Análise: Time Flies: uma aventura curta e marcante como a vida de uma mosca

O jogo aposta na simplicidade para entregar uma experiência única.

em 15/08/2025

Time Flies é uma grata adição à lista de joias escondidas na biblioteca do Nintendo Switch. Lançado em 31 de julho, o título indie mostra como uma ideia bem executada não precisa de gráficos poderosos ou histórias complexas para se tornar uma experiência inesquecível. Nesse sentido, há um único e pequeno efeito colateral: Time Flies dura muito pouco (ainda que mais que o tempo médio de vida de uma mosca, certamente), e deixa um gostinho de quero mais.

Aproveite cada segundo

A proposta do título, a princípio, é simples: controlamos uma mosca e devemos completar sua lista de afazeres antes que chegue a hora da sua morte. Porém, Time Flies é repleto de detalhes criativos que tornam a experiência ainda mais interessante — por exemplo, ao iniciar o jogo, devemos selecionar um país de nossa preferência; dependendo da seleção, o tempo que nossa mosca permanecerá viva é alterado (tudo com base em dados da Organização Mundial da Saúde, comparando com o tempo de vida médio dos humanos). Se selecionarmos o Brasil, como foi o meu caso, nossa mosca viverá por apenas 72,4 segundos!


Selecionado o país, passamos a controlar a mosca. Logo que começamos a voar, um contador no canto da tela se inicia; quando o número de segundos chegar a zero, a mosca bate as botas. O objetivo, como comentei, gira em torno da lista de afazeres: tarefas como aprender um instrumento, fazer amizades ou ler um livro integram a lista anotada em uma folha de papel.


Claro, são ações que parecem ser impossíveis para um pequeno inseto realizar, mas Time Flies lida com esse aspecto da forma mais criativa possível, como veremos mais à frente. Aliás, criatividade é a alma do jogo, a começar pelo título: “Time Flies”, no inglês, faz um trocadilho com a expressão “o tempo voa”, além de uma possível tradução mais literal e cômica, soando como “moscas do tempo”.


Quando falamos nos controles, não tem como serem mais simples. Só há dois comandos: o analógico esquerdo controla o voo da mosca, e o botão “-“ ou “X” abrem a lista de afazeres. Todas as ações necessárias para realizar as tarefas só dependem do movimento do inseto voador. Nesse sentido, o jogo se torna extremamente acessível para qualquer tipo de jogador.

Zumbindo por aí

As sacadas usadas ao longo da jogatina moram na interpretação de texto, e Time Flies dá uma aula de singularidade nesse aspecto. Algumas tarefas são mais literais, como fazer alguém rir — para tanto, basta andar na sola do pé de um humano para concluir a missão. Outras mostram toda a criatividade dos criadores do título: a tarefa “faça uma viagem”, por exemplo, envolve que a mosca utilize substâncias alucinógenas. A variedade de tarefas e trocadilhos é memorável, rendendo muitos momentos divertidos.


Há também peças de quebra-cabeça espalhadas pelas quatro áreas principais do jogo, funcionando como coletáveis extras, ou seja, elas não são necessárias para se completar a “história principal” de Time Flies, mas envolvem alguns puzzles um pouco mais complexos e escondidos do que o normal. Mesmo assim, recomendo procurá-las: são um bom incentivo para se conhecer cada canto escondido dos cenários e descobrir cada detalhe.

Outro aspecto que vale retomar é o contador de segundos: ao começar o jogo, logo me preocupei com a contagem (não sou muito fã de jogos com limite de tempo, pois prefiro explorar tudo com calma). Porém, nesse sentido, o título demonstra maestria no game design: quando a mosca se aproxima de algum ponto de interesse para a lista de afazeres — como, por exemplo, um violão — a câmera amplia nosso campo de visão e o contador é congelado; dessa forma, podemos entender cada interação sem limite de tempo e pensar qual será o melhor caminho a ser traçado a seguir.


Ainda sobre o tempo de vida de cada mosca, cada nível conta com relógios espalhados por diferentes salas, e interagir com os ponteiros faz com que o contador aumente ou diminua a quantidade de segundos de vida restantes. É uma ótima opção para quem precisa de um pouco mais de tempo para pensar em cada tarefa, ou voltar para áreas que não são tão próximas umas das outras, sem correr o risco de morrer no caminho.


E falando nisso, não há nenhuma punição ao perder uma mosca (além de voltar ao ponto inicial de cada fase): um outro contador no canto da tela mostra em qual mosca estamos, e tudo o que foi feito na vida anterior — incluindo interações com o cenário e peças de quebra-cabeça coletadas — é preservado entre as tentativas. Ou seja, apesar do curto tempo de vida de cada inseto, podemos tentar completar a lista quantas vezes desejarmos, já sabendo o que esperar em cada nível e onde completar cada tarefa.

Acertando na mosca

Time Flies me surpreendeu positivamente e já se tornou um dos meus jogos favoritos do ano até agora. Estamos diante de um título divertido, com diversas sacadas inteligentes, cenários peculiares, missões criativas e até mesmo momentos filosóficos (a sequência final, para mim, foi uma das mais marcantes que vi nos últimos tempos) — e tudo isso num pacote simples e rápido de se completar. Talvez esse também seja o único ponto fraco do jogo: senti falta de mais áreas para explorar. Apesar disso, Time Flies é obrigatório para quem busca uma experiência curta, marcante e divertida no Nintendo Switch.

Prós

  • História simples e divertida, com várias sacadas criativas;
  • Controles acessíveis, tornando a experiência fácil e intuitiva;
  • Visual em pixel art simples, que complementa perfeitamente a proposta do jogo;
  • Incentivo constante à criatividade do jogador, com praticamente nenhuma punição após cada morte;
  • Ótimo game design na interação com objetos para completar a lista de afazeres, congelando o contador de segundos;
  • Trilha e efeitos sonoros cômicos, perfeitos para uma aventura estrelada por moscas.

Contras

  • Após completar todas as áreas ou coletar todas as peças de quebra-cabeça, há poucos motivos para se revisitar o jogo;
  • Duração curta: pode ser completado em cerca de duas horas.
Time Flies – PC/PS5/Switch – Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Panic
Siga o Blast nas Redes Sociais
Felipe Castello
Designer gráfico de formação, é fã da Nintendo desde a infância, quando ganhou um SNES usado com Super Mario World e Donkey Kong Country. Apesar do carinho especial pela série Mario, também se diverte com Pokémon, The Legend of Zelda e Animal Crossing. Costuma jogar no (pouco) tempo livre entre os estudos e o trabalho.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).