Análise: Dragon Ball: Sparking! ZERO — o retorno explosivo da série Budokai Tenkaichi no Nintendo Switch 2

O clássico renasce com batalhas cinematográficas e energia, mas sofre com limitações técnicas na versão portátil.

em 22/11/2025

Dragon Ball: Sparking! ZERO marca o retorno triunfante da era Budokai Tenkaichi, agora renascida com o poder da Unreal Engine 5. Desenvolvido pela Spike Chunsoft e publicado pela Bandai Namco, o título chega como o “quarto” capítulo espiritual da famosa série, carregando o nome “Sparking!” que os fãs japoneses conhecem tão bem. Lançado originalmente em 11 de outubro de 2024 para outras plataformas, agora chegou ao Nintendo Switch e Switch 2 — e já jogamos para te contar tudo.

Sparking! ZERO

O jogo traz batalhas explosivas, visuais de cair o queixo e arenas que literalmente sentem o impacto de cada golpe. É a evolução de um clássico, pronta para reacender a nostalgia e elevar o padrão das lutas em 3D dentro do universo Dragon Ball. Com diversos modos e menus muito familiares ao tema, Sparking! ZERO traz o universo de Dragon Ball na telinha da família do Nintendo Switch — de Dragon Ball Z a Dragon Ball Super e o recente Daima através de suas expansões — sendo um prato cheio para o fã, como eu.

Contudo, diversos jogos foram lançados, como Xenoverse 2, Kakarot e FighterZ, e isso torna um pouco cansativo revisitar sempre as mesmas histórias. Pensando nisso, Sparking! ZERO traz uma forma diferente para sua campanha. Primeiro, você escolhe qual personagem quer para reviver as histórias, o que te leva apenas às batalhas em que ele participou — poupando dezenas de confrontos repetitivos. Entretanto, o mais significativo aqui é poder seguir outras linhas, mais parecidas com um “E se?”.

E isso acontece por sua própria escolha. Um exemplo bem bacana que segui e me surpreendeu foi decidir não me aliar ao Piccolo contra Raditz, o irmão de Goku no primeiro arco dos Saiyajins, levando Kuririn e cia comigo. Em determinado momento, as coisas mudaram nessa linha e o Goku acabou se transformando em Super Saiyajin na luta contra o Vegeta. Em outra rota, Goku não morre para Raditz e Freeza vem para a Terra — então nada de viajar para Namekusei.

Esses pontos de mudança ficam visíveis no mapa com um ícone de caminho duplo dentro de um círculo verde. Basta entrar no menu de objetivos durante a batalha e você verá o objetivo principal, que segue a história original, e o objetivo secundário, que te leva ao novo destino.

Menu rico da Bulma

O game conta com alguns modos bem interativos no menu inicial, muito bem estilizado e detalhado, já te imergindo no universo de Goku e cia. Detalhando os modos, temos o Modo Episódio, mencionado acima; a Batalha Personalizada, na qual você cria batalhas escolhendo personagens e regras — tudo do seu jeitinho — e ainda pode compartilhar online para outros jogadores experimentarem.

Seguindo as telas, chegamos à Batalha, que é o multiplayer, podendo jogar localmente ou online com partidas ranqueadas. Temos o Super Treinamento, que serve exatamente como o nome diz: aprender as muitas mecânicas de batalha; e o Torneio Mundial, no qual você participa de disputas ao estilo dos torneios do anime, tanto offline quanto online.

No terceiro menu, Goku se teleporta para o lar do Senhor Zen-Oh (o deus mais poderoso da obra), onde você recebe recompensas por conquistar diversos desafios enquanto joga — o sistema chamado Ordens do Zen-Oh. Exemplos incluem: alcançar duzentas vitórias, usar Vegeta cinquenta vezes, etc. As recompensas vão de tarjetas para personalizar seu cartão de jogador online às Esferas do Dragão, que falarei mais adiante.

O próximo menu traz a loja e a personalização do cartão de jogador e dos personagens. Aqui você pode comprar skins e personagens que ainda não liberou, além de itens para personalizar seu cartão de jogador. Existem muitas skins e itens que fortalecem seu personagem, lembrando as famosas cápsulas do anime/mangá. Seguindo o menu, temos a Enciclopédia, que mostra personagens, vozes e tudo o que você já liberou, além dos seus recordes e replays.

Por último, temos o acesso para invocar os poderosos dragões: Shenlong, Porunga e o Super Shenlong, que oferecem desejos como dinheiro, aumento do nível de jogador, desbloqueio de skins e outros pedidos. Ufa, acabou!

Soco na cara e Kamehameha

Como em um bom game de Dragon Ball, podemos escolher entre centenas de personagens — e não são apenas skins. Cada Goku do jogo possui suas próprias técnicas, o que o torna único. Ainda assim, você pode levar o Goku de Dragon Ball Super na forma base e fazer as transformações no meio da luta, e é incrível, pois cada personagem e transformação tem sua própria animação. E que fique claro: são algumas das animações mais lindas que já pude ver em jogos de anime/mangá, das expressões aos poderes. Um simples movimento de recuperar o Ki já mostra o nível de detalhe e conhecimento da obra.

Há ainda uma gama de estratégias e escolhas dentro da batalha. Além das técnicas e transformações, podemos executar habilidades de suporte, como o Taioken (que deixa o inimigo temporariamente cego), ou o Kaioken (que dá buffs de força ou até teleporte). Contudo, essas técnicas exigem tempo para carregar os pontos de técnica, sendo possível ver tanto o carregamento quanto a quantidade acumulada (no menu abaixo dos pontos de vida). E claro, existe o ataque principal que dá nome ao título: o Sparking!

Para usar o modo Sparking, é necessário ter pelo menos um ponto de técnica e carregar o Ki ao máximo, quebrando limites e explodindo em poder avassalador. Nesse estado, seus combos mudam, você fica mais forte e rápido, e ainda libera seu ataque mais poderoso. Porém, é temporário — então não esqueça de aproveitar o Sparking antes que ele acabe. Pude conferir diversas animações incríveis e muito bonitas ao estilo Dragon Ball, e esse já é meu jogo preferido da franquia. Ainda assim, precisamos falar sobre seus problemas.

Existem ainda as batalhas contra personagens gigantes, como o Ozaru Vegeta (a forma de macaco gigante) e o Piccolo gigante, entre outros. Esses confrontos oferecem um gameplay diferenciado — e, inclusive, bem mais desafiador — adicionando uma camada extra de variedade às lutas.

Explodindo a sua tela

É incrível como esse game traz tudo o que os títulos Budokai tinham e mais, deixando toda a jogatina especial e imersa no mundo de Dragon Ball. Seja participando dos torneios e sendo derrotado ao cair para fora da plataforma, ou em batalhas até um ficar sem energia, Sparking é um jogo completo quando falamos de batalhas, poderes e transformações. Mas o título possui falhas — e focando na versão que pude analisar, a do Nintendo Switch 2, algumas coisas precisam ser ditas.

Falando em performance, o game roda muito bem nas batalhas: é fluido e as quedas são ocasionais, sem comprometer a jogatina. O mesmo não posso dizer dos menus e telas da campanha, que apresentam quedas constantes de quadros, algo bem esquisito.

Na parte visual, as coisas complicam um pouco mais: seja no modo campanha, com pequenas cutscenes em baixa resolução, seja na forma como a história é contada por imagens estáticas na maior parte da campanha — o que me deixou decepcionado.

Nas batalhas, é fácil perceber que o game utiliza resolução dinâmica, com quedas nos momentos mais caóticos, tanto no modo portátil quanto no modo dock. É claro que concessões são esperadas quando comparado às plataformas mais poderosas, mas ainda assim espero por um patch que otimize a resolução dinâmica e a qualidade das texturas, que, apesar do estilo cel shading, apresentam baixa definição em diversos momentos, tanto nos personagens quanto nos cenários. Parece até simular uma retícula de mangá — mas não é proposital, já que nas versões mais robustas isso não acontece.

O jogo também traz de volta o modo de movimentos com sensores dos Joy-Con, recriando aquela experiência mais física e divertida dos títulos anteriores que já exploravam esse recurso. A detecção funciona surpreendentemente bem, permitindo até momentos bem legais como simular um autêntico Kamehameha com as mãos. Porém, apesar do charme inicial e da precisão dos comandos, o modo perde o impacto rapidamente — é daquelas ideias que impressionam nas primeiras partidas, mas não se sustentam por muito tempo. Mesmo assim, continua sendo um extra curioso e bem implementado para quem gosta de brincar com a imersão.

O título ainda acerta em cheio na parte sonora, trazendo uma trilha digna de qualquer fã de Dragon Ball — incluindo a icônica abertura de Dragon Ball Super, Limit Break x Survivor. O jogo também oferece dublagens em inglês e japonês, enquanto as legendas chegam totalmente localizadas para o nosso idioma, garantindo uma experiência ainda mais completa para o público brasileiro.

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Dragon Ball: Sparking! ZERO possui expansões que já podem ser compradas, trazendo diversos conteúdos como cenários, personagens e bônus. Aproveitando o filme Dragon Ball Super: Super Hero, o game adiciona transformações poderosas como Gohan Beast e Piccolo Laranja, além dos androides Gamma 1 e 2. O segundo pacote conta com eventos de Dragon Ball Daima, trazendo versões infantis de Goku e Vegeta com suas transformações inéditas. Já o último pacote adiciona Goku Super Saiyajin 4 adulto, Vegeta Super Saiyajin 3 e vários vilões do anime.

No geral, é um banquete para os fãs que acompanham as novidades recentes da franquia — ainda que faltem conteúdos do mangá mais atual, como as novas formas de Vegeta, Freeza e outros personagens, possivelmente por barreiras de direitos e licenciamento. Um detalhe curioso é a previsão de lançamento dessas expansões no Switch: enquanto já estão liberadas em outras plataformas, no híbrido da Nintendo elas só chegam em 31 de maio de 2026, um atraso de quase seis meses.

Shelong, realize o meu desejo

Dragon Ball: Sparking! ZERO é um retorno poderoso e vibrante da série Budokai Tenkaichi, entregando combates insanos, transformações espetaculares e um modo campanha cheio de possibilidades que renovam a experiência clássica. A versão de Nintendo Switch 2 apresenta limitações visuais e quedas ocasionais, especialmente nos menus e na contação da história, mas ainda assim oferece batalhas fluidas e divertidas.

Para os fãs de Dragon Ball — especialmente aqueles que cresceram com Tenkaichi —, Sparking! ZERO é um sonho realizado. Imperfeito, mas épico na medida certa.

Prós

  • Combates fluidos e cinematográficos;
  • Animações e transformações impecáveis;
  • Campanha com rotas alternativas que renovam a experiência;
  • Variedade enorme de personagens e modos;
  • Legenda em nosso idioma;
  • Trilha sonora impactante;
  • Conteúdos extras interessantes na expansão.

Contras

  • Quedas de desempenho nos menus e campanha;
  • História apresentada de forma simples, com imagens estáticas;
  • Resolução dinâmica e texturas fracas no Switch 2;
  • DLCs chegam atrasados no console da Nintendo.

Dragon Ball: Sparking! ZERO — PC/PS5/XSX/ Switch/ Switch 2 — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Nintendo Switch 2
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

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Leandro Alves
Leandro Alves é designer gráfico formado e especialista em Design Estratégico pela Unicarioca, além de UX Designer com formação pela ESPM e pela escola britânica Design Institute. Diretor Geral, Diretor Editorial e Diretor de Arte das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou sua paixão por videogames com The Legend of Zelda: A Link to the Past. Fã da Nintendo, mas sem esconder sua admiração pelo PlayStation, tem como séries favoritas Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Xenoblade Chronicles. Está no Instagram e Twitter.
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