A chegada de Mario Kart World representou uma das maiores transformações da série desde sua criação no Super Nintendo. Deixando de lado a estrutura de corridas em circuitos fechados, o game abraçou o conceito de mundo aberto — algo inédito para os padrões da franquia. De repente, os jogadores deixaram de apenas disputar troféus e passaram a explorar regiões icônicas do Reino Cogumelo, completando missões, desbloqueando segredos e interagindo com personagens pelo mapa.
Essa nova abordagem, que mistura corrida com elementos de exploração, trouxe uma energia renovada para a série e abriu uma gama de possibilidades de design. Foi uma reinvenção comparável ao que The Legend of Zelda: Breath of the Wild representou para a sua respectiva franquia. Com isso, o futuro de Mario Kart parece mais aberto — literalmente — do que nunca.
A pergunta que paira agora é: o que vem depois? Se a série já deu esse passo tão ousado com World, qual seria a próxima revolução? A resposta pode estar em uma mistura inesperada de gêneros.
Mario Kart RPG: velocidade com profundidade
Uma das ideias mais interessantes — e até plausíveis — para o futuro da franquia seria um Mario Kart com elementos de RPG. Imagine um jogo em que cada piloto tem uma árvore de habilidades única, com perks que afetam desde o controle nas curvas até bônus em itens específicos. Cada personagem poderia evoluir de forma personalizada, permitindo que o jogador moldasse seu estilo de corrida ao longo da jornada e usasse sua construção nas partidas online.
Além disso, os karts também poderiam ter slots de melhorias, com peças colecionáveis que afetariam velocidade, aceleração, derrapagem e até resistência a determinados tipos de itens. A progressão seria baseada em um sistema de experiência (XP) conquistada em eventos, desafios ou competições online, e o jogador teria liberdade para distribuir atributos entre seu personagem e veículo.
Essa abordagem transformaria o gameplay, dando uma sensação de construção e progressão contínua — algo que outros jogos de corrida exploraram em outros contextos, mas que Mario Kart poderia reinventar a criatividade única da Nintendo.
Mario Kart E-sports: ligas, times e competitividade
Uma vertente ainda pouco explorada pela Nintendo — mas cheia de potencial — seria a de um Mario Kart com foco competitivo e estrutura de e-sport. O sucesso do competitivo de Pokémon e de Splatoon 3 mostra que o público da Nintendo está mais do que pronto para experiências voltadas a torneios, rankings e ligas estruturadas.
Um futuro Mario Kart poderia abraçar esse caminho com modos dedicados a partidas ranqueadas, temporadas oficiais e até a criação de times e clãs para disputar campeonatos regionais e globais. A própria Nintendo poderia fomentar circuitos oficiais, como já faz em outras franquias, e oferecer suporte para a criação de ligas independentes, algo que atrairia desde fãs casuais até profissionais.
Além disso, o sistema de recompensas poderia incluir missões e prêmios semanais, cosméticos exclusivos e metas de temporada para manter a comunidade engajada. Tudo isso sem perder a essência arcade da série, mas oferecendo um desafio constante para jogadores mais dedicados.
Mario Kart Smash Bros: o multiverso nas pistas
Outra possibilidade intrigante seria ver Mario Kart abraçando de vez a ideia do multiverso Nintendo, à la Super Smash Bros.. Com Mario Kart 8 Deluxe já flertando com isso ao incluir personagens como Link, Villager e Inkling, um próximo título poderia tornar isso uma proposta central.
Imaginem um jogo no qual não só os pilotos, mas também os circuitos, itens e até as regras fossem inspirados em diversas franquias. Uma pista ambientada em Brinstar de Metroid, com elementos perigosos orgânicos e lava; ou uma corrida em tempo invertido dentro de Clock Town, de Majora’s Mask. As possibilidades criativas seriam praticamente infinitas.
Esse “Mario Kart Smash Bros” poderia até introduzir mecânicas únicas baseadas em cada universo — como gravidade alterada em pistas de Metroid, power-ups especiais de Kirby, ou obstáculos randômicos ao estilo WarioWare. Seria uma celebração da história da Nintendo, misturando nostalgia com gameplay imprevisível e dinâmico.
O futuro imediato de World
Enquanto especulamos o que pode vir na próxima grande revolução, é quase certo que Mario Kart World ainda tem muito conteúdo para entregar. A estrutura de mundo aberto permite uma longevidade inédita para a série, com espaço para DLCs expansivas, novos biomas, personagens e missões.
A ausência de um modo 200cc e o histórico de Mario Kart 8 Deluxe — que recebeu uma quantidade impressionante de novas pistas ao longo do tempo — praticamente garantem que Mario Kart World será abastecido com muito conteúdo nos próximos anos. Ao traçar esse paralelo com Deluxe, é natural esperar que o novo exclusivo do Switch 2 tenha, no mínimo, a mesma longevidade, qualidade e frequência de atualizações do que seu antecessor — senão mais.
Não seria surpresa se a Nintendo também adicionasse eventos ao estilo live service, com atualizações mensais que mantêm o universo em constante mudança. Essa seria uma maneira de manter World vivo por muitos anos, à la Mario Kart 8 Deluxe, mas com o dinamismo de um título mais conectado ao tempo real.
Acelerando rumo ao desconhecido
Se Mario Kart World abriu os portões de um novo tipo de corrida, explorativa e com elementos de plataforma, o próximo passo pode ser ainda mais ousado. Ao abraçar elementos de RPG, e-sport, experiências competitivas e até um multiverso consolidado, a franquia tem todas as ferramentas para se reinventar mais uma vez.
A Nintendo, com sua criatividade imprevisível e domínio técnico, tem o potencial de transformar Mario Kart não só em um jogo de corrida de mundo aberto, mas em uma plataforma viva, na qual velocidade, estratégia, comunidade e exploração coexistem. A estrada está aberta — agora só nos resta acelerar.
Revisão: Beatriz Castro






