Em sequência ao tópico de avaliação dos rivais ao longo das gerações da franquia Pokémon, chegamos na segunda parte: Sinais de Declínio.
A partir da quinta geração, os rivais não são mais os mesmos e há uma mudança importante na definição de seu papel na história. Houve também a redução no nível de dificuldade geral dos jogos, o que pode ter influenciado essa decisão de repensar o arco dedicado aos rivais.
Sem mais delongas, fique com a segunda parte da trajetória dos rivais. Boa leitura!
Cheren
Nas versões Black/White, Cheren é aquele que mais se assemelha com Blue. Escolhe o inicial que vence o protagonista e é um profundo entendedor das criaturas conhecidas como Pokémon.
O segundo membro é o macaco elemental que supera a fraqueza de seu inicial, reforçando os esforços do jogo em mostrar os benefícios do equilíbrio da combinação GRASS/FIRE/WATER.
Para completar sua equipe, Unfezant (NORMAL/FLYING) e Liepard (DARK) completam o quarteto. Isso mesmo, não teremos cinco Pokémon no time deste rival. Essa característica é um dos pontos que deram início ao declínio do poder dos rivais.
Na quinta geração, foram introduzidos 156 novos Pokémon, maior marca da franquia até os dias de hoje. Dessa forma, é completamente possível acrescentar uma ou até mesmo duas criaturas ao elenco. Confesso que senti falta disso quando joguei a primeira vez e posteriormente enquanto montava os melhores times para essa região.
No pós-jogo, é possível enfrentar Cheren na Victory Road, e agora, sua equipe possui seis membros. Além do quarteto principal, Haxorus do tipo DRAGON e Gigalith do tipo ROCK são adicionados, e dessa forma, seu time ganha ainda mais “corpo”. A pergunta que fica é: por que não usar esse time durante a história principal?
Bianca
Bianca é a rival que escolhe o inicial que perde para o protagonista. Nos primeiros momentos da aventura, a garota loira e desajeitada ainda não sabe ao certo o objetivo de sua jornada, porém, só de estar na companhia de seus Pokémon e amigos é suficiente.
Isso reflete diretamente em sua equipe, e assim como Cheren, também constroi um time utilizando o macaco elemental que ajuda seu inicial. Os outros dois membros são Stoutland do tipo NORMAL e Musharna do tipo PSYCHIC.
Novamente, uma equipe formada por quatro Pokémon não apresenta um grande perigo ao protagonista, ainda mais se considerarmos as opções disponíveis na região de Unova. A dupla de rivais funciona bem para o que foi proposto, mas esse pequeno detalhe acaba impactando na experiência final.
Assim como Cheren, também é possível batalhar com Bianca no pós-jogo. Mienshao (FIGHT) e Chandelure (FIRE/GHOST) são adicionados, aumentando demais a potência ofensiva do time. Custava implementar esse elenco durante os eventos da história principal? Com certeza teríamos um desafio interessante.
Natural Harmonia Gropius (N)
Durante a separação dos rivais em suas devidas gerações, notei que N é, de certa forma, um reflexo do que foi o rival na primeira geração. Ainda que sua equipe durante a campanha seja composta por Pokémon encontrados nas proximidades da batalha, seu time final é interessante em um primeiro momento.
Zekrom (DRAGON/ELECTRIC) ou Reshiram (DRAGON/FIRE) iniciam a batalha dependendo da versão escolhida. Sim, nosso “rival” tem uma mascote em sua equipe, algo único na franquia. Por conta da história, o duelo ocorre já no primeiro turno, pois somos forçados a escolher o dragão lendário para iniciar a batalha.
Os fósseis Carracosta (WATER/ROCK) e Archeops (ROCK/FLYING) são bem fortes e aplicam bastante pressão ofensiva. Vanilluxe (ICE) não oferece perigo, desde que não esteja sob os efeitos do clima Hail.
Zoroark (DARK) é uma incógnita em todos os sentidos: pode ser usado para mascarar Klinklang (STEEL) e pegar de surpresa por conta da velocidade. A engrenagem não é muito rápida e também não pode aprender Flamethrower ou Night Slash.
Revendo os integrantes do time de N, quatro de seus comandados são fracos para o tipo FIGHT e três deles fracos para o tipo GROUND, limitando as possibilidades de resposta e facilitando o trabalho do protagonista. Se Archeops for nocauteado rapidamente, a batalha se torna muito fácil.
Hugh
Se Cheren é parecido com Blue, Hugh é o Silver da quinta geração. Com seu temperamento enérgico e impulsivo, Hugh busca vingança contra o Team Plasma por terem roubado o Purrloin de sua irmãzinha.
Sendo assim, Hugh não é bem um rival, e sim, um amigo que busca sempre melhorar para cumprir a promessa de resgatar Purrloin. Até parece que o protagonista é o rival, e não o próprio Hugh.
Como a quinta geração é recheada de padrões, o time de Hugh também é composto por quatro Pokémon, tendo o inicial com vantagem sobre o protagonista e o macaco elemental para cobertura defensiva, idêntico ao modelo aplicado em Cheren e Bianca.
Seus outros dois Pokémon são inspirados no par de rivais dos primeiros jogos, pois leva consigo Unfezant (NORMAL/FLYING) e Bouffalant (NORMAL), ou seja, é como se a Game Freak tivesse juntado Bianca e Cheren em um único rival.
Com a Pokédex expandida das versões Black2/White2, diversos monstrinhos de outras regiões poderiam agregar tanto em estratégia como em profundidade para o background de Hugh. Sua batalha de rematch no pós jogo conta com Eelektross (ELECTRIC) e Flygon (GROUND/DRAGON), ou seja, é totalmente possível obter os seis integrantes antes da Elite Four.
Calem/Serena
A partir da sexta geração, nosso rival passou a ser mais “permissivo” em termos de desafio, e a combinação clássica contendo os tipos dos iniciais foi removida, dando lugar a um conjunto diferente. No papel, é interessante e promissor. Na prática, nem tanto assim. Tanto Calem quanto Serena utilizam os mesmos monstrinhos.
Seu Pokémon inicial é o que possui vantagem sobre o protagonista, entretanto, o time em si não se conversa, ainda mais considerando a grande diversidade da Pokédex regional de Kalos. Meowstic (PSYCHIC) é um atacante especial de boa velocidade, porém de baixa potência.
Em seguida, temos uma das Eeveelutions de Kanto: Vaporeon (WATER), Flareon (FIRE) e Jolteon (ELECTRIC), e sua escolha é com base no inicial, a fim de mitigar a fraqueza em relação ao do protagonista. Altaria (DRAGON/FLYING) ajuda na defesa com suas resistências, contudo, possui apenas três movimentos.
Absol (DARK) é o trunfo disfarçado. Na batalha disponível após a conclusão da história, o Pokémon desastre pode passar pelo processo de mega evolução, tornando-se um grande oponente. Entretanto, o protagonista recebe de presente no terceiro ginásio um Lucario e que também pode mega evoluir, logo, nosso rival está sempre dois passos atrás.
Shauna/Trevor/Tierno
O trio secundário fecha o quarteto de rivais da região de Kalos. Shauna é fã do protagonista, logo, seleciona o inicial com desvantagem. Podemos enfrentá-la duas vezes ao longo da jornada, uma logo de cara e a segunda muito tempo depois. Seu time é composto por Delcatty (NORMAL), Goodra (DRAGON) e seu inicial. Ou seja, zero desafio.
Trevor está mais preocupado em completar a Pokédex do que realmente travar (piada intencional aqui) batalhas acirradas. Sua equipe não possui nenhum Pokémon inicial de Kalos e sempre será a mesma, independente da escolha do protagonista. Raichu (ELECTRIC), Aerodactyl (ROCK/FLYING) e Florges (FAIRY) integram o elenco.
Por último temos Tierno, o dançarino do grupo. Evidentemente, não é um rival com erre maiúsculo. Devido à sua fixação por movimentos que tenham o termo “Dance”, todos os integrantes de seu time possuem golpes com essa característica. Inclusive, um de seus Pokémon possui apenas um movimento por conta disso.
Ademais, Tierno é o único dentre os quatro rivais da região de Kalos que possui a combinação GRASS/FIRE/WATER com Talonflame (FIRE/FLYING), Roserade (GRASS/POISON) e Crawdaunt (WATER/DARK).
Dito isso, finalizamos a segunda parte da trajetória dos rivais. Como é possível notar, houve uma redução significativa na quantidade de Pokémon nos times. Outro ponto importante é a relevância dos rivais na história. A cada geração, mais e mais elementos foram adicionados, jogando esse título para escanteio.Em breve, teremos a última parte: Crise e Colapso, em que os rivais perderam completamente o sentido na história, muitas vezes atrapalhando a progressão da campanha em vez de acrescentar um novo desafio.
Revisão: Beatriz Castro













