tutorial inicial, quase todas as profissões ficam liberadas, e você pode trocar de vida a qualquer momento. Aliás, se quiser, dá até pra pular o tutorial, mas eu recomendo seguir por ele. Achei super divertido acompanhar a história de cada mestre das vidas, cada um com sua própria personalidade e desafios.
Viaje no tempo montado no seu pet
A história do jogo é simples e, em muitos momentos, até bobinha — mas é exatamente isso que a torna tão cativante. Tudo começa com Edward, um arqueólogo que se envolve em situações cada vez mais absurdas. Como, por exemplo, ficar preso em uma cama que o faz dormir! O pesadelo de uns é o sonho de outros, claramente. E temos também Trip, seu fiel pássaro companheiro, que começa sabendo apenas três palavras, porém aprende um dicionário inteiro ao ganhar um misterioso capacete.
Logo no início, você conhece esses personagens e é lançado em uma viagem no tempo digna de De Volta para o Futuro. Primeiro, você vai parar no passado, no vilarejo de Eternia, onde começa o tutorial. Em seguida, uma nova viagem te leva ao presente e, eventualmente, a uma nova região chamada Ginormosia.
Um mundo grande e cheio de parceiros
Foi aqui que senti a grande diferença entre este jogo e o anterior. Assim que cheguei em Ginormosia, fiquei um pouco perdido e acabei seguindo apenas o caminho do tutorial. Contudo, aqui vai minha dica: explore ao máximo assim que possível! Especialmente depois de desbloquear seu primeiro parceiro — sem spoilers, mas isso muda tudo.
Esse sistema de companheiros já existia no jogo anterior, porém foi melhorado aqui. Agora, você pode levar até três NPCs com você, e eles ajudam em tudo: combates, coleta e até na criação de itens. Isso faz toda a diferença, principalmente se você for, por exemplo, um ferreiro em busca da espada perfeita.
Minha única crítica é a parte de equipar os parceiros, que poderia ser mais prática. Quer trocar a frigideira do seu cozinheiro aliado? Vai ter que colocá-lo na equipe primeiro e só depois alterar o equipamento, um passo a mais que poderia ser simplificado.
Com grandes árvores, vêm grandes grinds
Como se um mundo aberto cheio de atividades já não fosse o bastante, Fantasy Life i ainda surpreende com um modo roguelike, desbloqueado após certo ponto da história. Ele se manifesta de forma criativa: uma árvore gigante que cresce em sua base/vila pessoal.
Cada andar da árvore representa um desafio diferente: desde enfrentar inimigos variados de todas as regiões do mapa até cumprir tarefas como pescar determinados peixes ou coletar itens específicos. A dificuldade vai escalando, assim como as recompensas.
Esse modo não é apenas um extra. Ele funciona muito bem tanto durante a campanha quanto no pós-jogo, servindo como um ótimo espaço para evoluir seus aliados, experimentar novas builds e, claro, buscar desafios adicionais fora da história principal. É uma mecânica que valoriza a progressão a longo prazo e mantém o jogador engajado mesmo após “terminar” o jogo.
Sistemas simples que funcionam
Mesmo com tanta coisa acontecendo no jogo, os sistemas em si são bem simples e fáceis de entender. A base é clara: você coleta para construir. Os minigames de criação seguem uma lógica parecida, seja selecionando os itens corretos na ordem mostrada, girando o analógico para misturar ingredientes em um pote ou apertando o botão rapidamente em sequência.
Já nas profissões de coleta, como lenhador ou minerador, o objetivo é encontrar o ponto fraco do recurso e acertá-lo enquanto sua estamina permitir. Tudo muito direto, porém com um ritmo viciante.
Além disso, o jogo traz os santuários, que adicionam ainda mais variedade com desafios e quebra-cabeças. Alguns deles incluem tabuleiros onde só é possível pisar uma vez em cada bloco ou lutas contra o tempo para derrotar inimigos e liberar novos companheiros para sua equipe.
Por mais simples que tudo isso pareça, quando você começa a criar itens, explorar a vila e investir tempo nas profissões, a soma desses sistemas transforma o jogo em algo especial. A leveza e repetição gostosa das tarefas fazem Fantasy Life i deixar de ser apenas um RPG com elementos de simulação de vida e se tornar aquele tipo de jogo onde, quando você percebe, já se passaram 50 horas, entre trilhas relaxantes e o som satisfatório do martelo do ferreiro.
Ainda assim, vale destacar que as lutas são simples até demais, especialmente para quem está acostumado com RPGs de ação mais exigentes. Aqui, o combate se resume a atacar, defender e esquivar, com poucas variações. E para nós, jogadores brasileiros, existe uma barreira extra: o jogo não conta com legendas em português, o que pode dificultar o aproveitamento da história e das mecânicas para quem não domina outros idiomas.
Caçador de dragões ou jardineiro de cenouras mutantes?
Com tantas possibilidades, surge a dúvida: "será que é um jogo que vai me cansar depois de uma hora?". A resposta simples é: depende.
Se você gosta de um RPG cheio de grind, mas daquele tipo leve e satisfatório, onde cada nova arma ou roupa altera também o visual do seu personagem — então vai se perder (no bom sentido!) em Fantasy Life i. Eu, pelo menos, me vi imerso por horas, mal percebendo o tempo passar.
Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time é a prova de que ainda há espaço para jogos leves, divertidos e recheados de conteúdo dentro do gênero RPG. Com uma estrutura que mistura simulação de vida, combate, coleta, criação e até viagem no tempo, ele entrega uma experiência versátil e acolhedora — perfeita para quem gosta de fazer um pouco de tudo.
E o melhor: isso tudo na palma da sua mão, já que o jogo está disponível para Nintendo Switch, permitindo que você leve sua vila, seus companheiros e até suas cenouras mutantes para onde quiser. Seja jogando no sofá ou no ônibus, a diversão está sempre a um botão de distância.
Prós
- Grande variedade de profissões e estilos de jogo;
- Sistema de troca de classes simples e acessível;
- História leve e carismática, com bons personagens;
- Modo roguelike divertido e funcional no pós-game;
- Acompanhantes que ajudam em várias atividades;
- Estilo visual colorido e acolhedor;
- Ideal para sessões curtas ou longas, com progressão contínua.
Contras
- Interface de gerenciamento de equipamentos poderia ser mais prática;
- Algumas atividades podem parecer repetitivas após muitas horas;
- Dificuldade um pouco baixa para jogadores experientes em RPGs;
- Ausência de legendas em português.
Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time — Switch/PC/PS4/PS5/XSX — Nota 8.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator









