Análise: Front Mission 3: Remake nos leva novamente ao mundo de robôs gigantes em conspirações de guerra

O jogo tático licenciado pela Forever Entertainment chega ao Switch com atualizações modestas.

em 22/07/2025
Dando continuidade aos seus trabalhos com os dois primeiros jogos da série, a Forever Entertainment lançou no Switch o Front Mission 3: Remake. A obra resgata o clássico de PS1 que foi o primeiro jogo da franquia a ser lançado no Ocidente, dando uma nova roupagem para ele no Nintendo Switch.

No meio de uma guerra

Front Mission é uma série da Square Enix que tradicionalmente está associada a RPGs táticos, embora tenha também alguns spin-offs em outros gêneros desde Gun Hazard no SNES. O terceiro jogo da série cobre a história de um novo conflito que envolve as forças japonesas, a OCU e outras grandes nações do universo da franquia.

Dependendo de uma escolha no início do jogo, é possível ver o conflito de ângulos diferentes, com o jogador tendo que apoiar Emma ou Alisa. Vale destacar que a decisão é algo extremamente casual e o seu peso para a ramificação da narrativa não é claramente indicado pelo jogo.

De forma geral, Front Mission 3 traz uma narrativa interessante em que acabamos descobrindo segredos de guerra e conspirações político-militares. O remake conta com tradução para o português, mas apenas de Portugal, o que acaba soando alienígena para brasileiros. Mesmo levando em conta essa questão da diferença da língua, ainda temos erros de tradução notáveis, especialmente em menus, que indicam a falta de uma noção exata do contexto, e até frases que continuam em inglês.

Controle tático e customização

Assim como seus antecessores, o que chama a atenção em Front Mission 3: Remake é a customização dos robôs. Cada personagem pode usar um wanzer que conta com partes separadas para corpo, braços e pernas. É possível equipar armas de curta e longa distância em ambos os braços e nos ombros.

Cada parte possui atributos específicos de peso, HP, potência, precisão, durabilidade de escudo e dano causado pelas armas. Além dessa customização visando eficiência da máquina, temos também a possibilidade de ajustar as cores da máquina e aplicar camuflagem. É um sistema simples e nem de longe tão detalhado quanto o de uma obra como Gundam Breaker ou até Megaton Musashi, mas é uma opção divertida de usar.

As partes estão associadas a habilidades específicas que podem ser ativadas de forma aleatória durante as batalhas e é possível equipá-las à CPU para fazer com que elas sejam usadas de forma mais frequente. Ainda há um elemento aleatório como nos outros jogos, não sendo possível por padrão definir a parte que será atingida ao atacar, o que pode fazer o combate variar bastante mesmo com as mesmas condições, já que basta eliminar o tronco do oponente ou o piloto para vencer.

O combate é tático e envolve guiar os personagens pelos mapas que são organizados em um grid quadriculado. A movimentação e os ataques dependem de custo de PA e algumas armas, como mísseis de longa distância, possuem munição limitada.

Dependendo da sorte do jogador, é possível fazer com que o inimigo se renda, paralisá-lo ou até forçar o inimigo a ejetar, mas as duas últimas condições também podem acontecer com os personagens da sua equipe. Em particular, a ejeção é um ponto interessante, já que deixa aquele indivíduo vulnerável, mas também abre a possibilidade de assumir o controle de outro mecha que esteja desocupado em campo, embora esse tipo de condição seja bem pontual dentro do grande esquema do jogo.

Uma camada de mudança

Em termos de novidades do remake, há um esforço especialmente no aspecto visual, recriando ambientes e algumas imagens. Existem casos de upscaling, mas também modelos novos para os robôs e algumas imagens refeitas com claras alterações e alguns detalhes estranhos, especialmente na Rede, uma espécie de representação retrofuturista da internet com detalhes sobre o governo.

Para efeitos de comparação, joguei um pouco do Front Mission 3 original de PS1 e, curiosamente, a experiência de combate do jogo é muito mais ágil lá do que no remake. As animações são ativadas rapidamente e feitas de uma forma que dá uma sensação de continuidade, enquanto no Remake essa fluidez é totalmente perdida.

A interface do remake também é menor em busca de uma estética mais limpa, o que deixa alguns elementos como a mudança de turno muito mais difíceis de enxergar, embora seja possível aumentar a HUD. Outra mudança vem na trilha sonora, que agora conta com uma versão “moderna” que muda um pouco a instrumentação, mas ainda é possível optar pela trilha original, que é um pouco mais abafada em comparação, o que até ajuda em alguns momentos com o clima retrofuturista.

O que o jogo traz de principal novidade realmente talvez sejam os elementos de qualidade de vida, como autosave, legendas para estatísticas na construção do wanzer, opção de pular tutoriais e a indicação clara da possibilidade de pular trechos de história e cortar totalmente as animações do combate (de movimentação e ataque). O skip de cenas e agilização do combate já existiam no jogo original, mas aqui as funcionalidades são mais claras e confortáveis de usar. Assim como os antecessores, não temos, porém, um log para reler nada da história.

Um clássico, mesmo sem a atualização ideal

Front Mission 3: Remake não atualiza bem o jogo clássico, mas a sua base continua sendo interessante. Para fãs de RPGs, jogos táticos e mechas, vale a pena conhecer o jogo, seja em sua versão original ou no remake.

Prós

  • Rico sistema de customização dos robôs;
  • Uma história de guerra interessante;
  • Atmosfera retrofuturista explorada no visual, música e na Rede com dados adicionais;
  • Elementos básicos de qualidade de vida.

Contras

  • As novas animações de combate perdem fluidez em relação ao original;
  • Combate pode depender muito de sorte devido à falta de controle sobre partes atingidas e habilidades ativadas;
  • Vários erros de tradução em português de Portugal;
  • Ausência de log para reler os diálogos.
Front Mission 3: Remake — Switch — Nota: 7.0

Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Forever Entertainment

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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