A série Tomb Raider sempre ocupou um espaço especial na história dos videogames. Desde sua estreia em 1996, Lara Croft se tornou não apenas um ícone pop, mas também um marco para jogos de ação e exploração. Ao longo dos anos, a franquia passou por altos e baixos, reformulações e tentativas de modernização, e foi só em 2013, com o reboot, que ela realmente encontrou uma nova identidade. Agora, esse mesmo reboot chega ao Nintendo Switch com Tomb Raider Definitive Edition, marcando um momento importante: a possibilidade de jogar a origem dessa nova Lara de forma portátil.
A jornada emocional de Lara
Esse reboot é particularmente bem-feito, especialmente em como narra a jornada de Lara. A história se alterna entre o presente, após o naufrágio na ilha de Yamatai, e gravações feitas pela própria equipe antes da expedição. Esses “flashbacks”, que na verdade são vídeos documentais da tripulação, ajudam a estabelecer quem são aqueles personagens e como suas relações com a protagonista se formaram. Aos poucos, vemos ela como alguém ainda com bastante dúvidas, porém mentalmente preparada para algo maior, com menções sutis à influência de seu pai em sua vida.
No aspecto de sobrevivência, Tomb Raider mostra o porquê esse reboot funciona tão bem. Você está isolado em Yamatai, sem recursos, sem equipamentos e, muitas vezes, sem ninguém por perto. É preciso coletar suprimentos, aprimorar armas e comprar habilidades que realmente fazem diferença. O instinto de sobrevivência de Lara, aquele “pulso” visual que destaca inimigos e itens importantes, é uma ferramenta bem integrada, ajudando na exploração sem jamais quebrar totalmente a imersão.
Essa coleta constante de materiais também alimenta o sistema de progressão. Além de oferecer experiência para melhorar suas habilidades, os artefatos encontrados destravam diários e pequenas histórias paralelas que enriquecem o mundo. A customização permite deixar a personagem mais focada em combate, furtividade ou sobrevivência, dependendo do seu estilo de jogo. É uma progressão simples, mas eficiente, especialmente para um jogo lançado originalmente há mais de uma década.
O Peso de Sobreviver em Yamatai
Outro ponto forte é como o game passa a sensação de vulnerabilidade. Você realmente se sente fraco, machucado e indefeso, exatamente como Lara está após o naufrágio. O jogo reforça isso tanto na narrativa quanto na jogabilidade. Tudo é pesado, doloroso, sujo, perigoso; cada queda parece doer, cada luta aparenta estar à beira do desespero. É uma abordagem muito diferente da Lara super-heroica dos anos 2000, e funciona.
O controle da protagonista também contribui bastante para essa imersão. Lara se move com fluidez: corre, salta, se esquiva, escala e atira de forma natural. O design das fases favorece sessões de parkour, trechos de furtividade e escaladas tensas, que se encaixam organicamente na habilidade recém-descoberta de sobrevivente da personagem. Mesmo no Switch, a essência do gameplay continua sólida.
No quesito gráfico, há escolhas curiosamente positivas. A água, por exemplo, está surpreendentemente boa para o hardware do Switch, e o impacto visual dos cenários durante as tempestades foi mantido com mais fidelidade do que seria possível imaginar. Há momentos de chuva torrencial em que a atmosfera permanece tão pesada e impressionante quanto nas versões mais poderosas do jogo.
O Desempenho da Versão Portátil
Porém, o port não sai ileso. Em algumas cenas, a animação da Lara tremendo parece mais um glitch do que uma reação natural ao frio, quebrando a imersão em momentos dramáticos. Além disso, há falhas graves: certos quick time events simplesmente não mostram quais botões devem ser apertados, o que prejudica trechos que já eram tensos no original.
Os modelos faciais também não ajudaram. Em algumas cutscenes, certos rostos chegam a parecer inacabados, com expressões rígidas e pouco naturais. Isso tira muito da emoção que deveria ser transmitida, principalmente considerando que esse reboot aposta fortemente na jornada emocional da protagonista e em seus laços com a equipe.
Para fechar, ainda há o problema dos Joy-Cons: a mira não é tão precisa quanto o jogo exige em cenas de ação mais frenéticas. Sequências que pedem reflexo rápido e precisão acabam frustrantes, não por causa da dificuldade em si, e sim por limitações do controle no console. No geral, Tomb Raider Definitive Edition no Switch é um port importante, cheio de significados para a história da franquia e, apesar de tropeços, jogar essa aventura no portátil ainda vale à pena.
Prós
- Boa construção da protagonista;
- Ótima sensação de fragilidade;
- Gameplay fluido.
Contras
- Modelos faciais inconsistentes;
- Problemas de precisão;
- Quick time events falhando em mostrar os botões.
Tomb Raider Definitive Edition — PC/PS4/Xbox One/Switch/Switch 2 — Nota: 7Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aspyr






