Análise: Two Point Museum – uma aula de gestão divertida e caótica

Estratégia e caos se misturam na gestão criativa de museus, mas a falta do modo mouse pode prejudicar a experiência.

em 09/11/2025

Você, meu amigo empreendedor que está lendo, posso dizer que eu te entendo agora. Gerir uma empresa não é nada fácil, e Two Point Museum me colocou exatamente na pele de quem vive esse desafio diariamente. Gestão, desmotivação de funcionários, demissões, conflitos, roubos, controle financeiro, decisões estratégicas… tudo isso está aqui.


O novo título da Two Point Studios nos coloca no comando de um museu no condado de Two Point, que começa completamente vazio. O objetivo é simples: realizar expedições para encontrar artefatos arqueológicos e exibi-los em seu museu.

Mas administrar o lugar vai muito além de expor peças. É preciso contratar e coordenar equipes, controlar finanças e lidar com imprevistos. Arqueólogos cuidam das descobertas e participam das expedições, assistentes vendem ingressos e atendem na loja de presentes, seguranças protegem o museu de roubos e vandalismos, e zeladores cuidam da manutenção — afinal, quando o banheiro quebra, alguém precisa consertar.

Gestão, motivação e estratégia

Manter o museu funcionando exige organização e planejamento financeiro. É necessário pagar salários, investir em melhorias e, ao mesmo tempo, não gastar tudo em expedições.

Essa foi minha primeira experiência com um jogo de gerenciamento, e confesso que comecei com um certo pré-conceito — achei que seria repetitivo. Mas fui surpreendido positivamente: o jogo é envolvente, dinâmico e, acima de tudo, recompensador.


Durante a campanha, você é responsável por três museus, cada um com um tema e desafios próprios. Evito spoilers aqui, mas posso dizer que cada museu tem seu estilo único e muitas peças a descobrir. Os mapas são liberados gradualmente conforme as missões avançam, e novas áreas podem ser desbloqueadas ao contratar ou treinar funcionários com habilidades específicas.

Alguns artefatos, como esqueletos de dinossauros, são montados em partes, o que exige várias expedições até completar a exposição. É um sistema que incentiva o progresso constante e mantém o jogador motivado.

Cada museu tem um “mapa específico”, mas o legal é que você não fica preso só a ele. Dá pra usar o mapa de outro museu para fazer expedições e misturar equipes de arqueólogos com diferentes especializações. Isso aumenta bastante o número de peças que você pode encontrar — e acredite, tem muita coisa mesmo para exibir. Dá vontade de colecionar tudo.

Funcionários com personalidade

Um dos elementos bem desenvolvidos de Two Point Museum é o sistema de funcionários. Você pode contratar, demitir e treinar, além de ajustar salários conforme evoluem. Cada funcionário possui personalidade e habilidades treináveis, o que adiciona uma camada estratégica à gestão.

Por exemplo, um assistente com a habilidade de “talento em admissão” e uma personalidade animada pode ajudar a vender mais ingressos. Mas o inverso também é verdadeiro: funcionários cansados ou irritados trabalham mal, e podem até pedir demissão se não forem tratados adequadamente.

Para evitar isso, o jogo permite criar salas de descanso com regalias e conforto — um detalhe simples, mas que adiciona realismo e humanidade à simulação. Essa dinâmica dá vida ao museu e mostra como cada decisão de gestão pode impactar diretamente no resultado.

Um jogo feito para o PC — e isso se nota

Nem tudo, porém, é perfeito. É evidente que Two Point Museum foi desenvolvido pensando no PC. No Nintendo Switch 2, a ausência do modo mouse prejudica um pouco a experiência. A movimentação da câmera, o zoom e a seleção de ambientes são claramente mais confortáveis com o mouse do que com os analógicos do Joy-Con. É uma limitação que poderia ter sido facilmente corrigida, já que o recurso seria muito bem-vindo na plataforma.

Por outro lado, o jogo chega legendado em português, o que é ótimo, especialmente porque há muito texto durante a jogatina, desde as missões até as descrições dos funcionários e das peças. No entanto, a falta de dublagem em português pesa mais do que parece. As vozes do rádio dentro do jogo trazem informações importantes, como alertas sobre salas sem funcionários, banheiros quebrados ou eventos especiais.

Sem tradução de áudio, essas dicas acabam se perdendo, pois as legendas aparecem ao mesmo tempo que muitos eventos acontecem na tela, o que dificulta acompanhar tudo. Em um momento, inclusive, deparei-me com um pequeno bug: durante uma cena dublada, a legenda simplesmente desapareceu. Foi algo pontual, mas que merece registro.

Two Point Museum também recebeu o Upgrade Edição de Explorador e a DLC do Sonic, ambos focados em itens “cosméticos”. Eles adicionam roupas temáticas para os funcionários, novos itens de decoração desbloqueáveis com Kudosh — a segunda moeda do jogo, obtida ao completar missões do álbum de figurinhas — e objetos extras para vender na loja de presentes. Nenhum desses conteúdos oferece vantagens na jogabilidade, servindo mais como elementos visuais e de personalização.

Um jogo viciante

Apesar desses detalhes, Two Point Museum foi uma grata surpresa. A jogabilidade é intuitiva, o tutorial é claro e o ritmo do jogo é divertido e envolvente. É fácil perder horas gerenciando, expandindo e decorando seu museu — o que é um excelente sinal para o gênero. Mesmo com pequenas falhas, nada atrapalha a diversão, que é o coração da experiência.

Para quem é novato em jogos de simulação e gestão, Two Point Museum é uma excelente porta de entrada, tudo isso com o humor e charme característicos da Two Point Studios. Se você sempre quis saber como é lidar com equipe, orçamento e estratégia… prepare-se: o museu te espera.

Prós

  • Jogabilidade envolvente, dinâmica e recompensadora; o sistema de progressão motiva você a continuar jogando;
  • Variedade de museus e desafios bem diferenciados, tendo liberdade para explorar várias peças de diferentes mapas;
  • Legendado em português;
  • Humor e identidade marcantes da Two Point Studios.

Contras

  • Controles nos Joy-Con são menos práticos para se usar, a ausência do modo mouse incomoda;
  • Falta de dublagem em português prejudica a imersão, pois as legendas são difíceis de acompanhar em certos momentos;
  • Pequeno bug de desaparecimento de legendas;
  • DLCs servindo apenas como elementos visuais, não adicionando muita coisa diferente no jogo.
Two Point Museum - Switch 2/PC/PS5/XSX - Nota: 7.5 
Versão utilizada para análise: Switch 2
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sega 
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Renzo Raizer
Um entusiasta do universo Nintendo, com especial interesse pelas franquias Pokémon, Mario e The Legend of Zelda. No Nintendo Blast, compartilha notícias, análises, opiniões e curiosidades com um olhar dedicado ao público nintendista, sempre buscando unir informação e paixão pelo mundo dos games.
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