Dungeons & Dragons Neverwinter Nights 2: Enhanced Edition chegou ao Nintendo Switch com a promessa de trazer um clássico dos CRPGs para as mãos de uma nova geração de jogadores. Mas se a ideia era facilitar o acesso e modernizar a experiência, o resultado final ficou muito aquém do esperado. Desde os primeiros minutos, fica claro que essa edição não se propõe a ser um remake nem um remaster. O problema é que ela também não se propõe a corrigir sequer os defeitos mais frustrantes do original.
Carregamentos eternos e controles desajeitados
Um dos aspectos mais irritantes dessa versão é a persistência dos bugs, incluindo alguns bem graves. Por exemplo, é comum ficar preso em objetos do cenário, especialmente em portas e corredores apertados. Em mais de uma ocasião, precisei reiniciar o jogo porque meu personagem simplesmente não conseguia atravessar uma passagem. Isso destrói completamente qualquer tentativa de imersão ou continuidade.
Outro elemento que compromete a experiência são os infames loadings. Cada transição entre áreas exige uma nova tela de carregamento, que não são poucas. São longas, frequentes e quebram o ritmo de forma cruel. Em 2025, isso é inaceitável, ainda mais num console como o Switch, que já provou ser capaz de rodar jogos bem mais exigentes de forma fluida. Os controles no console também são um capítulo à parte, mas não de forma positiva. A adaptação da interface para o controle do Switch é sofrível: menus complicados, atalhos confusos e uma navegação nada intuitiva que só piora conforme o grupo de personagens cresce.
Parte da frustração vem do contraste com o que Neverwinter Nights 2 oferece em seu cerne: um sistema baseado em Dungeons & Dragons 3.5 que deveria permitir liberdade de escolha, criatividade e imersão tática. Mas a rigidez da interface e as limitações técnicas acabam sufocando boa parte disso.
Sistema promissor engessado pela execução
A trilha sonora, que em teoria deveria acompanhar os momentos de combate e exploração, também falha em sua função. Muitas vezes a música de combate continua tocando muito depois de a luta ter acabado, criando uma sensação artificial e desconectada do que está realmente acontecendo. Faltou cuidado até nisso.
No que diz respeito à narrativa, Neverwinter Nights 2 entrega uma história genérica. Não é terrível, mas também não tem nada de especial. O enredo se apoia em clichês do gênero: vilão sombrio, herói improvável, artefato mágico e uma sequência de missões que variam entre o previsível e o esquecível. Não há grandes momentos que marquem o jogador ou diálogos memoráveis.
História sem brilho e moralidade rasa
O sistema de alinhamento moral, tão destacado na proposta do jogo, acaba sendo raso. As escolhas são extremamente óbvias e guiadas: você sabe exatamente qual resposta vai dar pontos para "Bom" ou "Mau", e raramente há nuances. Isso transforma um sistema que poderia ser rico em um minigame de agradar a planilhas.
Visualmente, o jogo mantém o aspecto original, o que não é um problema por si só. O problema é que, além de não atualizar os gráficos, a Beamdog não otimizou bem o desempenho. Há quedas de framerate mesmo em cenas simples, e a iluminação parece lavada em algumas áreas. Nem a nostalgia justifica a ausência de polimento.
Gráficos datados e desempenho questionável
É claro que há quem vá tirar algum proveito desta edição. Para os fãs mais hardcore de CRPGs ou para quem tem um forte apego ao jogo original, há valor na possibilidade de jogar Neverwinter Nights 2 no modo portátil. É legal, sim, ter esse tipo de jogo disponível no Switch, especialmente num console que tem poucos representantes do gênero.
No entanto, para a maioria dos jogadores que estão procurando uma boa porta de entrada no mundo dos CRPGs, Dungeons & Dragons Neverwinter Nights 2: Enhanced Edition simplesmente não é a melhor escolha. Existem opções muito mais robustas, modernas e acessíveis no próprio Switch e em outras plataformas, como: Divinity: Original Sin 2, Disco Elysium, Shadowrun: Hong Kong ou Citizen Sleeper.
Esses títulos mais recentes não só oferecem histórias mais envolventes, mas também sistemas mais intuitivos, visuais aprimorados e mecânicas mais bem trabalhadas. Comparado a eles, Neverwinter Nights 2 parece um fóssil, e essa edição não faz muito para revitalizá-lo além de colocá-lo em uma vitrine portátil.
Dungeons & Dragons Neverwinter Nights 2: Enhanced Edition no Switch é um caso clássico de oportunidade perdida. Era a chance de apresentar um ícone do passado a novos jogadores com o respeito e a atenção que ele merecia. Mas, ao invés disso, temos um port preguiçoso, cheio de problemas técnicos e limitações que tornam a experiência mais frustrante do que prazerosa. Se for jogar, vá com paciência ou, melhor ainda, jogue outra coisa.
Prós
- A chance de jogar Neverwinter Nights 2 no modo portátil é um atrativo para fãs do gênero e do jogo original.
Contras
- Bugs graves não corrigidos;
- Loadings longos e frequentes;
- Controles mal adaptados;
- Trilha sonora mal implementada.
Dungeons & Dragons Neverwinter Nights 2: Enhanced Edition — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aspyr






