Análise: The Nameless: Slay Dragon é um divertido híbrido de CRPG e JRPG no Switch

Encarne um herói lendário na obra da desenvolvedora The Nameless Epic.

em 07/09/2025
Lançado no final do ano passado para PC, The Nameless: Slay Dragon é um RPG que se inspira em diversas influências para entregar uma aventura cativante e divertida, na qual o protagonista deve por fim a um dragão que há muito atormenta a humanidade. Sem problemas técnicos e com uma jogabilidade que combina bastante com um dispositivo portátil como é o Switch, a obra é facilmente recomendável nesta versão para o console da Nintendo.

Era uma vez, em um reino muito distante

Há muito tempo, existiu um grande herói. Ele jurou uma aliança para livrar o mundo de todo o mal e, empunhando uma espada sagrada, matou o rei dragão. Seus feitos foram gravados na essência desta terra. No entanto, sua figura foi apagada da memória e seu nome nunca foi celebrado.

Acima, está a história de The Nameless: Slay Dragon e também do seu herói. Isso porque, quando você tinha 17 anos, sua terra natal foi completamente destruída por um ataque de dragões. Como o único sobrevivente da tragédia, você decide então seguir o caminho do lendário Dragon Slayer, buscando vingança contra esses seres que tanto fazem mal à humanidade.

Porém, a missão não é fácil: além dos dragões, muitos outros perigos — ordinários e mágicos — rondam a terra e os céus, reiterando que você ainda tem muito o que aprender como guerreiro. Por isso, a sua primeira parada é LastGuard, uma extensa capital que serve como a última esperança da humanidade, graças aos seus altos muros e muitos soldados.

Nela, você planeja se alistar à ordem militar e aprender as poderosas técnicas que o lendário guerreiro um dia usou para matar o rei dragão, concluindo assim a sua jornada de redenção. Pronto para a tarefa?

Esta é a história do seu herói

Como jogo, The Nameless: Slay Dragon tem características tanto de CRPGs (sigla para computer RPGs, ou RPGs de computadores, em tradução livre) quanto de JRPGs e até boardgames, mas essa “mistura” (se é que posso falar assim) é surpreendentemente feita com rara eficácia, resultando em um produto coerente e bastante polido. A aventura em si, por exemplo, começa com o jogador nomeando o protagonista e escolhendo a sua classe, que afeta stats iniciais como a força e os pontos de vida (HP) disponíveis.

Além da classe, inicialmente também é possível escolher dois traços (traits), que influenciam como o protagonista se desenvolve ou como ele se relaciona com o mundo. Uma personalidade “totalmente focada”, por exemplo, é capaz de tornar a exploração mais eficaz, mas outros traços podem fornecer descontos permanentes nas lojas ou aumentar a taxa de sucesso na construção e reforma de equipamentos.

Assim, desde os primeiros minutos, é possível notar que a obra da The Nameless Epic preza pela variedade de opções e liberdade concedida ao jogador, características sempre bem-vindas em um jogo do gênero e também um incentivo para que novas campanhas sejam constantemente realizadas. E, uma vez que a aventura se desenrola de fato, todas essas mecânicas se juntam para entregar um título bastante divertido, capaz de entreter por horas a fio.

Quase um livro-jogo

Na prática, The Nameless: Slay Dragon adota um estilo de jogabilidade similar a de um livro-jogo, combinando elementos de RPGs de texto (como Roadwarden) e Visual Novels. A movimentação, por exemplo, é feita apertando em pontos de interesse destacados no mapa, os quais movimentam a história, levando a eventos e desafios e quase sempre solicitando uma escolha do jogador.

Um exemplo dessa liberdade narrativa é que, conforme progride, o protagonista encontra outros personagens, que podem ou não se juntar à equipe, dependendo dos seus diálogos. Algumas escolhas feitas também podem afetar quests, situações de combate (dá para entrar em encrencas ou escapar de algumas de acordo com a sua lábia) e até a conclusão da campanha.

Já o combate segue um sistema por turnos, em que as ações e habilidades são realizadas conforme a velocidade de cada membro da equipe ou inimigo. Embora nem de longe reinvente a roda nesse sentido (os confrontos seguem comandos básicos de atacar, defender e usar especiais, como vistos em tantos outros JRPGs da história), The Nameless consegue entreter nesses encontros, muito devido à variedade visual dos inimigos e bom nível de desafio, fatores que exigem atenção para sair com a vitória e uns pontinhos de experiência a mais na bagagem.

Tecnicamente impecável no Switch

Analisando agora o trabalho de adaptação para a plataforma, devo dizer que o estilo de jogo um pouco mais lento de The Nameless: Slay Dragon — com foco na narrativa, muitos diálogos e combate por turnos — combina muito bem com o caráter híbrido do Switch: é bastante prático investigar um ponto de interesse por vez no console da Nintendo ou até mesmo tratar a obra como um livro-jogo, só que virtual.

Logo, se você busca um RPG novo para a sua coleção, vale sim a pena conferir Slay Dragon: suas ilustrações detalhadas e a trilha sonora de bom-tom conservam o espetáculo no dispositivo da Big N, principalmente no modelo OLED. E apesar do preço não ser algo que costumamos discutir nas análises, preciso dizer que aqui há bastante conteúdo para o valor praticado na eShop — aliás, o mesmo cobrado no Steam.

Se há uma única crítica que posso fazer em relação ao port, é que navegar entre os pontos de interesse usando o analógico poderia ser um pouco mais rápido (e também não seria ruim poder usar a tela de toque para fazer as seleções na tela ou poder aumentar a fonte mais um pouco no modo portátil). Também é preciso reforçar que não há suporte a PT-BR, e The Nameless não reinventa em nada do que se propõe a fazer, apenas entregando uma aventura competente e cativante a partir da sua narrativa de vingança e realização pessoal.

Porém, mais vale o arroz com feijão bem-feito e bem-temperado do que um prato megaelaborado que sai cru ou queimado, não é mesmo? O simples feito com carinho sempre terá o seu espaço e, nesse sentido, a obra indie do estúdio The Nameless Epic consegue saciar e ainda deixar aquele importante gostinho de “quero mais” no final.

Encarnando o matador de dragões e trazendo paz ao mundo

Em um mar praticamente infinito de RPGs independentes, The Nameless: Slay Dragon consegue se destacar ao respeitar as suas várias influências e entregar uma aventura coesa, polida e, principalmente, divertida, cujo foco na narrativa e na liberdade concedida do jogador se prova acertado. Praticamente perfeita do ponto de vista técnico, esta versão para o Switch é uma ótima forma de seguir os passos do lendário Dragon Slayer e, de uma vez por todas, trazer paz à humanidade.

Prós

  • Ao explorar um conflito histórico entre dragões e humanos, entrega uma narrativa interessante, que explora temas como vingança e realização pessoal oferecendo liberdade ao jogador para fazer as escolhas que achar mais apropriadas, impactando a história;
  • Oferece várias opções de customização do personagem, com aspectos como classes e traços fornecendo motivos para jogar mais de uma vez a campanha;
  • Embora nada inovador, o sistema de combate por turnos é divertido, e as ilustrações detalhadas e o desafio justo resultam em uma experiência de bom padrão;
  • Graças a uma adaptação de qualidade, combina perfeitamente com o Switch.

Contras

  • A navegação entre pontos de interesse usando o analógico poderia ser mais rápida;
  • Por seu caráter mais textual, similar ao de um livro-jogo, provavelmente não vai agradar quem prefere RPGs com foco na ação;
  • Sem localização em PT-BR.
The Nameless: Slay Dragon — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela WhisperGames
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Alan Murilo
é publicitário e copywriter que aprecia um bom jogo tanto quanto um bom café. Gamer desde que segurou um controle de Super Nintendo pela primeira vez, tem um apreço especial pelos títulos independentes e pelas diversas franquias da Big N.
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