Análise: Mario Kart World é um rali empolgante por um mundo expansivo

A nova aventura de corrida do bigodudo e seus amigos impressiona com suas disputas interconectadas e atmosfera vibrante.

em 16/06/2025

Mario Kart World aposta em um universo vasto e interconectado que nos convida a dirigir para quase qualquer lugar, sem abrir mão das disputas emocionantes. Com uma ampla variedade de conteúdo e várias formas de se divertir com os amigos, o jogo se destaca como um dos grandes títulos da franquia graças ao seu visual vibrante e riqueza de detalhes. Embora, em alguns momentos, não consiga alcançar toda a sua ambição, o resultado é uma experiência envolvente e marcante.

O mundo é a corrida

Mario Kart World mantém a essência da franquia com pistas caóticas recheadas de itens e caminhos que exigem reflexos rápidos. A grande novidade está nas pistas interligadas, que exigem que os pilotos se desloquem de um circuito a outro. Essa transição adiciona uma dinâmica inédita às competições, pois o deslocamento entre circuitos passa a fazer parte da própria disputa. Confesso que adorei essa mudança: a viagem agora é parte da corrida, o que dá um ar de aventura que nunca tinha sentido em um Mario Kart.


A introdução de 24 corredores também contribui para o aumento do caos. Com tantos competidores simultâneos, o controle sobre a corrida fica mais difícil, mas ao mesmo tempo mais emocionante. Isso fica ainda mais aparente no inédito modo Eliminatória, que funciona como um longo rali em que a posição em cada corrida é crucial. Ao longo da competição, o número de corredores vai diminuindo, tornando as corridas finais ainda mais tensas e disputadas.

Novas técnicas também entram em cena, complementando a tradicional derrapada com turbo. O salto carregado, a habilidade de correr pelas paredes e o deslizar em corrimãos ou outras estruturas oferecem mais opções para quem busca melhorar suas habilidades. Além disso, a possibilidade de retroceder o tempo é uma adição interessante, permitindo que o jogador corrija deslizes e mantenha o controle da corrida, sem tornar a experiência frustrante. 


Os circuitos nos instigam a explorar as novas técnicas com várias opções de caminhos e atalhos, muitos deles de difícil acesso. Isso possibilita que corredores experientes encontrem rotas impressionantes e até complicadas, além de trazer um ar de novidade recompensador ao descobrir novas rotas. Mesmo com essa complexidade, o jogo continua acessível, garantindo diversão e competitividade também para os jogadores casuais.

Embora as disputas em regiões interconectadas sejam criativas, a nova estrutura traz algumas limitações. As estradas entre os circuitos são em sua maioria pouco inspiradas, com pistas predominantemente retas. Além disso, embora haja elementos como carros e personagens que tentam sabotar os corredores, esses não são suficientes para tornar o trajeto mais interessante. Por fim, fora a primeira corrida, os circuitos subsequentes têm apenas uma volta, o que diminui o impacto e o encanto de cada pista.



Dirigindo para qualquer lugar

Fora das corridas, podemos explorar o mundo no Modo Livre, um dos grandes destaques de World. Nele, é possível se aventurar livremente pelos circuitos e áreas intermediárias, que contam com várias atividades, como ativar painéis “bloco ?” de difícil acesso e coletar moedas Peach espalhadas pelo ambiente. Também há missões variadas, como coletar moedas azuis enquanto desviamos de vacas, atravessar o tráfego contra o relógio ou escalar paredes para alcançar áreas elevadas, entre outras atividades criativas.


Fiquei realmente impressionado com o capricho nos detalhes: tem hora do dia, clima mudando, personagens caminhando, tráfego de veículos — dá vontade de simplesmente parar e apreciar a paisagem. As atividades podem ser realizadas tanto no modo offline quanto online, o que adiciona uma camada extra de interação. Só faltou mesmo a opção de curtir a modalidade com mais pessoas no mesmo console. 


No entanto, apesar da boa quantidade de atividades, o Modo Livre deixa uma sensação de vazio, com várias áreas sem objetivos reais ou interações mais profundas. As recompensas, porém, são pouco empolgantes: ao completar missões, o jogador desbloqueia apenas adesivos para os karts, em um sistema de conquistas que pouco impacta a experiência geral. Particularmente, acredito que a exploração seria mais interessante com desbloqueios e missões mais significativas — tanto esforço para ganhar só um adesivo?



Muitas formas de se divertir 

Além das corridas principais e o Modo Livre, Mario Kart World oferece diversos modos alternativos perfeitos para curtir com os amigos. O principal deles é o Confronto, que permite criar disputas com regras customizadas, como times e quantidade de corridas. Um detalhe interessante é a possibilidade de disputar várias rotas dentro de uma mesma pista, com mudanças de layout a cada volta — recurso que mantém cada corrida imprevisível e dinâmica. 

Os modos de batalha, que incluem as tradicionais disputas de estourar balões ou coletar moedas, estão de volta e continuam intensos e imprevisíveis. Já o Contrarrelógio é para aqueles que buscam a excelência e melhores tempos, e o retorno dos fantasmas traz um desafio adicional, permitindo que os corredores tentem superar o tempo de outros jogadores do mundo todo.


Muitos desses modos podem ser aproveitados no multiplayer, tanto local quanto online. No modo local, é possível jogar com a tela dividida ou conectar vários sistemas para uma experiência compartilhada. No entanto, o jogo não oferece suporte ao recurso Game Share do Switch 2, o que poderia ter sido uma adição interessante para ampliar ainda mais a diversão em grupos locais.

A modalidade online mantém a fórmula dos títulos anteriores, sendo ideal para disputas rápidas com jogadores do mundo todo. Aqui a dinâmica muda por causa da habilidade aumentada dos participantes, deixando as corridas ainda mais caóticas e brutais. É uma pena a ausência de opções mais elaboradas na hora de montar as salas ou maneiras de equilibrar melhor o nível dos jogadores, mas é um modo que diverte.



Carisma e detalhes em uma experiência exuberante

Na ambientação, Mario Kart World se destaca pelo visual vibrante e colorido, com cenários detalhados e cheios de detalhes. As variações de hora do dia e clima reforçam a imersão, dando vida a um mundo que parece sempre em movimento. O salto técnico proporcionado pelo novo console é evidente, com modelos mais elaborados, texturas refinadas e um desempenho sólido. O modo foto é uma adição bacana para quem gosta de registrar momentos ou capturar imagens mais criativas dentro do jogo.

No campo do elenco, World é o maior de toda a série, com 50 corredores entre personagens principais e secundários. Há uma inclusão curiosa de inimigos e outras figuras, como a vaca Muu Muu, Goomba e Wiggler, além de personagens icônicos como Pianta de Mario Sunshine. Os corredores principais também têm diversas opções de roupas estilosas, só é uma pena que a variedade seja limitada, especialmente para os menos populares. 


A trilha sonora é outro destaque, com faixas diversificadas e remixes de músicas clássicas da série em uma mistura de novidade e nostalgia. Assim como nos últimos títulos, boa parte das músicas recebeu arranjos impressionantes no estilo big band, algo que já está se tornando característica própria da série. No entanto, devido à constante mudança na trilha sonora, a parte sonora acaba perdendo um pouco de sua intensidade.

Por fim, pela primeira vez na franquia, World está completamente localizado em português, o que torna a experiência mais acessível. Além disso, há um grande potencial futuro com atualizações, com a possibilidade de adicionar novas pistas, modos e personagens, mantendo o jogo sempre atualizado e com novas opções.



Um universo novo e fenomenal

Mario Kart World é uma adição sólida à franquia, com mudanças interessantes que trazem novas dinâmicas para a série. A introdução de pistas interligadas e técnicas inéditas oferecem novos graus de complexidade, sem deixar de lado um bom equilíbrio para os jogadores casuais. No entanto, alguns pontos, como a falta de inspiração nas estradas entre os circuitos e as recompensas pouco atrativas do Modo Livre impedem o jogo de alcançar todo o seu potencial.

Ainda assim, o jogo cativa com um visual incrível, modos divertidos e uma atmosfera dinâmica que captura a essência caótica do que é Mario Kart, além de oferecer possibilidades para o futuro. No fim das contas, Mario Kart World me conquistou — é caótico, bonito e viciante do jeito que a série sabe ser.

Prós

  • O mundo interconectado oferece uma experiência de corrida inovadora;
  • Pistas criativas e repletas de caminhos alternativos que instigam o domínio das técnicas avançadas;
  • Grande variedade de modos, perfeitos para jogar sozinho ou com amigos;
  • Diversidade considerável de conteúdo para ser explorado;
  • Ambientação vibrante, detalhada e cheia de carisma.

Contras

  • As estradas entre os circuitos apresentam design simples e desinteressante na maior parte das vezes;
  • O Modo Livre é pouco elaborado e suas recompensas são pouco relevantes;
  • A modalidade online continua com poucas opções de customização.
Mario Kart World — Switch 2 — Nota: 9.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
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Farley Santos
é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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