Análise: Gradius Origins: a melhor forma de conhecer a lendária franquia

Gradius Origins se destaca como uma das melhores coletâneas de jogos, oferecendo muito mais do que uma simples compilação.

em 20/08/2025

Com Gradius Origins, a Konami e a M2 entregam algo maior do que uma coletânea comum. Em vez de apenas reunir títulos antigos em um pacote, a proposta é oferecer uma experiência que funciona ao mesmo tempo como jogo, museu interativo e aula de história dos arcades. É uma abordagem que respeita o legado da franquia e reforça sua importância dentro do gênero shoot ’em up.

O destaque inicial está na variedade de versões incluídas. São sete títulos no total, mas com dezoito variações regionais, refletindo como cada mercado recebeu adaptações específicas. O primeiro Gradius, por exemplo, aparece em cinco versões diferentes — japonesas, americanas e europeia. Essa diversidade, que poderia soar repetitiva, é justamente o que torna o pacote tão valioso. Cada edição carrega detalhes técnicos e ajustes de balanceamento que revelam muito sobre a época e o funcionamento dos arcades.

Essa curadoria dá ao jogador a chance de comparar diretamente as diferenças. Ajustes de cor, variações de velocidade, mudanças na dificuldade ou até inimigos que explodem em projéteis — tudo isso está preservado. O resultado é uma coletânea que não apenas entretém, mas também documenta.

A trajetória de uma franquia marcante


Gradius sempre foi lembrado por seu universo único, com a galáxia Gradius em constante ameaça pela entidade biomecânica Bacterion. Nesse cenário, surge a icônica nave Vic Viper, equipada com um sistema modular de armas e que representa a defesa não apenas de um planeta, mas da liberdade de toda uma galáxia.

A coletânea também resgata os spin-offs que expandiram a fórmula. Salamander inovou ao alternar fases horizontais e verticais e ao simplificar o sistema de armamentos, substituindo a clássica barra de power-ups por ativações imediatas. Já Life Force, que começou como versão ocidental de Salamander, foi retrabalhado no Japão e mesclou os estilos, introduzindo cenários orgânicos que se destacam pela estética grotesca.

Ao reunir esses jogos, Origins evidencia a evolução natural da franquia. Cada título mantém o DNA de Gradius, mas traz variações suficientes para mostrar por que a série foi tão importante para moldar os shooters horizontais. É uma visão completa de como a criatividade da Konami ajudou a consolidar um gênero inteiro.

Modernizações bem aplicadas


Um dos principais desafios de coletâneas desse tipo é equilibrar preservação e acessibilidade. Em Gradius Origins, a solução foi adicionar ferramentas modernas sem comprometer a experiência original. O pacote inclui rewind, salvamentos rápidos e seletor de dificuldade, todos opcionais. Isso significa que o jogador pode optar entre reviver a dureza dos arcades ou aproveitar um ritmo mais tolerante.

Esses recursos funcionam como facilitadores, mas também como ferramentas de aprendizado. Com o modo de prática, por exemplo, é possível repetir trechos difíceis até memorizar padrões e adquirir reflexos, algo essencial em jogos tão punitivos. É uma forma de transformar a coletânea não apenas em um resgate, mas também em um ponto de partida para quem nunca se aventurou no gênero ou pretende aprimorar suas habilidades para enfrentar os mais duros da seérie como Gradius III AM, conhecido por sua dificuldade e que aparece pela primeira vez em consoles.

O HUD expandido reforça essa ideia. Ele oferece informações detalhadas sobre armas, equipamentos e até inimigos, funcionando quase como um painel de nave. Pode não ser essencial, mas enriquece a experiência para quem busca compreender o funcionamento interno de cada partida.

Mais do que jogar, é aprender


Além da jogabilidade, Origins também se preocupa em explicar seu conteúdo. Cada jogo é acompanhado por descrições em português que contextualizam as diferenças entre versões e explicam suas particularidades. É um cuidado que transforma a coletânea em material quase didático, ideal para quem se interessa pela história dos videogames.

As variações regionais, por exemplo, não estão ali apenas para inflar a lista, mas para mostrar como o design dos arcades era influenciado por limitações técnicas, preferências locais ou decisões comerciais. Jogar essas versões é entender, na prática, como pequenas mudanças podiam alterar significativamente a experiência.

Esse compromisso com a preservação é o que coloca Gradius Origins em outro patamar. A coletânea se posiciona não apenas como produto de entretenimento, mas também como registro histórico de um período crucial para a indústria dos jogos.

Para os apreciadores de artes e sons


E para reforçar o caráter abrangente dessa coletânea, há seções dedicadas a artes, rascunhos, sons e músicas dos jogos presentes, algo que já se tornou um padrão nesse tipo de lançamento. Portanto, nada de muito surpreendente aqui.

A galeria visual, no entanto, vai além dos artworks e rascunhos: ela inclui também itens promocionais e materiais de divulgação de cada título — algo raro, mesmo em compilações mais cuidadosas. Para quem aprecia artes de jogos e seus materiais promocionais, Origins não decepciona, trazendo tudo em alta definição.

Além disso, há ainda acesso aos modelos gráficos de cada jogo — como naves, inimigos e itens — reunidos no chamado “Guia Gradius”. Esse material apresenta descrições detalhadas, incluindo informações como a quantidade de pontos obtida ao derrotar determinados inimigos. Mas, apesar da riqueza desse conteúdo, esses ainda não são os extras mais interessantes.

 A novidade exclusiva: Salamander III


Se a coletânea já se destaca pelo cuidado com o passado, a presença de um título inédito reforça ainda mais seu valor. Salamander III foi criado exclusivamente para Origins e funciona como uma extensão natural da franquia.

O jogo mantém a identidade dos spin-offs, mas aproveita melhor o hardware moderno. O resultado são controles mais responsivos, performance fluida e gráficos que rivalizam com os melhores da série clássica, especialmente com Salamander II, ainda hoje impressionante visualmente. A estética segue o padrão conhecido, mas em sua versão mais refinada.

Embora não traga inovações radicais, Salamander III entrega o essencial: uma experiência autêntica, que poderia muito bem ter sido lançada no auge dos arcades, mas com a polidez que só a tecnologia atual permite. É um presente para os fãs e um motivo extra para conhecer a coletânea.

Uma das melhores coletâneas


Gradius Origins consegue algo raro: é, ao mesmo tempo, uma coletânea de jogos clássicos, um documento histórico e um exemplo de modernização respeitosa. A Konami e a M2 entregam um pacote que não se limita a reviver o passado, mas o celebra com clareza e dedicação.

Alguns detalhes poderiam ser melhores, como a opção de tela em widescreen, que apenas estica a imagem e compromete a apresentação. No entanto, isso não diminui a força do conjunto. O que realmente importa — jogabilidade preservada, extras relevantes e a inclusão de um título inédito — está aqui em alto nível.

 Para os veteranos, é uma oportunidade de revisitar batalhas lendárias com novos recursos. Para os novatos, é a porta de entrada perfeita para compreender por que Gradius foi tão importante na história dos videogames. Origins não é apenas uma coletânea: é a celebração definitiva de uma franquia lendária.

Prós:

  • Grande variedade de versões regionais preservadas (18 no total);
  • Descrições em português que contextualizam diferenças e histórico;
  • Ferramentas modernas como rewind, salvamentos rápidos e seletor de dificuldade;
  • HUD expandido e modo de treino que facilitam o aprendizado;
  • Inclusão de Salamander III, inédito e exclusivo para a coletânea;
  • Excelente preservação da performance e fidelidade aos arcades originais.

Contras

  • Opção de tela em widescreen apenas estica a imagem, prejudicando o visual;
  • Poucas novidades além de Salamander III;
  • O excesso de versões pode soar redundante para quem busca apenas jogar.

Gradius Origins — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami

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Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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