Análise: Monument Valley é uma pequena aventura fantástica que desafia os seus sentidos

Um ótimo port de um jogo mobile clássico que demanda criatividade e desafia sua perspectiva, mas que poderia ter controles adaptados para o Switch.

em 01/08/2025
No início da década de 2010, o mercado mobile crescia cada vez mais, e os consoles portáteis ganhavam um novo concorrente a ser considerado. Nessa época, grandes jogos marcaram a indústria de jogos mobile — como Angry Birds, Cut the Rope e, especialmente, Monument Valley.

Enquanto muitos jogos de celular eram vistos apenas como passatempo rápido entre as atividades do dia, Monument Valley surgiu com a proposta de inovar e provar que a plataforma também era capaz de impactar visual e narrativamente os jogadores. Inspirado em indies como FEZ, o título se apresentava como uma experiência mais “séria” e artisticamente ambiciosa, desafiando a percepção do jogador com suas geometrias impossíveis.

Recentemente, o primeiro jogo foi relançado para diversas plataformas — entre elas, o Switch — trazendo seus puzzles desafiadores e criativos com ajustes e melhorias pensados para o console híbrido da Nintendo. No entanto, curiosamente, essa versão carece de alguns elementos presentes na edição mobile do game.

Uma aventura por geometrias impossíveis

Em Monument Valley, você controla Ida, uma princesa silenciosa, em uma jornada por estruturas que distorcem a realidade e desafiam a percepção. Cabe ao jogador guiá-la, manipulando o ambiente ao seu redor para que ela possa devolver a geometria sagrada que roubou no passado.

É graças ao estilo artístico minimalista — marcado por cores sólidas e paletas bem definidas para cada capítulo — que esses cenários impossíveis ganham vida. O ângulo fixo da câmera contribui ainda mais para criar ilusões de ótica incríveis, com pontes que se conectam de maneiras que desafiam toda a lógica conhecida, e com cenários que se distorcem fisicamente de formas inimagináveis.

É através desse espetáculo visual e sonoro que o jogo conta sua história — não por meios convencionais, mas pelas sensações evocadas na interação entre o jogador, o ambiente e sua trilha sonora minimalista e interativa. É uma narrativa sobre arrependimento, perdão e crescimento pessoal. Uma jornada silenciosa, marcada pelo enfrentamento de desafios internos em busca de redenção.
Durante o jogo, você deve girar alavancas, deslizar blocos e apertar botões para alterar partes do cenário ou afastar os Corvos — seres que tentam atrapalhar sua jornada. Cada fase é única, tanto visual quanto criativamente, já que os quebra-cabeças variam bastante em estrutura e resolução, criando uma experiência sempre nova e surpreendente.

Formas incompletas

Mesmo sendo um jogo único, com puzzles criativos e uma proposta diferente do que costumamos ver, existem alguns pequenos problemas tanto em seu conteúdo quanto na sua jogabilidade.
O primeiro grande problema diz respeito à duração do jogo, já que é possível finalizar a campanha principal em cerca de uma hora. Com as campanhas extras incluídas gratuitamente na versão de Switch, essa duração pode ser estendida para até duas horas no total, isso na pior das hipóteses.

No contexto mobile, essa brevidade não era tão evidente, já que o jogo costumava ser aproveitado em sessões mais curtas. No entanto, ao ser jogado em um console, torna-se fácil concluir toda a experiência em uma única jogatina — que foi exatamente o que aconteceu comigo — e, para muitos jogadores, essa curta duração pode gerar uma sensação de vazio, da experiência ter sido muito mais curta do que deveria.
Mas o pior problema, sem dúvidas, está nos controles. Mesmo com o suporte nativo à tela sensível ao toque no Switch, o jogo só pode ser jogado com o uso de um controle, sem qualquer opção de toque. Isso me surpreendeu bastante, considerando que o título foi originalmente lançado para dispositivos mobile.

Em vez de toques diretos, você precisa controlar um cursor com o analógico, que se move de forma imprecisa e, muitas vezes, para direções que você não pretendia. Embora não chegue a ser algo desastroso, a experiência com os controles foi incômoda, e a ausência de uma opção de toque parece uma escolha equivocada — e difícil de justificar, especialmente considerando as capacidades do Switch.
Além disso, chama atenção o fato de que a versão de Switch não conta com localização em português — o que, embora não prejudique a experiência, já que há poucos textos, ainda assim é um detalhe curioso. Vale lembrar que a versão mobile conta com tradução para o nosso idioma, o que torna essa ausência no console um tanto inesperada.

A harmonia do impossível

Reviver essa obra artística no Switch, agora em uma tela grande, só reforçou o quanto essa jornada é incrível e memorável. Embora simples em seu design, a mágica e a ilusão dos cenários e dos puzzles cativam e entregam um verdadeiro espetáculo visual de arte abstrata.

Apesar dos controles imprecisos e da curta duração, Monument Valley é uma verdadeira obra de arte interativa que desafia suas perspectivas sobre o mundo — sim, a piada foi intencional —, exigindo um olhar atento e criativo para seus cenários enigmáticos.

Prós

  • Níveis visualmente fantásticos, com estruturas que se distorcem de forma inesperada, envolvendo o jogador na resolução de puzzles que exigem criatividade e uma nova forma de enxergar o cenário;
  • História interpretativa surpreendente, capaz de transmitir sua mensagem por meio da música e das sensações que ela desperta;
  • Inclui todos os conteúdos extras gratuitamente.

Contras

  • Curta duração, podendo ser concluído facilmente em uma única sessão;
  • Controles limitados e imprecisos, sem suporte à tela de toque.

Monument Valley — iOS/Android/PC/PS4/PS5/Xbox One/Xbox X|S/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vitor Tibério
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Samuel Expeditto
é um jovem que gosta de catalogar e documentar as histórias dos jogos. Sua planilha de jogos zerados cresce semanalmente, e você pode acompanhar seus vídeos e análises no YouTube e Instagram.
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