​​Análise: Dear me, I was… é uma narrativa simples e profunda

Um conto curto, delicado e intenso que transforma escolhas em cores e sentimentos.

em 06/10/2025

Fui jogar Dear me, I was… sem qualquer expectativa e logo fui surpreendido por sua força narrativa. Em poucos minutos, já estava envolvido em um conto simples e curto, mas com uma profundidade rara. A mensagem central é clara: nossa vida é moldada por nossas escolhas; cabe a nós preencher o quadro em branco e dar cor à própria história.

O quadro em branco

Esse game narrativo interativo acompanha a vida de uma jovem japonesa, convidando o jogador a testemunhar desde sua infância turbulenta até momentos marcantes de relacionamentos e descobertas. Assim como uma tela em branco, a protagonista é a artista de sua jornada — e cada decisão pode iluminar ou apagar as cores de sua trajetória.

Sem uma única palavra falada, a experiência se aproxima de um filme mudo, onde cada cena transmite mais do que qualquer diálogo poderia expressar. Às vezes, é preciso interpretar o que está acontecendo, mas logo tudo se torna claro, envolvente e emocional.

A beleza da vida

A jogabilidade é simples, quase minimalista: pequenos gestos com os Joy-Cons 2 permitem “rabiscar” desenhos, escolher a ordem de uma refeição, abrir uma gaveta ou interagir com objetos cotidianos. É tão breve e direto que mais parece assistir a um episódio de anime ou série interativa.

E falando em anime, o jogo é uma obra de arte em aquarela. Os traços lembram rascunhos feitos à mão que ganham vida com a técnica de rotoscopia, conferindo animações fluidas e expressivas. Os personagens, por sua vez, têm um aspecto que remete a Paper Mario: Sticker Star, como se fossem adesivos colados em cenários dignos de verdadeiras pinturas.

As cores também são protagonistas: tons opacos marcam os momentos de dor e reflexão, enquanto paletas vibrantes transmitem felicidade, ação e esperança. O resultado é uma narrativa visual capaz de traduzir emoções com clareza — da solidão à alegria, do medo à superação. Em vários momentos, é impossível não sorrir com a protagonista ou sentir seu sofrimento.

Decisões envolventes

Curiosamente, Dear me, I was… é exclusivo do Nintendo Switch 2, ainda que sua jogabilidade também se adapte bem ao Pro Controller. É de se estranhar que não esteja disponível no Switch original, dada sua enorme base instalada. Fica a expectativa de que a Arc System Works leve essa experiência também para outras plataformas, já que sua mensagem é universal.

A trilha sonora acompanha com maestria: suave e relaxante em boa parte da jornada, mas capaz de ganhar intensidade nos momentos cruciais, despertando fortes emoções e ampliando o impacto de cada cena.

Uma experiência curta que permanece para sempre

Dear me, I was… não é apenas um jogo: é uma reflexão interativa sobre vida, escolhas e sentimentos. Em apenas 45 minutos, consegue emocionar mais do que muitas narrativas longas, deixando cicatrizes e cores que permanecem mesmo após os créditos finais. Uma experiência delicada, profunda e inesquecível.

Prós

  • Narrativa simples, mas profunda e emocionante;
  • Estilo artístico em aquarela belíssimo e cheio de expressão;
  • Animações fluidas com uso criativo da rotoscopia;
  • Uso de cores para transmitir sentimentos de forma clara e envolvente;
  • Trilha sonora delicada, mas intensa nos momentos certos;
  • Experiência curta que deixa impacto duradouro.

Contras

  • Duração muito breve (cerca de 45 minutos) pode deixar um gosto de “quero mais”;
  • Exclusividade no Nintendo Switch 2 limita o acesso a mais jogadores;
  • Interações bastante simples podem não agradar quem espera mais.
Dear me, I was… — Switch 2 — Nota: 9.0
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Art System Works
Siga o Blast nas Redes Sociais
Leandro Alves
Leandro Alves é designer gráfico formado e especialista em Design Estratégico pela Unicarioca, além de UX Designer com formação pela ESPM e pela escola britânica Design Institute. Diretor Geral, Diretor Editorial e Diretor de Arte das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou sua paixão por videogames com The Legend of Zelda: A Link to the Past. Fã da Nintendo, mas sem esconder sua admiração pelo PlayStation, tem como séries favoritas Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Xenoblade Chronicles. Está no Instagram e Twitter.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).