Meus jogos favoritos de 2025 — João Pedro Vale

Os redatores do Nintendo Blast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 20/12/2025

2025 foi um ano especial para mim como jogador e, principalmente, como redator: foi o meu primeiro ano escrevendo para o Nintendo Blast, e nada mais justo do que celebrar essa estreia falando dos jogos que mais me marcaram no Nintendo Switch. Entre lançamentos aguardados, surpresas inesperadas e aquelas experiências que simplesmente não largaram da minha cabeça, esses títulos acompanharam não só minhas horas de diversão, mas também meu começo nessa jornada de escrever sobre videogames para um site que admiro há muito tempo.

Inazuma Eleven Victory Road

Anunciado originalmente para 2018, Inazuma Eleven Victory Road só foi finalmente lançado em 2025 após um desenvolvimento conturbado por parte da Level-5. A espera, no entanto, valeu a pena. O jogo se consolidou como o título mais completo de toda a franquia, oferecendo cerca de cinco mil personagens para montar seu time de futebol. Além da campanha principal, há o “modo Crônica”, que permite reviver (de forma mais resumida) a história de todos os jogos anteriores da série, algo raro e impressionante dentro do gênero RPG.



O modo história também merece destaque por ser extremamente cativante. O protagonista, arrisco dizer, é o melhor da franquia, graças a um dilema central que o diferencia dos heróis anteriores e à forma sensível como sua relação com o futebol é construída. Sua dinâmica com o principal rival é especialmente marcante: apesar de terem origens e motivações muito diferentes, ambos compartilham jornadas que se refletem uma na outra de uma forma diferente de outras histórias típicas de “anime de esporte”, criando uma relação bonita e significativa, em que cada um aprende e cresce a partir do outro.

Pipistrello and the Cursed Yoyo

Pipistrello and the Cursed Yoyo é uma das surpresas mais criativas do ano no Nintendo Switch, combinando ação no estilo top-down com puzzles e humor ácido numa aventura que mistura crítica social e design inteligente. Você assume o papel de Pipistrello, um herói improvável cuja tia tem sua alma aprisionada em um ioiô amaldiçoado, e parte para enfrentar figuras poderosas em uma metrópole cheia de personalidade. O jogo se destaca por sua narrativa bem escrita (com texto original em português e repleto de referências culturais) e por colocar o jogador frente a decisões que afetam recursos e progressão, em um mundo cheio de charme retrô e desafios engenhosos.



Na jogabilidade, o ioiô é o protagonista: usado tanto para combate quanto para solucionar quebra-cabeças e explorar o mundo, ele torna cada área uma experiência dinâmica e criativa. A movimentação inspirada nos clássicos de 16-bit pode parecer rígida no início, mas logo se revela parte essencial do design, já que cada sala e cada desafio foram pensados em torno dessa proposta única. O jogo entrega um pacote generoso de exploração, batalhas vibrantes e humor brasileiro por um preço acessível, mostrando o potencial da cena indie nacional em produzir experiências que rivalizam com grandes títulos do gênero.

Citizen Sleeper 2: Starward Vector

Citizen Sleeper 2: Starward Vector leva adiante a proposta narrativa e filosófica do primeiro jogo, expandindo o universo com uma história que se sustenta por si só sem depender do conhecimento prévio. No Switch, a experiência traz um ritmo envolvente de RPG narrativo baseado em escolhas e gestão de recursos, no qual o jogador lida com as implicações de ser um Sleeper, uma consciência em um corpo sintético, em um mundo cyberpunk brutal e desigual. A adição de uma pequena tripulação e da gestão de uma nave espacial enriquece a interação com personagens e situações, aprofundando temas como identidade, liberdade e sobrevivência em um universo que equilibra esperança e desespero. 



A jogabilidade mantém a estrutura baseada em rolagens de dados para decisões diárias, com momentos de estratégia que envolvem não apenas o protagonista, mas também membros da tripulação que você escolhe ao longo do caminho. Apesar de alguns problemas técnicos no Switch (como textos pequenos no modo portátil e bugs pontuais) a narrativa permanece o grande trunfo do título, oferecendo uma experiência rica em temas sociais e existenciais. Starward Vector é um exemplo de como um RPG voltado à reflexão pode ser cativante e profundo, especialmente para quem aprecia histórias humanas em um contexto futurista.

Shuten Order

Shuten Order é uma verdadeira experiência híbrida que funde visual novel, escape room, dating sim e aventura de terror em uma só narrativa. Você vive como Rei Shimobe, uma personagem que assume uma identidade falsa dentro da misteriosa Ordem Shuten para investigar o próprio assassinato, auxiliada por dois “anjos” com personalidades contrastantes. Cada departamento da Ordem oferece uma rota de investigação distinta, variando estilos de gameplay e trazendo variedade impressionante à medida que a história avança. 



A direção de arte vibrante e única é um dos pontos altos do jogo, com paletas de cores e designs que capturam a atenção e ajudam a imergir o jogador em um mundo visualmente expressivo. A escrita é sensível e representativa, especialmente nas narrativas de personagens LGBTQIA+, conferindo profundidade a temas como trauma, autoaceitação e identidade. Apesar de alguns puzzles terem dificuldade irregular e a localização em inglês apresentar falhas, a força da história e a originalidade da proposta fazem de Shuten Order uma experiência memorável e recomendada para quem busca narrativas complexas e ousadas.

Trails in the Sky 1st Chapter

Trails in the Sky 1st Chapter redefine o que significa começar uma jornada clássica de RPG no Nintendo Switch, apostando em ritmo deliberadamente paciente e construção meticulosa de personagens e mundo. Ao acompanhar Estelle e Joshua Bright em seus primeiros passos como Bracers, defensores da paz e auxiliares dos cidadãos, o jogador é convidado a absorver a lore e as nuances do Reino de Liberl com calma, apreciando cada diálogo, missão e descoberta. Essa abordagem torna cada encontro significativo, transformando o simples ato de explorar em uma experiência marcante e humana. 

No sistema de batalha, o jogo equilibra profundidade tática com fluidez, permitindo ao jogador usar estratégias tanto na exploração quanto nos combates por turnos. Mecânicas inteligentes, como o dano extra a inimigos de nível inferior, agilizam os encontros sem tirar o senso de desafio. Embora o remake mantenha algumas limitações visuais, como a falta de variação estética nas armas ou modelos menos polidos para certos NPCs, essas imperfeições são pequenas diante da narrativa rica e da conexão emocional cultivada com os personagens. Trails in the Sky 1st Chapter é, sem dúvida, uma introdução essencial à série e uma joia para quem valoriza RPGs com coração e profundidade.

No fim das contas, sinto que cada um desses jogos representa um motivo diferente pelo qual 2025 foi um ano tão marcante no Switch para mim: Inazuma Eleven Victory Road mostrou como uma franquia pode se reinventar e entregar sua versão mais completa; Pipistrello and the Cursed Yoyo provou a força da criatividade e identidade do cenário indie brasileiro; Citizen Sleeper 2: Starward Vector reforçou o poder de narrativas maduras e reflexivas dentro dos RPGs; Shuten Order ousou ao misturar gêneros e contar uma história intensa e visualmente impactante; e Trails in the Sky 1st Chapter relembrou o valor de uma jornada clássica bem construída, focada em personagens e mundo. Juntos, esses jogos não só definiram meu ano como jogador, mas também marcaram meu primeiro passo escrevendo sobre algo que amo para o Nintendo Blast.

Revisão: Vitor Tibério
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João Pedro Vale
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