O bom e velho nonograma
Picross é uma espécie de quebra-cabeças lógico no qual devemos preencher uma malha quadriculada com pixels. A definição de certo e errado vem dos números nas linhas e colunas, indicando quantos quadrados devem ser preenchidos e se há espaços entre eles.Seguindo essas instruções, há somente uma resposta correta, que é um desenho específico. Ao concluirmos a fase, somos apresentados ao resultado que, no caso específico de PICROSS Records of The Shield Hero, são personagens, cenas e objetos do mundo de Tate no Yuusha.
Além do modo básico que segue as regras mais comuns de Picross, o jogo conta com os desafios Mega e Color, que também podem ser encontrados nos outros jogos da linha Picross S no Switch. Esses modos alternativos mudam consideravelmente as regras ao introduzir “meganúmeros” associados a duas linhas adjacentes e preenchimento de cores, respectivamente.Todas as regras são bem explicadas pelos tutoriais, que estão em português e até mesmo dão algumas dicas mais avançadas de como pensar as jogadas. Em ambos os casos, é necessário entender como as adições que mencionei afetam a forma de resolver os enigmas, já que não se trata de algo trivial e o próprio jogo alerta que eles são “mais difíceis” por conta disso.
Outro elemento de dificuldade é o tamanho, já que em vários casos precisamos ficar pensando em todas as alternativas possíveis de uma mesma linha. Ao todo, temos 166 fases do Picross clássico com tamanhos entre 5x5 e 20x15 e eles também contam com versões “Mega Picross”, bastando apertar Y no menu de seleção para alternar entre os modos.
O Color Picross possui 46 desafios que vão do 5x5 ao 15x15. Para quem busca puzzles mais complexos, temos o modo Extra com quatro puzzles 30x30 e outros quatro 40x30. Por fim, há ainda o Clip Picross, que são puzzles enormes divididos em várias partes para que o jogador resolva cada peça individualmente no seu ritmo. A quantidade é bastante satisfatória e deve render muitas horas de jogo.
Um conceito episódico
Ao contrário da linha Picross S, todos os enigmas estão disponíveis desde o início, não sendo necessário desbloquear nenhum desafio de nenhum dos modos. Essa liberdade é bem-vinda já que o jogador pode explorar tudo no seu próprio ritmo, mas o sistema usual de desbloqueio de partes dos Clip Picross é um elemento de “recompensa”, então considero que ambas as opções de design são interessantes.Algo que chama a atenção especificamente em PICROSS Records of The Shield Hero é o fato de que temos um menu adicional chamado Episódio. Enquanto o modo normal organiza os puzzles por tamanho e expectativa de dificuldade, os “episódios” são uma forma cronológica de explorá-los, tendo uma imagem do próprio anime usada como referência no menu de seleção para se situar.
Assim, o jogador que ainda estiver assistindo à animação, por exemplo, pode seguir os desafios relacionados apenas ao que já viu. Porém, assim como no caso de Picross S NAMCO Legendary Edition, o que temos aqui são apenas as imagens e títulos associados.
Não há nem sequer uma explicação de contexto ou algo para permitir que o jogador de fato mergulhe no universo de Tate no Yuusha. A sensação é a de que dava para ter um esforço um pouco maior na apresentação, mesmo que fosse para adicionar um banco de dados simples explicando sobre a história da franquia, como o que é feito, por exemplo, em Piczle Cross: Story of Seasons.Há ainda um detalhe curioso: os títulos dos puzzles estão em inglês quando o jogador opta pelo português como língua. Apenas a interface e os tutoriais estão em português, daí termos até mesmo banais ficaram em inglês, dando a impressão de que o jogo foi “traduzido pela metade”. Não temos também nenhuma opção quanto à trilha sonora, o que pode deixar a experiência um tanto repetitiva.
Apesar disso, a experiência central do jogo tem a alta qualidade usual da Jupiter. Todas as funcionalidades estão presentes: possibilidade de usar tela de toque ou botões, métodos assistivos opcionais para ajudar a guiar o jogador na resolução dos puzzles e tutoriais detalhados acessíveis a qualquer momento em um menu próprio. Graças a todos esses elementos, a experiência é bastante confortável.
Um Picross temático
Para quem quer mergulhar no universo de Tate no Yuusha, PICROSS Records of The Shield Hero não é uma porta de entrada ideal. Porém, a obra mantém a qualidade já esperada da linha Picross no Switch e é uma boa pedida para quem gosta muito de puzzles e quer ver uma versão temática do jogo relacionada com a série multimídia criada por Aneko Yusagi.Prós
- Boa quantidade de desafios e variedade de modos;
- Ferramentas de qualidade de vida que fazem a experiência ser bastante confortável;
- Os tutoriais são simples, bem explicados e estão em português.
Contras
- Apenas contar com ilustrações e puzzles temáticos de Tate no Yuusha não é uma forma tão interessante de mergulhar no universo da série;
- Não há variedade musical nem opções para o jogador alternar;
- Os títulos de cada puzzle não foram traduzidos para o português.
PICROSS Records of The Shield Hero — Switch — Nota: 7.5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jupiter







