Pokémon: avaliando a trajetória dos rivais e suas equipes na franquia - Parte III

Acompanhe o pífio desempenho dos rivais da sétima geração até a nona. Será que podemos classificá-los dessa forma?

em 28/06/2025

Chegamos à terceira e última parte da trajetória dos rivais ao longo das gerações da franquia Pokémon. Até agora, vimos como foi o começo dessa história rica em dificuldade com a Ascensão e Consolidação e como o tempo passou a apresentar Sinais de Declínio.

Na sétima geração, tivemos a primeira grande mudança: o rival principal escolhe o Pokémon com desvantagem, enquanto que uma segunda figura, introduzida conforme a história progride, possui algum tipo de “vantagem”.

Esse modelo não agradou fãs de longa data da franquia com a justificativa de que o jogo passou a ser mais fácil e amigável em vez de difícil e recompensador. Hoje, vencer um rival é mais uma batalha dentre as muitas que precisamos superar para finalizar a história.

A rivalidade deu lugar à amizade: em vez de detonar o protagonista com golpes fortes e níveis acima dos desafios próximos, os rivais atuais estão mais preocupados com a condição dos Pokémon adversários do que com seu próprio time.

A seguir, você confere o desfecho intitulado de Crise e Colapso, pois os rivais perderam completamente o sentido na história e o espírito desafiador que esse título carrega. Boa leitura!

Hau

Sun/Moon

Hau foi o primeiro na era “friendly” a selecionar o Pokémon inicial com desvantagem sobre o protagonista. De fato, Bianca e Shauna já haviam feito isso, porém, não eram rivais diretas, e sim, complementos da história.

Por outro lado, o neto de um dos treinadores mais fortes da região de Alola, o kahuna Hala, acabou escorregando na casca de banana e não aplicou todo o conhecimento obtido na família. Nas versões Sun/Moon, seu time é composto por quatro Pokémon, indo ao encontro do que abordamos até agora.

Alolan Raichu abre os trabalhos, e sua combinação de tipos ELECTRIC/PSYCHIC é poderosa, mas sofre com a baixa diversidade dos colegas. A falta de um usuário da técnica Electric Terrain limita o uso de sua habilidade, Surge Surfer.


Em seguida, uma Eeveelution foi selecionada, e para não haver sobrecarga de tipos, desta vez, enfrentaremos ou Leafeon (GRASS), ou Flareon (FIRE) ou Vaporeon (WATER), a depender do inicial do protagonista.

Komala (NORMAL) é interessante no papel, já que não pode sofrer condições negativas, como BURN, em virtude de sua habilidade Comatose. Porém, a falta de um movimento STAB prejudica a ofensiva.

Ultra Sun/Ultra Moon

No segundo universo da sétima geração, a equipe de Hau recebeu gratas adições, finalizando com seis integrantes. Curiosamente, nossa última batalha é para decidir o título da região de Alola. O timing desse confronto se assemelha muito ao de Red e Green, uma vez que Hau chega logo após o protagonista ter vencido a Elite Four.

O quarteto do primeiro jogo se mantém, com exceção de Komala que dá lugar a Tauros, também do tipo NORMAL. Noivern (FLYING/DRAGON) e Crabominable (FIGHTING/ICE) completam a equipe. O caranguejo de gelo pode ser uma referência a seu avô, especialista no tipo FIGHTING.


Um ponto que me intriga até hoje é que as versões localizadas na região de Alola não são continuações, mas sim, histórias separadas. Arrisco dizer que a Game Freak, ao ver a besteira feita na primeira, decidiu corrigir alguns pontos, e o time de Hau é o exemplo perfeito.

Gladion

Sun/Moon

O irmão mais velho de Lillie é introduzido na história como membro do Team Skull, no entanto, seus interesses não estão 100% com a equipe, diferente dos demais integrantes. Gladion é um profundo conhecedor dos Pokémon, e chega até a criticar Hau por não levar as batalhas com seriedade.

O garoto loiro possui em seu time bons Pokémon e que podem oferecer certo perigo, especialmente nos estágios finais da aventura. Crobat (POISON/FLYING) é o primeiro a entrar em campo, apostando em grandes quantidades de dano com a técnica Acrobatics.

Weavile é o segundo membro, dos tipos DARK/ICE. Assim como o morcegão, a fuinha de gelo é rápida e mais potente, podendo até apostar em golpes de prioridade, como Ice Shard. Lucario é… Lucario. O chacal da região de Sinnoh, dos tipos FIGHTING/STEEL, porta o Steelium Z e geralmente causa problemas.


Seu trunfo é Silvally, criatura desenvolvida em laboratório para conter todas as Ultra Beasts existentes. Isso é possível graças à sua habilidade, RKS System, uma analogia ao Pokémon lendário Arceus, já que a pronúncia da sigla R-K-S em inglês é similar ao nome do Deus Pokémon.

Em vez de placas, Silvally pode receber até 18 memórias, uma para cada tipo e mudando seu tipo base, permitindo que se adapte a qualquer necessidade. Nos jogos, a memória selecionada por Gladion é aquela que supera o inicial do protagonista.

Ultra Sun/Ultra Moon

Novamente, o time de Gladion possui quatro membros, e há uma pequena mudança: Weavile dá lugar a Zoroark, que é do tipo DARK puro. Há um singelo “downgrade” em relação ao time do primeiro jogo, já que o tipo ICE é muito bom ofensivamente.

Infelizmente, não sabemos o porquê de seu time permanecer limitado a quatro Pokémon. Até mesmo Hau ganhou um time completo antes da finalização da história. Após o protagonista se tornar o campeão, Gladion pode desafiar o título, dessa vez com o time contendo seis integrantes.


Porygon-Z (NORMAL) e um dos iniciais de Kanto, Venusaur (GRASS/POISON), Charizard (FIRE/FLYING) ou Blastoise (WATER), são acrescentados ao elenco, arredondando perfeitamente o gráfico de tipos, pois sua escolha também é com base no inicial do protagonista.

Particularmente, gosto muito do universo da região de Alola e de Gladion. Sua música tema é incrível. Sua personalidade forte e inabalável são ótimas qualidades para um rival de respeito. Em minha humilde opinião, ele merecia ter um time completo assim como Hau.

Hop

Seguindo os passos de Hau, o irmão mais novo de Leon é um rival muito, mas muito amigável para o protagonista. A escolha de seu inicial também segue o mesmo padrão, ou seja, Hop sempre seleciona aquele com desvantagem.

O quinteto de Hop é bem simples e facilmente explorado. Nem parece um rival de verdade. Dubwool (NORMAL) é o primeiro Pokémon a ir para campo e tem um papel significativo na história de Hop por ser seu primeiro companheiro.

Corvinight é, talvez, o melhor Pokémon em seu time. Dos tipos FLYING/STEEL, o corvo de aço possui resistências importantes e duas imunidades. Pincurchin (ELECTRIC) é o atacante especial do grupo e pode ser usado como suporte para Corvinight graças à sua habilidade Lightning Rod.


Snorlax (NORMAL) mais uma vez faz parte do time do rival e opera como um tanque ofensivo. Contudo, não possui nenhum golpe de STAB, o que dificulta sua ofensiva. Ainda que tenha Thick Fat como habilidade, a presença de Snorlax no time causa o acúmulo de fraqueza para o tipo FIGHTING, já que possui o mesmo tipo de Dubwool.

Um detalhe interessante sobre o time de Hop é que sempre são os mesmos Pokémon, alternando apenas o inicial. A região de Galar possui uma boa variedade de monstrinhos, ainda mais considerando a Wild Area. Desse modo, é completamente possível montar um time adequado para cada escolha inicial.

Bede/Marnie

Pela primeira vez na franquia, temos dois rivais especialistas em um tipo específico. Marnie é apresentada relativamente cedo na aventura e possui Pokémon do tipo DARK. Bede chega um pouco depois e possui Pokémon do tipo PSYCHIC.

Durante os eventos da história, Opal, líder de ginásio da cidade de Ballonlea, vê um grande potencial no garoto para sucedê-lo como líder e, com isso, Bede troca sua especialidade para o tipo FAIRY, embora 75% de sua equipe mantenha sua especialidade inicial.

O time de Marnie é composto por Liepard (DARK), Toxicroak (POISON/FIGHTING), Scrafty (DARK/FIGHTING) Morpeko (ELECTRIC/DARK), e seu trunfo é Grimmsnarl, dos tipos DARK/FAIRY, sendo este capaz de ativar o fenômeno Gigantamax.


Ser especialista em um tipo é uma faca de dois gumes: o tipo DARK é bem ofensivo e conta com bons golpes. No entanto, defensivamente, todos partilham da mesma fraqueza. Ainda que Toxicroak ajude contra as fadas e lutadores, não é garantido que tenha sucesso.

O mesmo se aplica para Bede: seu time é composto por Mawile (STEEL/FAIRY), Gardevoir, Galarian Rapidash e Hatterene, todos dos tipos PSYCHIC/FAIRY. Em outras palavras, qualquer Pokémon do tipo STEEL é um perigo para o time de Bede. Finalmente um rival sem fraqueza exacerbada para o tipo FIGHTING!

Nemona

Assim que a história de Scarlet/Violet começa, é revelado para o jogador que Nemona possui o título de campeã da região de Paldea. Confesso que isso me chocou um pouco no início. Para ajustar o nível de dificuldade geral, a garota energética usa uma equipe completamente diferente para acompanhar o desafio de ginásios do protagonista.

Em virtude disso, não sabemos exatamente qual foi o seu primeiro Pokémon. Para fins de história, Nemona sempre seleciona o inicial que perde para o protagonista. O restante da equipe é idêntica e independe dessa escolha.

Lycanroc (ROCK) é o primeiro que Nemona lança ao campo. É importante mencionar que o moveset usado é bem similar ao competitivo, logo, espere por jogadas inesperadas. Goodra (DRAGON) retorna ao time de um rival e é o tanque especial do grupo. 


Dudunsparce (NORMAL) é um atacante físico com HP massivo e capaz de usar a técnica Coil. Orthworm (STEEL) é o oposto de Goodra: extremamente resistente do lado físico. Por ter a habilidade Earth Eater, é imune a golpes do tipo GROUND

Pawmot (ELECTRIC/FIGHTING) deixou de ser seu trunfo mas ainda é bem importante. Altamente potente, o roedor elétrico pode dar trabalho para treinadores inexperientes.

Assim como outros rivais, metade da equipe possui fraqueza para o tipo FIGHTING, limitando muito suas respostas. Apenas quando Skeledirge está presente é que há uma chance de sobrevivência.

Arven

O arco da história envolvendo Arven é um dos mais bonitos da franquia. Sua busca pelos ingredientes misteriosos para curar seu companheiro me fez chorar de verdade. Há muito amor e carinho de Arven por seu Mabosstiff. Até nos jogos, os cachorros são melhores amigos dos humanos.

No entanto, nosso primeiro contato com o cozinheiro é bem diferente. Apenas um Skwovet no Lv.5 e muita marra. Com o tempo, Arven reconhece o protagonista como um bom amigo ao receber ajuda na procura das ervas místicas da região de Paldea.

Em termos de equipe, seus comandados não são excepcionais, e advinhe: metade é fraca para o tipo FIGHTING, nada de novo por aqui. Greedent (NORMAL) inicia as batalhas e aplica bastante pressão com Body Slam.


Em seguida, temos a famosa combinação GRASS/FIRE/WATER com Cloyster (WATER/ICE) e Scovillain (GRASS/FIRE). Essa dupla é muito boa pelo fato de cobrir os três tipos com apenas duas vagas. 

Toedscruel (GROUND/GRASS) acumula o tipo grama e não agrega tanto assim. Talvez, substituí-lo por outra criatura do tipo GROUND, como Clodsire ou Hippowdon, o desempenho do time seria melhor.

Garganacl (ROCK) é um Pokémon bem interessante e que pode apresentar perigo após alguns usos de Salt Cure, seu movimento exclusivo. Seu trunfo é Mabosstiff (DARK), sendo este terastalizado sempre que possível.

Veredito

Nas primeiras gerações, os rivais eram mais desafiadores e ocupavam um lugar de destaque na história. Os embates, muitas vezes, eram os mais difíceis por conta da vantagem clara entre os tipos dos Pokémon iniciais.

Com o tempo, o papel do rival foi mudando, embora ainda faça parte da história principal. Nas gerações mais recentes, esse conceito foi reformulado para se adequar à nova visão imposta pela Game Freak: Pokémon deixou um pouco de lado a dificuldade e passou a ser mais amigável, especialmente com novos jogadores.

Evidentemente, essa mudança refletiu diretamente na fórmula básica aplicada em todas as gerações. Se antes o rival era consideravelmente mais forte e nos convidando para uma batalha surpresa após uma caverna recheada de Zubat, hoje a cada cinco passos, nossos “rivais” curam o time do protagonista completamente.
Encerramos aqui a trajetória dos rivais ao longo das gerações da franquia Pokémon. A partir da região de Alola, a figura do rival foi enfraquecida consideravelmente, e o próprio jogo brinca com isso.

Os times que, raramente, possuem seis integrantes chamam atenção no papel, porém a execução é um completo desastre. Não há como argumentar a favor de um Pokémon com apenas dois golpes e fraqueza para o mesmo tipo em três versões seguidas.

Esperamos que a décima geração traga de volta o espírito desafiador que as primeiras souberam aplicar tão bem, devolvendo um pouco do brilho e importância que este título merece.
Revisão: Beatriz Castro
Siga o Blast nas Redes Sociais
Victor Hugo Carreta
Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).