Análise: Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian – uma jornada de alquimia e reconstrução com rostos conhecidos

Com bons sistemas de combate e síntese, o título é mais um produto positivo da série.

em 25/09/2025
Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian é o mais recente título da extensa série de RPGs desenvolvida pela Gust. Desta vez, temos uma história focada na reconstrução de uma cidade e na aparição de diversos personagens conhecidos da franquia.

O mistério de Hallfein

A trama de Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian se passa no continente de Lantarna, a mesma região apresentada em Atelier Resleriana: Forgotten Alchemy and the Polar Night Liberator, título gacha lançado em 2024 e que já teve seu serviço encerrado no Ocidente.

Aqui, o foco está na cidade de Hallfein, que no passado foi um centro de comércio e mineração. Sua prosperidade, porém, chegou a um fim trágico quando um desastre misterioso fez com que a maior parte de seus habitantes desaparecesse, transformando o local em uma área restrita sob investigação da capital. Após anos de abandono, as restrições foram suspensas e planos de reconstrução começaram a ser elaborados, permitindo que pessoas voltassem a visitar o local. 

É nesse contexto que conhecemos os dois protagonistas: Rias Eidreise, uma jovem que deseja restaurar a loja de seu avô e acaba descobrindo um talento nato para a alquimia, e Slade Clauslyter, um rapaz que busca compreender os segredos deixados por seu falecido pai enquanto carrega a misteriosa habilidade de abrir passagens dimensionais. Durante a jornada, a dupla acaba reunindo diversos aliados — incluindo alguns rostos familiares para os fãs da franquia.

A trama de Atelier Resleriana é interessante e consegue encontrar um equilíbrio razoável entre os elementos de mistério sobre o passado e reconstrução. No entanto, em alguns diálogos e situações, ela acaba se alongando além do necessário, causando uma sensação de certa enrolação. 

A inclusão de personagens de outros jogos da série é um atrativo agradável, com alguns deles sendo introduzidos de forma bem elaborada, especialmente aqueles que podemos controlar, enquanto outros acabam aparecendo de uma maneira mais superficial. Vale destacar também que o jogo não conta com legendas em português, o que representa uma limitação considerável em uma obra com tanto texto.


Em busca de matérias-primas

Como não poderia ser diferente, Atelier Resleriana mantém a importância central da síntese e o jogador estará constantemente percorrendo mapas em busca de ingredientes, tanto os espalhados pelos cenários, quanto os deixados por inimigos derrotados. Neste jogo, o mundo é composto por áreas interconectadas e é possível viajar rapidamente entre diferentes locais por meio do mapa.

Se comparado aos títulos mais recentes da série, o escopo geral do mundo explorável é um pouco mais limitado, tanto visual quanto geograficamente. As áreas de colisão para acertar inimigos e iniciar combates não são tão precisas, os obstáculos e demais elementos de preenchimento de cenário não são muito criativos e o desempenho no Nintendo Switch original não é o ideal, com pequenos engasgos nas transições de exploração para combate e quedas de frames em determinados pontos.

Além das regiões de Lantarna, o jogo oferece um local especial chamado Dimensional Path, composto por áreas geradas aleatoriamente. Nestas zonas, além de nos depararmos com monstros, itens e tesouros variados, podemos encontrar e recrutar fadas para trabalhar na loja, uma mecânica que veremos mais adiante. Vale destacar que é possível desbloquear níveis de dificuldade nesse território, aumentando a qualidade dos itens e tesouros disponíveis.

Embora os elementos de exploração não sejam dos mais diversificados e o Dimensional Path possa se tornar repetitivo por ser composto basicamente por corredores iguais com cores diferentes, graças ao bom sistema de síntese, a busca por diferentes matérias-primas continua sendo algo prazeroso e recompensador.


Ação com todos os personagens

O combate em Atelier Resleriana segue o clássico sistema por turnos, com grande ênfase em explorar fraquezas elementais dos inimigos e aproveitar personagens com diferentes proficiências. Além dos protagonistas Rias e Slade, o elenco jogável inclui Razeluxe Meitzen (Mana Khemia 2), Wilbell Voll-Ersleid (Atelier Dusk Trilogy DX), Totooria Helmold (Atelier Totori) e Sophie Neuenmuller (Atelier Sophie).

Neste jogo, conseguimos posicionar três personagens na linha de frente e três na retaguarda, alternando entre eles dentro do próprio confronto. Quando um medidor especial chamado TP se preenche, o jogador pode ativar ações múltiplas, fazendo com que os heróis da reserva ataquem juntamente com um dos da frente. A combinação entre as duas linhas também pode ser realizada para usar itens, gerando efeitos diversos.

Gastando TP, também podemos ativar uma função denominada Interrupt, na qual um personagem de trás pode agir no início do próximo turno. Como é possível ver a ordem dos combates na linha do tempo, essa mecânica nos permite criar estratégias interessantes, como usar uma habilidade defensiva antes de receber um golpe poderoso.

Graças a esses sistemas relacionados ao uso de TP, todos os personagens permanecem em constante uso e contribuem ativamente em todos os combates, evitando que a escolha do grupo principal pelo jogador faça com que os demais membros do time fiquem subutilizados, como acontece em alguns RPGs.

O jogo ainda conta com um botão específico para defesa, que, se usado no momento certo, reduz significativamente o dano recebido. Para quem não gosta muito de manter essa atenção constante, há a alternativa de ativar uma mecânica que coloca os personagens automaticamente em estado de defesa, embora a mitigação de dano seja muito menor nesse caso.

No geral, o sistema de combate de Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian é divertido e gratificante, especialmente quando todos os seis personagens jogáveis estão disponíveis, o que nos permite criar combinações e estratégias mais complexas — algo que, infelizmente, só ocorre mais para o meio da campanha.


Produzindo e reconstruindo

A síntese em Atelier Resleriana segue o padrão de criação em cadeia, no qual cada receita requer materiais específicos em cada etapa da produção. Aqui, o sistema é bastante intuitivo, permitindo que os efeitos de cada item usado sejam mantidos no produto final através da combinação de cores.

Mesmo sendo visualmente intuitivo, criar produtos perfeitos não é tão simples, já que montar combinações eficientes exige compreender bem as propriedades de cada matéria-prima e manter um estoque variado, o que incentiva a exploração contínua em busca de novos materiais.

Um ponto interessante é que adicionar um material que atenda a certas condições pode fazer com que a receita mude, permitindo a criação de um novo item em um processo chamado Recipe Morph. Assim, além de adquirirmos novas receitas em lojas, também podemos obtê-las por meio da experimentação na síntese. Vale destacar que, em determinado ponto da campanha, desbloqueamos a função de duplicar itens, o que aumenta ainda mais o leque de possibilidades na busca por equipamentos e consumíveis de qualidade.

Outro pilar central de The Red Alchemist & the White Guardian é o seu sistema de gestão, que se desenvolve em duas frentes principais: administrar uma loja utilizando os serviços das fadas encontradas no Dimensional Path e investir recursos em diferentes áreas de Hallfein.

No primeiro caso, podemos atribuir uma fada a tarefas como limpeza, atendimento ao cliente e gestão do inventário, sendo que cada uma se sai melhor em determinada função. Com as deidades designadas, os itens coletados ou produzidos são colocados nas prateleiras e as vendas acontecem após uma curta animação, podendo ser repetidas a qualquer momento, desde que as criaturas ainda tenham energia.

No segundo sistema, investimos dinheiro (e, em níveis mais avançados, alguns itens) com um NPC responsável por desenvolver pontos estratégicos da cidade, como produção agrícola ou comércio. À medida que o centro urbano se desenvolve, mais pessoas passam a visitá-lo, aumentando o nível das vendas e desbloqueando novas lojas.

Embora essas mecânicas de gerenciamento tragam recompensas razoáveis e sejam até divertidas inicialmente, por serem bastante rasas e pouco variadas, elas acabam se tornando repetitivas a longo prazo. Esse detalhe se torna ainda mais incômodo pelo fato de a campanha ser interrompida em determinados momentos até que a cidade alcance certos níveis, o que quebra constantemente o ritmo da progressão.


Um RPG agradável

Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian consegue entregar com competência grande parte da essência que os fãs da série poderiam esperar: exploração em busca de matérias-primas, síntese rica e recompensadora, personagens carismáticos e um sistema de combate divertido e estratégico.

Apesar de alguns momentos da trama se alongarem desnecessariamente e de o ritmo da progressão ser constantemente interrompido por um sistema de gerenciamento pouco profundo, o saldo final ainda é bastante positivo. No conjunto, o título oferece uma experiência de RPG envolvente e divertida, que vale a pena ser conferida pelos entusiastas da franquia e por quem aprecia o gênero.


Prós

  • História interessante, que consegue equilibrar os mistérios sobre o passado com a reconstrução da cidade, além de incluir alguns personagens clássicos da franquia com competência;
  • Sistema de síntese intuitivo e recompensador, incentivando constantemente a experimentação e a busca por matérias-primas;
  • Combate divertido e estratégico, enriquecido pelos sistemas relacionados ao TP, que garantem que todos os personagens sejam úteis e geram ainda mais possibilidades táticas;
  • Ainda que limitados, os sistemas de gerenciamento conseguem divertir por um tempo e geram recompensas razoáveis.

Contras

  • Apesar de interessante, a história se alonga desnecessariamente em alguns diálogos e situações, passando a sensação de enrolação;
  • Exploração limitada em escopo visual e geográfico, com áreas menos criativas e repetitivas em comparação a títulos mais recentes da série, além de desempenho irregular no Nintendo Switch, com quedas de frames em alguns pontos e oscilações durante transições;
  • Os sistemas de revitalização da cidade e de gerenciamento da loja são pouco profundos e variados, se tornando repetitivos a longo prazo;
  • Ausência de legendas em português.
Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Koei Tecmo
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Lucas Oliveira
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