Um personagem inventado às pressas
Waluigi surgiu da necessidade. Durante o desenvolvimento de Mario Tennis para o Nintendo 64, a Camelot precisou de um parceiro para Wario nas partidas de duplas. Luigi já tinha Mario, e Toad ou Yoshi não se encaixavam no perfil de vilão trapaceiro e bufão que combinava com Wario.
Foi aí que o designer Fumihide Aoki criou Waluigi — um Luigi distorcido, magro demais, com membros compridos, voz estridente e uma aura de frustração constante. Seu nome vem da combinação de warui (悪い, “mau” em japonês) com Luigi, assim como Wario é o “warui Mario”.
Segundo Aoki, a ideia era criar alguém que fosse o oposto de Luigi em todos os sentidos — vaidoso, irritadiço e exagerado. O resultado foi um personagem que parecia uma caricatura ambulante, sua aparência tal como sua personalidade foram tão marcantes que acabou roubando os holofotes.
Do tênis aos corações dos fãs
Depois de Mario Tennis, Waluigi passou a aparecer com frequência nos spin-offs da franquia: Mario Kart, Mario Party, Mario Golf, Strikers e tantos outros. Ele virou figura obrigatória nas modalidades esportivas e nos jogos de festa, mas sempre à margem — nunca protagonista.
E foi justamente essa ausência que o transformou em uma piada. O público começou a enxergar em Waluigi o símbolo do “esquecido pela Nintendo”, o eterno coadjuvante que, apesar de sempre estar lá, jamais recebe o reconhecimento merecido.
Sua voz exagerada e suas expressões dramáticas ajudaram a consolidar uma imagem tragicômica: um vilão que quer brilhar, mas vive condenado ao segundo plano.
A ascensão do meme
Com o avanço da internet, Waluigi encontrou um novo palco: a cultura dos memes. A partir dos anos 2010, começaram a circular campanhas e montagens pedindo a entrada do personagem em Super Smash Bros., com o icônico lema “Justice for Waluigi”.
Quando Smash Bros. Ultimate foi lançado e ele apareceu apenas como Assist Trophy, o público reagiu com uma mistura de indignação e humor. O protesto virou piada global — e consolidou o personagem como um símbolo do azarado, do subestimado, daquele que nunca consegue o que quer.
Mais do que uma piada, Waluigi se transformou em um ícone da ironia moderna. Sua postura teatral, o jeito de reclamar de tudo e o fato de ser esquecido pela própria Nintendo acabaram o transformando em uma figura quase metalinguística — uma paródia da busca por protagonismo.
O charme do fracasso
Há algo de fascinante em Waluigi porque ele representa o fracasso com estilo. Ele é o vilão que nunca vence, o rival que nunca é levado a sério, o reflexo torto de um herói que já é coadjuvante. E talvez por isso tanta gente se identifique com ele.
Enquanto Wario conquistou jogos próprios e um legado como anti-herói ganancioso, Waluigi continua preso aos spin-offs, como se vivesse em um limbo entre o destaque e o esquecimento.
Mas seu carisma está justamente aí — na forma como ele faz pouco caso do próprio destino.
De certa maneira, Waluigi é o personagem mais humano do universo Mario: inseguro, dramático, ridículo e, ao mesmo tempo, impossível de ignorar.
O Atleta Técnico e Esguio
Apesar de sua figura esquelética, Waluigi é um atleta surpreendente, especializado em técnica, precisão e finesse, em contraste com a força bruta de seu habitual parceiro, Wario.
Ele não apenas corre, mas é capaz de invocar ciclones e até mesmo fazer surgir cipós espinhosos. E, devido à sua leveza, até nadar no ar.
Força das Pernas: suas pernas são seu maior trunfo. Ele é um ótimo saltador e possui uma força incrível que usa para chutar e pisotear oponentes.
Estatísticas: em Mario Kart, ele geralmente se enquadra nos pesos pesados, entretanto já foi classificado em outros pesos nos jogos anteriores. Já nos jogos de esportes, sua alta velocidade e desarme o tornam um jogador defensivo valioso.
Entre o mito e a saudade
Em fóruns e redes sociais, a frase “Waluigi Time!” virou grito de resistência — uma celebração de tudo o que é estranho, rejeitado e inusitado no mundo dos games.
Mais de vinte anos depois de sua estreia, Waluigi ainda é o mesmo: exagerado, teatral e subvalorizado. Mas o fato de ele nunca ter tido seu próprio jogo talvez seja parte do charme.
Porque, no fim das contas, Waluigi não precisa vencer para ser lembrado — ele já conquistou seu espaço como o coadjuvante mais carismático (e injustiçado) do Reino dos Cogumelos.
Revisão: Beatriz Castro
