Em 5 de junho de 2025, a Nintendo lançou o Switch 2 e alcançou um marco histórico: mais de 3,5 milhões de unidades vendidas. O recorde global de vendas rápidas superou não apenas rivais como o PS5, mas também seu antecessor direto, o Switch original. Mas como exatamente isso aconteceu, especialmente com preços elevados, chegando a US$ 449,99 na versão básica e US$ 499,99 no bundle com Mario Kart World?
O lançamento não foi apenas um evento comercial, foi uma operação global, combinando o varejo físico, presença digital intensa e estratégias planejadas para gerar escassez e desejo. Hoje vamos desvendar os bastidores desse sucesso, juntos.
Despertando interesse sem mostrar tudo
A Nintendo soube provocar. Tudo começou com um teaser mínimo e enigmático: silhuetas dos Joy-Con 2, contornos do console, o Mario Kart novo rolando, mas nada de detalhes técnicos. Essa estratégia criou um buzz de especulações, especialmente no YouTube e Reddit, prendendo a atenção do público por semanas.
Quando finalmente revelaram, dia 16 de janeiro, detalhes como a nova tela 1080p portátil (e 4K no dock), processador mais potente e o esperado GameChat, a empresa manteve uma carta na manga: os jogos Mario Kart World e Donkey Kong Bananza só foram detalhados meses depois, gerando expectativa contínua e crescente. Essa construção de tensão transformou cada anúncio em um evento, alimentando especulações e garantindo a cobertura espontânea e viral da mídia especializada e dos fãs.
Pré-venda controlada: gerando desejo sem causar frustração
Mesmo diante das tarifas ameaçadoras dos Estados Unidos, não houve caos. A Nintendo planejou cuidadosamente o estoque meses antes, desviando parte da produção para o Sudeste Asiático e garantiu centenas de milhares de unidades antecipadamente nos Estados Unidos.
A pré-venda, por outro lado, foi cuidadosamente escalonada. Nos EUA e na Europa, sistemas digitais organizaram loterias e filas virtuais; no Japão, um impressionante número de 2,2 milhões de candidatos disputou unidades por sorteio. O resultado: estoque suficiente para evitar abusos dos cambistas, mas ainda limitado o bastante para gerar urgência. A estratégia perfeita, que criou desejo sem causar frustração exagerada.
Lançamento global online e offline
O dia do lançamento se tornou um espetáculo global, cuidadosamente planejado. Grandes redes como Target, Walmart e GameStop nos EUA abriram à meia-noite com sistemas organizados de tickets e filas virtuais complementares.
Na internet foi intenso, sites de varejo chegaram a cair temporariamente devido ao alto tráfego, enquanto nas redes sociais, vídeos de unboxings e primeiras impressões se espalhavam rapidamente, reforçando a sensação de que todos queriam fazer parte do momento. Apesar do preço elevado e da falta de reviews da imprensa, a percepção de valor era clara e sustentada pela sensação de exclusividade e pelo hype criado nas postagens e vídeos.
O “toque” ao vivo faz toda a diferença
Não subestime o poder do contato físico com um produto novo. Sabendo disso, a Nintendo investiu em quiosques de demonstração em lojas físicas, permitindo aos fãs testarem Mario Kart World, Cyberpunk e outros títulos lado a lado com o Switch 1. Além disso, criou o "Switch 2 Experience", uma turnê global com eventos exclusivos que só aumentavam a percepção de privilégio e conexão emocional com o produto. Essas iniciativas presenciais foram cruciais para criar uma conexão que o marketing puramente digital jamais alcançaria: ver e tocar no produto mais hypado da internet.
Outra jogada de mestre foram as parcerias com grandes varejistas. Eventos especiais em lojas como a flagship recém-inaugurada em San Francisco foram essenciais para marcar presença física da marca. No Brasil, inclusive, o Nintendo Blast esteve no evento de inauguração fazendo toda a cobertura. Trazer a experiência física para o lançamento digital fez as pessoas sentirem “na pele” o poder do novo console.
O alto preço no lançamento não foi um obstáculo
Parceiros antigos da Nintendo comentam que a empresa costuma evitar se envolver em debates de preço, ela sempre fica em silêncio e mantendo a consistência, seguindo o mantra histórico do “respeito ao valor”. Com o preço até 50% superior ao console anterior, a empresa manteve postura firme, e deu certo, apesar de reclamações iniciais sobre preços altos e falta de reviews iniciais.
O público respondeu positivamente, reconhecendo o valor da proposta exclusiva do novo console. Mais que um lançamento bem-sucedido, a Nintendo deu uma aula de marketing, narrativa e logística muito bem articulados.
Revisão: Vitor Tibério





