Com isso, chegou o peculiar jogo Shujinkou, misturando elementos de Dungeon crawler, RPG e um pouco de Duolingo para uma aventura peculiar. Sem mais delongas, venha comigo caminhar nesse curioso mundo de bestas, lutas e rabiscos.
No começo do jogo, os melhores amigos de Shu, Toushirou e Shirouto, o auxiliam contra os inimigos e, mais tarde, o rapaz recebe a ajuda de Jin e Kou. Jin é uma excêntrica raposa que passou anos de sua vida como pintora, enquanto Kou é uma taciturna moça burguesa de outra parte do mundo. Como um bom RPG, o jogo é bem longo mas a presença de personagens carismáticos e a trama envolvente fazem o passar do tempo parecer bem rápido.
E é partir daqui que as coisas começam a tomar um rumo mais único. O aspecto mais icônico de Shujinkou está em seu objetivo de ser tanto um jogo divertido como ensinar japonês ao jogador. Em diálogos, certas palavras estão sublinhadas em azul para poder ver sua pronúncia nos três alfabetos nipônicos: hiragana, o alfabeto mais básico e como se escreve o sujeito; katakana, o alfabeto para palavras estrangeiras e sua pronúncia; e o kanji, baseado em caracteres chineses, destinado a sumarizar e idealizar conceitos.
Desde os menus alterando o idioma ao passar por cima para entender como se pronuncia no idioma nipônico até dicas e aulas rápidas nas telas de carregamento, o jogo vive com a proposta educacional, mas sem parecer algo barato e forçado, uma vez que é possível desativar o sistema de ensino e simplesmente apreciar Shujinkou com suas mecânicas básicas de Dungeon crawler e RPG, que funcionam muito bem sozinhas, apesar de perderem o principal atrativo do jogo.
À disposição dos heróis, temos as cinco Kanakae Orbs, esferas mágicas contendo caracteres dos alfabetos e que causam diferentes tipos de efeitos como fogo, água e luz. Como descobrir quais caracteres são mais efetivos? Descobrindo o nome dos inimigos. Exemplo: um sapo gigante pode ser derrotado na base da porrada… ou usando os caracteres que formam a palavra Kaeru (Kanji: 蛙. Hiragana: かえる. Katakana: カエル) , ensinando ao mesmo tempo que incentiva a progressão. Exclusivo ao Switch tem a opção de desenhar os caracteres usando a tela touch, instigando a imersão e o treinamento com o idioma, o que é muito legal.
Mas aí começam os diversos tutoriais, alguns com até quatro páginas, explicando as mecânicas básicas e tudo pode ser, no mínimo, sufocante. Claro, podemos ver cada tela nas opções e, com o progresso, pegar no ritmo, mas receber tanta informação em tão pouco tempo pode causar muita ansiedade. Além disso, é meio chato que o jogo não tenha dublagem, com no máximo áudios de como se pronuncia os caracteres, mas sem falas para acomodar as frases.
No Switch, o jogo toda muito bem, com alguns serrilhados no modo portátil quando se explora alguma vila e nos momentos point and click, mas que continua muito bonito. Aliada a apresentação visual temos uma trilha sonora muito bem composta. São mais de 150 músicas, extremamente variadas e que progridem com o andar da aventura, também baseadas em instrumentos típicos japoneses como os icônicos taikos.
Shujinkou é uma das surpresas mais agradáveis do ano, ensinando um belo idioma mas sem parecer um produto simplesmente destinado a ser educativo, entregando uma trama rica, belíssimos visuais, trilha sonora bem feita e personagens carismáticos. Vire o protagonista desta história. Ou deveria dizer… Shujinkou.
O código de um samurai
Em uma terra mágica baseada no folclore japonês no período feudal, vive o jovem Shu, um samurai aposentado levando uma boa vida com sua irmã. No entanto, sua monotonia é quebrada quando um monstro invade sua vila e assassina uma amiga próxima. Remoendo-se de culpa por ter sido desleixado com seu bushido (o código de honra de um samurai), ele parte em uma jornada para investigar a crescente leva de criaturas que assola o país.No começo do jogo, os melhores amigos de Shu, Toushirou e Shirouto, o auxiliam contra os inimigos e, mais tarde, o rapaz recebe a ajuda de Jin e Kou. Jin é uma excêntrica raposa que passou anos de sua vida como pintora, enquanto Kou é uma taciturna moça burguesa de outra parte do mundo. Como um bom RPG, o jogo é bem longo mas a presença de personagens carismáticos e a trama envolvente fazem o passar do tempo parecer bem rápido.
Entre a katana e o pincel
O esqueleto básico de Shujinkou é ser um Dungeon crawler na mesma pegada que Etrian Odyssey e dos originais Megami Tensei lá da era do Famicom, colocando os heróis em 16 labirintos extensos para serem explorados, com recursos para procurar e monstros para combater.E é partir daqui que as coisas começam a tomar um rumo mais único. O aspecto mais icônico de Shujinkou está em seu objetivo de ser tanto um jogo divertido como ensinar japonês ao jogador. Em diálogos, certas palavras estão sublinhadas em azul para poder ver sua pronúncia nos três alfabetos nipônicos: hiragana, o alfabeto mais básico e como se escreve o sujeito; katakana, o alfabeto para palavras estrangeiras e sua pronúncia; e o kanji, baseado em caracteres chineses, destinado a sumarizar e idealizar conceitos.
Desde os menus alterando o idioma ao passar por cima para entender como se pronuncia no idioma nipônico até dicas e aulas rápidas nas telas de carregamento, o jogo vive com a proposta educacional, mas sem parecer algo barato e forçado, uma vez que é possível desativar o sistema de ensino e simplesmente apreciar Shujinkou com suas mecânicas básicas de Dungeon crawler e RPG, que funcionam muito bem sozinhas, apesar de perderem o principal atrativo do jogo.
Confronto, consoantes e consequências
Os combates em Shujinkou funcionam, a princípio, como qualquer RPG de turno, no qual atacamos e somos atacados por inimigos e rezamos que possamos sair vitoriosos. Para se diferenciar de similares, o jogo utiliza os alfabetos para causar o máximo de efeito nos bichos.À disposição dos heróis, temos as cinco Kanakae Orbs, esferas mágicas contendo caracteres dos alfabetos e que causam diferentes tipos de efeitos como fogo, água e luz. Como descobrir quais caracteres são mais efetivos? Descobrindo o nome dos inimigos. Exemplo: um sapo gigante pode ser derrotado na base da porrada… ou usando os caracteres que formam a palavra Kaeru (Kanji: 蛙. Hiragana: かえる. Katakana: カエル) , ensinando ao mesmo tempo que incentiva a progressão. Exclusivo ao Switch tem a opção de desenhar os caracteres usando a tela touch, instigando a imersão e o treinamento com o idioma, o que é muito legal.
Também existe uma mecânica que alia os efeitos com o período do dia e qual dia da semana dentro do jogo, mas essas ficam mais de lado e podem até dar um nó na cabeça com tanta informação. E esse pode ser, infelizmente, um dos pontos que pode assustar a maioria dos jogadores. Logo no começo do jogo, somos bombardeados com diversas perguntas para saber como queremos jogar (de forma casual, querer aprender ao mesmo tempo que joga, quão experiente o jogador é com o idioma…), o que é muito legal estar atento as demandas do público.
Mas aí começam os diversos tutoriais, alguns com até quatro páginas, explicando as mecânicas básicas e tudo pode ser, no mínimo, sufocante. Claro, podemos ver cada tela nas opções e, com o progresso, pegar no ritmo, mas receber tanta informação em tão pouco tempo pode causar muita ansiedade. Além disso, é meio chato que o jogo não tenha dublagem, com no máximo áudios de como se pronuncia os caracteres, mas sem falas para acomodar as frases.
Um belo projeto
Ao superar essas barreiras iniciais, no entanto, o jogador tem a disposição um produto que emana carinho, esforço e paixão. O design de Shujinko é muito bonito, remetente a desenhos clássicos japoneses que emanam um ar etéreo como se fossem pinturas na madeira ou papiro. Em especial, o design dos inimigos são muito legais, apresentando aparências intimidadoras, mas belas de olhar, como bonecos em movimento.No Switch, o jogo toda muito bem, com alguns serrilhados no modo portátil quando se explora alguma vila e nos momentos point and click, mas que continua muito bonito. Aliada a apresentação visual temos uma trilha sonora muito bem composta. São mais de 150 músicas, extremamente variadas e que progridem com o andar da aventura, também baseadas em instrumentos típicos japoneses como os icônicos taikos.
Acima de tudo, Shujinkou é um projeto de ambição e mais especialmente de amor. Do aviso de que o jogo não usou IA generativa no seu desenvolvimento ao inúmeros tutoriais e opções para melhor atender ao jogador (sendo a única ausência sentida é a falta do português brasileiro) e, principalmente, a dedicatória inicial a falecida mãe de Julian Rice, fundador do estúdio e único programador do jogo.
Shujinkou é uma das surpresas mais agradáveis do ano, ensinando um belo idioma mas sem parecer um produto simplesmente destinado a ser educativo, entregando uma trama rica, belíssimos visuais, trilha sonora bem feita e personagens carismáticos. Vire o protagonista desta história. Ou deveria dizer… Shujinkou.
Prós
- Excelente direção artística, com modelos de personagens bem feitos;
- Trilha sonora rica, com mais de 150 músicas marcantes;
- História longa e envolvente;
- Por si só um Dungeon Crawler de bastante qualidade;
- Proposta de jogabilidade e educação muito bem executada;
- Altíssima variedade de conteúdo para aprender e conhecer como costumes, pronúncias e imersão por tela touch.
Contras
- Ausência de português brasileiro pode afastar jogadores leigos ao inglês;
- Grande quantidade de tutoriais e mecânicas pode assustar e desmotivar.
Shujinkou — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Rice Games
