Pokémon: como a franquia me ajudou a admirar os insetos do mundo real

Mais do que batalhas, Pokémon me ensinou a ver beleza onde antes havia repulsa — até nos menores seres do mundo real.

em 09/07/2025

Os insetos não estão entre os animais favoritos da maioria das pessoas, mas são inegavelmente vitais para o nosso ecossistema — e, por mais surpreendente que pareça, também são criaturas incríveis. Essa última afirmação não veio fácil para mim. Demorei a reconhecer sua beleza, e curiosamente, foi graças a Pokémon que essa mudança começou a acontecer.

Assim como os insetos do mundo real, os Pokémon do tipo Inseto costumam ser subestimados ou ignorados pelos jogadores. Mas, para minha sorte, cruzar meu caminho com essas criaturas — virtuais e reais — transformou minha visão sobre eles e sobre o mundo natural ao meu redor.

A arte imita a vida


Insetos são frequentemente temidos, rejeitados ou tratados como repulsivos na sociedade ocidental. Os motivos são muitos: alguns estão associados à sujeira ou doenças (culpa da negligência humana, diga-se de passagem), outros são cercados por mitos e superstições — como a crença de que certas mariposas são "bruxas" — e há ainda os que são considerados pragas agrícolas.

A personagem Misty, por exemplo, representa perfeitamente esse receio generalizado. Durante a primeira temporada do anime Pokémon, sua reação de repulsa ao Caterpie traduz o sentimento comum de muitos: mesmo sem uma razão concreta, é mais confortável manter distância.

Eu cresci absorvendo essa aversão. Faltava informação, sobrava preconceito. Mas, com o tempo, e principalmente graças ao universo Pokémon — tanto nos jogos quanto no anime —, fui lentamente me aproximando dessas criaturas, entendendo sua função, sua beleza e, enfim, admirando-as.

Entre Butterfrees e Volcaronas


O ponto de virada começou com um dos arcos mais marcantes da primeira temporada do anime: a história de Ash e seu Butterfree. Acompanhamos a evolução do Caterpie desde a captura — o primeiro Pokémon capturado por Ash — até sua transformação final e eventual despedida, num episódio que fez muitos chorarem.

Esse momento me marcou profundamente. Desde então, Butterfree se tornou um companheiro constante nas minhas jornadas pelos jogos da franquia. Mesmo nos títulos em que ele não está disponível, eu sempre fazia questão de incluir algum representante do tipo Inseto em minha equipe, entre eles: Heracross, Ninjask Escolípede e por aí vai, mantendo a estrutura das minhas equipes.

Foi assim que conheci Volcarona — e me apaixonei. Seu design místico, inspirado e poderoso combina aura lendária com estética marcante. Mais do que um Pokémon forte, Volcarona me ajudou a superar um incomodo muito específico: mariposas. 

Aquelas criaturinhas sempre me causaram desconforto, especialmente quando insistem em voar contra o rosto à noite, passaram a despertar fascínio. E assim, em Unova, pela primeira vez tive uma equipe contendo dois membros do tipo Inseto, Escolípede e Volcarona. 

Metamorfoses tão incríveis quanto evoluções


A evolução é o coração de Pokémon. Ela dá vida à franquia há quase três décadas, oferecendo uma das mecânicas mais emocionantes e imprevisíveis dos jogos: ver seus companheiros se transformarem em algo novo e poderoso. Algo muito parecido com um fenômeno bem comum no nosso mundo, mas muito pouco falado fora dos circulos de estudo de biologia.

Na natureza, o fenômeno mais próximo da evolução Pokémon é a metamorfose. E embora ela também ocorra em anfíbios, são os insetos que nos oferecem os exemplos mais espetaculares. Nos jogos temos de tudo, desde pequenas salamandras que se tornam “dragões” alados, outros que fazem alusão direta a metamorfose (e não são poucos), peixes se tornando dragões e por aí vai. 

No mundo de Pokémon, vemos criaturas acumularem energia e se transformarem em novas formas. Na vida real, lagartas literalmente se "derretem" dentro de um casulo, formando um corpo completamente novo a partir de células especializadas.


Metamorfose é algo tão absurdo e maravilhoso quanto qualquer evolução da franquia, talvez até mais. Se isso não é mágico, sinceramente, não sei o que seria. Então como um amante de Pokémon como eu poderia não amar o fenômeno da metamorfose?

 Da pokédex ao mundo real


Pokémon sempre foi mais do que batalhas e coleções. A franquia tem o poder de nos conectar com conceitos reais de ciência, biologia, cultura e até emoções humanas. No meu caso, transformou um sentimento de repulsa em empatia, curiosidade e até fascínio.

Hoje, ao ver um inseto voando por aí, não penso apenas em "bichinhos estranhos". Penso em Butterfree, em Volcarona, em evolução, metamorfose, e em como é possível que a arte, mesmo a ficcional, nos ajude a ressignificar o mundo real.

E talvez, só talvez, essa seja uma das maiores forças de Pokémon: nos ensinar, de forma sutil e divertida, que cada criatura tem seu valor, dentro e fora da Pokébola. E vocês, também tem alguma história de como a franquia mudou algo em sua vida?

Revisão: Beatriz Castro
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Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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